Em meio ao genocídio palestino, Brasil aumentou exportação de petróleo bruto para Israel

Mesmo com a campanha brasileira pelo embargo, o Estado brasileiro mantém relações comerciais que possibilitam a continuidade do genocídio do povo palestino.

Em meio ao genocídio palestino, Brasil aumentou exportação de petróleo bruto para Israel
Navio-plataforma FPSO Ilhabela, construído no estaleiro Brasa, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação/Ministério do Planejamento.

Por Redação

Segundo dados do Governo Federal, o Brasil fechou o ano de 2024 com US$337 bi em exportações e crescimento de 3,3% na corrente de comércio, que chegou a US$599,5 bi. O governo comemora o aumento de 3,3% na corrente de comércio brasileira em 2024, alegando que os dados demonstram maior integração do país à economia global. A expansão das exportações no setor da Indústria Extrativa se dá pelo comércio de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus (3,7%). Esse dado poderia ser um bom indicativo da economia brasileira, se o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva não mantivesse relações comerciais com o Estado genocida de Israel.

No ano de 2023, a corrente de comércio do Brasil chegou a US$2,013 bilhões, com exportações e importações brasileiras atingindo, respectivamente, US$661 milhões e US$1,352 bilhão. Os principais produtos responsáveis por esses números foram óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus, responsáveis por 21% das vendas. Em contrapartida, o Brasil importa principalmente em adubos ou fertilizantes químicos, exceto fertilizantes brutos, com 45%, seguidos por inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes (com 11%) – uma relação que favorece o agronegócio brasileiro.

A relação de Brasil com Israel se mantém normalizada no setor comercial mesmo após o Tribunal Popular do G20 Social ter julgado o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza e, em seguida, ter condenado o Estado colonialista por quatro grandes crimes contra os povos do mundo. Rula Shadeed, advogada palestina, responsável por apresentar essa causa perante o júri popular do G20 Social alega que o governo brasileiro pode ser considerado cúmplice do crime de genocídio, caso mantenha a exportação de petróleo para Israel.

É importante ressaltar que, historicamente, petróleo é uma questão sensível para Israel. Por causa da questão energética, Israel se opõe a solução liberal de dois Estados, amplamente defendida dentro das Nações Unidas. A Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) estimou que as reservas de gás natural na Bacia do Levante, em frente à Faixa de Gaza, possuem 122 trilhões de pés cúbicos de gás natural a um valor líquido de US$453 bilhões (a preços de 2017) e 1,7 bilhão de barris de petróleo recuperável a um valor líquido de cerca de US$71 bilhões. Dessa forma, são US$524 bilhões em combustíveis que deveriam ser compartilhados com os palestinos. Porém, é importante ressaltar que, de acordo com o estudo da OIES, Israel passou de uma condição completamente dependente de combustíveis importados para produzir quase 50% da energia que necessita, chegando a 21,9 bilhões de metros cúbicos (bmc) em 2022, como aponta a Agência Brasil. Caso o Estado palestino independente fosse reconhecido, Israel teria que repartir receitas de petróleo e gás estimadas em mais de meio trilhão de dólares – enquanto atualmente, a exploração no Mar Mediterrâneo, em frente à Faixa de Gaza, tem sido feita exclusivamente por Israel.

Dessa forma, os dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil - AEB sobre o petróleo terminar em 2024 com um nível recorde de exploração não são um dado a se comemorar, vide o financiamento do genocídio palestino que ele representa. Apenas de janeiro até outubro, a exportação de petróleo nesses meses somou US$38,29 bilhões, 10,6% a mais que em igual período de 2023.

Vale ressaltar que a alta do petróleo está diretamente relacionada ao genocídio palestino. De acordo com a CNN, o petróleo cai com correções conforme o cessar-fogo em Gaza avança. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2024 fechou em queda de 1,20% (US$0,93), a US$76,37 o barril, enquanto o Brent, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,34% (US$1,09), a US$79,92 o barril – tudo isso num momento que era discutido um acordo de cessar-fogo em Gaza.

Assim sendo, não é passível de dúvidas: manter as relações comerciais, em especial a venda de petróleo, com o Estado colonialista de Israel significa ser cúmplice do genocídio palestino.