EBC corta salário de jornalistas que participaram das greves

A greve na EBC foi deflagrada em resposta ao novo Plano de Carreiras e Remunerações (PCR). A punição é um ataque ao direito de greve, constitucionalmente garantido.

EBC corta salário de jornalistas que participaram das greves
Reprodução: @valorizaebc.

Por Redação

Após uma greve histórica que mobilizou os jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na luta pela conquista da isonomia salarial, a direção da empresa, sob comando de Jean Lima, impôs cortes salariais aos trabalhadores que participaram da paralisação. Esse movimento punitivo, adotado pela EBC, vai contra a proposta de compensação dos dias parados apresentada pelos sindicatos e constitui um grave ataque ao direito de greve, constitucionalmente garantido.

Os Sindicatos dos Jornalistas do Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro expressaram indignação com a medida, chamando atenção para o fato de que "em todas as mobilizações anteriores, de todos os governos anteriores, ao longo da última década, sempre houve acordo de compensação de dias de greve". O corte de ponto ocorre justamente antes da cobertura da Cúpula de Líderes do G20, evento internacional de destaque organizado pelo governo brasileiro, onde esses mesmos jornalistas atuarão. A decisão da EBC não só prejudica financeiramente os profissionais como também fere o direito legítimo de greve, um recurso fundamental para trabalhadores que enfrentam condições adversas e resistência nas negociações por seus direitos.

Essa situação revela uma contradição gritante no discurso do próprio presidente Lula, que recentemente afirmou: "Ninguém será punido por fazer greve nesse país". As ações da EBC, entretanto, sugerem que essa garantia não se aplica aos trabalhadores da comunicação pública, que enfrentam uma retaliação direta por exercerem seu direito de mobilização em defesa de condições salariais justas.

A greve na EBC foi deflagrada em resposta ao novo Plano de Carreiras e Remunerações (PCR), que inicialmente apresentava um rebaixamento salarial, e só foi encerrada após a conquista da isonomia, principal reivindicação da categoria. No entanto, ao invés de negociar de maneira justa a compensação dos dias parados, como solicitaram os sindicatos, a direção da empresa optou pela represália financeira, ignorando a proposta formalizada de compensação. "Esperamos que esse corte seja imediatamente revertido e a empresa sente à mesa de negociação para tratar da compensação", enfatizam os sindicatos, que agora buscarão a Justiça do Trabalho para reverter a decisão.

Esse ataque não se limita a prejudicar os trabalhadores financeiramente; ele visa enfraquecer a própria capacidade da categoria de se mobilizar e reivindicar seus direitos. Ao punir jornalistas com o corte de salário, o Governo Lula-Alckmin e a direção da EBC demonstram uma postura contrária à promessa de defesa dos direitos dos trabalhadores, colocando em risco a autonomia e a independência de uma imprensa pública essencial para a democracia.