Em meio ao intenso fogo na Amazônia, jagunços pioram a situação incendiando Ocupação Marielle Franco
Grileiros da “fazenda palotina” atearam fogo na casa de liderança da Ocupação Marielle Franco, sul do Amazonas, e o fogo se alastrou a plantações de moradores. O exército e a Polícia Federal estavam presentes na fazenda e ignoraram todos os pedidos de ajuda e assumiram uma postura de cúmplice.
Por Redação
Grileiros da “fazenda palotina” atearam fogo na casa de liderança da Ocupação Marielle Franco, sul do Amazonas, e o fogo se alastrou a plantações de moradores. Diversos veículos do exército e da Polícia Federal estavam presentes na fazenda e ignoraram todos os pedidos de ajuda e assumiram uma postura de cúmplice.
O incêndio criminoso foi feito por jagunços durante a manhã do dia 27/08, a mando dos grileiros Sidney Sanches Zamora e seu filho. Foram encontrados evidências de ação humana próximo à casa e rastros das botas dos jagunços na direção da fazenda logo após o início dos incêndios. Nenhuma pessoa se feriu, mas um cão de estimação foi morto no incêndio que deixou muitos estragos materiais e se alastrou a comunidade por vários dias.
Esse foi só mais um passo dentro da perseguição que fazendeiros vem fazendo na busca de expulsar os moradores da Ocupação Marielle Franco e roubar as terras.Também acredita-se que o fogo foi causado para incriminar os moradores e o colocarem como responsáveis por crimes ambientais.
Em uma recente matéria do Em Defesa do Comunismo, abordamos a luta dos moradores da ocupação Marielle franco contra as agressões feitas pela quadrilha de grileiros. Em fevereiro, após a comunidade denunciar a extração ilegal de madeira, o fazendeiro enviou seu “jagunços” que torturaram quatro moradores, quase levando um deles a morte.
Após denúncias infundadas, o líder da comunidade, Paulo Sérgio, foi preso com a determinação do juiz Danny Rodrigues Moraes, da 1ª Vara da Comarca de Lábrea. Paulo ficou 51 dias detido e sendo submetido a péssimas condições. Ele continua em prisão domiciliar, fora da ocupação. Os grileiros no decorrer do último mês usaram drones para vigiar a comunidade.
Após atearem fogo na ocupação, foi avistado no dia 29/08 e 30/08 uma movimentação de cerca de 20 veículos do exército, polícia federal e ambulância na fazenda dos grileiros. Os moradores relatam que sentiram esperança de que se tratava de uma operação contra o fazendeiro. Fizeram pedidos de ajuda, por segurança contra ataques e por ajuda para apagar o incêndio criminoso, mas não foram atendidos pelos órgãos do estado que dessa forma assumiram sua cumplicidade.
Há muito tempo que o fazendeiro usava de seu poder econômico para subjugar diversos órgãos do estado, como todos os capitalistas fazem. Os moradores apontam que é comum o grileiro dar festas com churrascos para os policiais da região que, na prática, atuam como seus jagunços. A fazenda também já foi usada como “base” e acolhimento para esses órgãos lançarem operações em comunidades próximas, retornando uma prática já conhecida: a fazenda sempre se fez como ponto de “banquetes” das forças de segurança, mesmo que seus donos sejam investigados por grilagens de terra e perseguição.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos de Parintins(Am) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT-AM) escreveu pedindo ao Ministério Público Federal celeridade para prestação de ajuda aos moradores e denunciando todos os crimes sofridos nos últimos anos. Porém, o estado segue sendo omisso. Ninguém da Fazenda Palotina recebeu nenhuma punição pelos seus crimes de violência contra a comunidade, a posse ilegal de armas praticadas intensamente e nem os crimes de grilagens de terras.
Essa situação demonstra um exemplo sobre quem o Estado brasileiro e sua justiça serve: aos mais ricos. Enquanto mantém um camponês preso sem apresentar provas e com denúncias infundadas, estabelece relações fraternas com fazendeiros responsáveis por vários crimes, alguns testemunhados e gravados por moradores e os direitos humanos e outros indicados pelo INCRA, como o crime de grilagem.
A liderança continua em prisão domiciliar e até o momento nem ele e nenhum membro da comunidade foi ouvido pela justiça. Os moradores exigem a liberdade urgente de Paulo e pedem investigações e punições urgentes aos causadores do incêndio criminoso na casa dele e sua expansão que causou vários danos, incluindo a destruição de mais de 1000 pés de banana.