'Em defesa do Coletivo Agrário Gregório Bezerra' (Rafael Moreira Neves)

Os comunistas devem pautar defesa da frente campesina e do Poder Popular, sem abster ou interferir no programa pela revolução socialista, combatendo o hegemonismo, oportunismo e a conciliação.

'Em defesa do Coletivo Agrário Gregório Bezerra' (Rafael Moreira Neves)
"Nota-se o reboquismo pecebista quando entregam a responsabilidade da luta pelo direito à terra agrária e urbana para a frente sindical partidária, a Unidade Classista."

Por Rafael Moreira Neves para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas,

A crise social de longa data e aprofundamento do nosso país mostra o seu aspecto mais brutal no Brasil rural, onde milhares de homens e mulheres estão sujeitos à hiper-exploração (se não à escravatura), deportação e assassinato por forças legais e ilegais. Pilhas de cadáveres e crimes amontoados em todos os cantos do nosso território a mando dos latifúndios.

O interior do Brasil vê o aumento dos conflitos fundiários, resgates de trabalho escravo e assassinato, segundo dados do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

No primeiro semestre de 2022 ocorreram um total de 759 conflitos rurais no Brasil, envolvendo 113.654 famílias, incluindo conflitos fundiários (601 casos), conflitos hídricos (105 casos), conflitos trabalhistas (41 casos de trabalho escravo e 1 casos de sobre-exploração), conflitos durante secas (10 casos) e conflitos em áreas mineiras (1 caso).

Segundo a CPT, "de Janeiro a Junho de 2022, dos 601 incidentes de conflito de terras, 554 estavam relacionados com violência contra famílias e/ou pessoas, 45 estavam relacionados com ocupação/recaptura e 2 estavam relacionados com acampamentos. 2021 Em 2017, houve ocorreram 549 incidentes de violência contra famílias e/ou pessoas, 19 dos quais envolveram a ocupação/reintegração de posse de bens e 2 dos quais envolveram acampamentos.”

Não é novidade que a Amazônia legal é o alvo preferencial dos proprietários de terras, respondendo por mais da metade do total de conflitos rurais registrados. A região, atormentada pelos decretos liberais e pela inação dos militares, também viu 33 assassinatos em 2022, 25 só no primeiro semestre do ano. De todas as vítimas de assassinato, cinco eram mulheres.

Os conflitos de terra no Brasil continuam a produzir as mesmas vítimas: "Um terço das vítimas da violência em Eixo Terra são povos indígenas, seguidos por fugitivos (quase um quarto), pessoas sem terra, posseiros e colonos. Na vanguarda da ação entre estas causas profundas dos conflitos são o governo federal (responsável por mais de um quarto da violência), seguido por agricultores, comerciantes, grileiros e madeireiros.”

Contudo, mesmo que as forças reacionárias lancem uma ofensiva no campo, não podem impedir a vontade de lutar dos agricultores brasileiros. Os dados publicados mostram que o número de empregos e a retomada do trabalho aumentaram significativamente, com um aumento de mais de 136%. Depois de superar os maiores problemas causados ​​pelo pior período da epidemia, diante dos ataques dos latifundiários brasileiros e do Estado, os povos do campo, dos cursos d’água e das florestas começaram a retomar a luta de resistência como único caminho possível para seguirmos em frente.

Em um país onde sequer a reforma agrária e urbana burguesa ocorreu e vem sendo estabelecida uma agressiva política anti-industrial em prol do agronegócio ruralista e do rentismo capitalista, além dos incontáveis assassinatos e ameaças aos campesinos, é fundamental o estabelecimento da frente de massas na luta pelo direito à terra dentro do complexo partidário do PCB. Nota-se o reboquismo pecebista quando entregam a responsabilidade da luta pelo direito à terra agrária e urbana para a frente sindical partidária, a Unidade Classista.

Os comunistas devem pautar defesa da frente campesina e do Poder Popular, sem abster ou interferir no programa pela revolução socialista, combatendo o hegemonismo, oportunismo e a conciliação. Construindo a luta com os camaradas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Liga dos Camponeses Pobres (LCP)!

Portanto, por meio desta Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário é feito um apelo a toda militância comunista brasileira!

Pela construção e reestabelecimento do COLETIVO AGRÁRIO GREGÓRIO BEZERA a nível nacional e organizativo!

Saudações comunistas.

De norte a sul! No país inteiro! Viva o Partido Comunista Brasileiro! Pelo direito à moradia no campo e na cidade!