'Eleições, filiação democrática e etc.' (Dafne Braga)

Estamos em vias “finais” de construir algo novo, ainda não definido mas que definitivamente é novo, estamos nos dando conta de nossas debilidades mais básicas e buscando consertar, buscamos reescrever a história do PCB e corajosamente decidimos escrever a história do RR

'Eleições, filiação democrática e etc.' (Dafne Braga)

Por Dafne Braga para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, antes de começar essa tribuna tenho ciência de que muito provavelmente estou mexendo em um vespeiro, obviamente aceito críticas cabíveis e de antemão me posiciono a favor da polêmica pública leninista, me servindo aqui da tribuna da camarada Vic Pinheiro (Pernambuco) sobre o horripilante tratamento que estamos tendo sobre o recebimento das tribunas de debate

Camaradas, sei e estou em total acordo com o fato de que não devemos abandonar as eleições burguesas, tanto para agitar nosso programa e aumentar nossa organização quanto para questões financeiras fundamentais e até propostas de mediação capazes de guiar as classes trabalhadoras ao ideal socialista/comunista, mas vejo com maus olhos essa preocupação nesse momento. Estamos em vias “finais” de construir algo novo, ainda não definido mas que definitivamente é novo, estamos nos dando conta de nossas debilidades mais básicas e buscando consertar, buscamos reescrever a história do PCB e corajosamente decidimos escrever a história do RR, sendo assim, acho totalmente desnecessário, contraditório e até hipocrita nos debruçarmos ao debate eleitoral agora, mais uma vez, sei que abandonar o palco eleitoral nem de longe é o que devemos fazer porém peço atenção ao momento histórico.

Minha célula recentemente fez um debate prévio sobre o encaminhamento solicitado pela CNP acerca do debate eleitoral, mas eu escolhi também me manifestar aqui para enriquecer o debate, me colocar à disposição para ser convencida e até estimular o uso da imprensa, seja na polêmica leninista ou não, mas a verdade é que qualquer possibilidade de filiação democrática me é vergonhosa, principalmente ao PSOL, que tanto reclamamos do tratamento reboquista que o PCB CC vinha dispensando à ele, acho igualmente contraditório e incoerente nos preocuparmos com a política eleitoral NESSE MOMENTO quando tanto bradamos que nosso último objetivo é conseguir um registro eleitoral, dificuldade essa que esbarraremos caso se decida por lançar algum nome, só restando a opção falha de filiação democrática, nesse caso, além de se preocupar sobre como a atitude será vista pela classe trabalhadora como um todo, existe a sábia preocupação com o coeficiente eleitoral, mesmo que tal candidato nosso filiado democraticamente no PSOL tenha chances reais de ganhar, será uma atitude boa colaborar para a reeleição do dep. Jean? (um exemplo de um desafeto político meu do PSOL, a título de exemplo).

No debate prévio da DJ nós decidimos primeiramente por “votar” separadamente pensando a questão nacionalmente e, depois regionalmente, eu pedi licença ao secretariado por bagunçar a pauta e falar sobre as duas esferas, já que pra mim elas são inseparáveis, vamos a minha posição sobre filiação democrática ou apoio crítico no Pará:

A situação de reboquismo apontada em relação ao PSOL, vejo que aqui se dá em relação a UP-PCR e digo isso sem levar em conta nossos conflitos políticos com a base e direção estadual deste, mas avaliando nosso histórico mesmo, nas eleições passadas apoiamos criticamente a candidata Raquel Bricio por ser uma das opções mais ideologicamente possível, de um jeito ou de outro estavámos “reféns” da decisão deles sobre lançar ou não uma candidatura, isso tudo no PCB CC e quando se pensa em PCB RR, devemos relembrar que o PCR nem se deu ao trabalho de reconhecer nossa existência, tendo ignorado várias tentativas de debate. Vamos ao PSOL e aqui serei direta: Não há a mais remota possibilidade de apoiarmos a reeleição de Edmilson Rodrigues, nem criticamente e caso isso seja decidido, será absurdamente vergonhoso, ano passado houveram camaradas do Pará que eram contrários ao apoio crítico, porém Edmilson teve dois mandatos (o primeiro bom, o segundo capengou mas deu) pelo PT há 20 anos atrás e ao se filiar ao PSOL, não se elegeu e com isso, o benefício da dúvida do terceiro mandato pôde ser concedido, dúvida que logo se dissipou antes da metade do mandato desastroso. A única cidade com o prefeito de esquerda… tinha tudo pra ser um sonho mas logo vimos que se tratava de um pesadelo, com direito a “vista grossa” por parte de diversas forças, inclusive a querida companheira Unidade Popular.

O cenário paraense é caótico, a outra célula de Belém conseguiu decidir pelo apoio crítico, o que eu não me oponho inegociavelmente mas eu pergunto sinceramente: para quem? qual partido? e digo isso nacionalmente e localmente, vamos permitir que nosso camarada Jones, que possui sim chances reais de ganhar, filiar-se democraticamente ao PSOL? qual seria nosso ganho político real com isso? e qual o preço desse ganho?

Camaradas, me referi ao longo da tribuna como “debate prévio” da célula DJ por não ter conseguido qórum para a deliberação, mas optamos por usar o espaço para debater e posteriormente deliberar a pauta, porém já adiantei meu posicionamento apenas por agitar nosso programa, sem apoio ou filiação, no momento. Reforço que busco abrir o diálogo pois eu mesma não estou segura desse caminho, mesmo que até agora me pareça o mais razoável, convido os camaradas a refletirem sobre suas situações locais, vale lembrar que só a polêmica pública nos guiará a uma unidade sólida.

Saudações Camaradas!