'É hora das dirigências assumirem as responsabilidades' (Gabriel Silva)

“Teorias da conspiração”, “fraccionismo” ou “punitivismo”, consciente ou inconscientemente, se tornou quase que subterfúgio para isentar de qualquer responsabilidade os auto-intitulados “quadros mais avançados do estado”.

'É hora das dirigências assumirem as responsabilidades' (Gabriel Silva)

Por Gabriel Silva para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Nota do autor da Tribuna: o referido texto foi enviado no dia 21 de março via e-mail

“Teorias da conspiração”, “fraccionismo” ou “punitivismo”, consciente ou inconscientemente, se tornou quase que subterfúgio para isentar de qualquer responsabilidade os auto-intitulados “quadros mais avançados do estado”, os membros da CRUJC SP.

Levantar questionamentos sobre comportamentos suspeitos é o mesmo que afirmar a existência de um complô, ou seja, usar chapéu de alumínio? Aparece, com prazo de cinco dias a unificação dos CRs; posteriormente a CRUJC vota em bloco a delegação nata; as atas deixam de descer; começam a discutir a vida interna e militantes e tentam abrir algum “processo disciplinar” contra críticos; uma semana para a etapa estadual e nada do documento-base; e agora:

[...] o entendimento foi de que o CR vigente deve ser responsável para com as tarefas e com a composição seguinte da instância regional. Compreendendo o período pós etapa regional como um período de transição, com o deslocamento do centro do trabalho do Partido para os CLs e com a reorganização do estado, o pleno entendeu que se deve buscar uma composição coesa e que melhor corresponda às necessidades da transição.[...](Circular nº009/2024 do CRP SP)

Essa instância não era provisória cuja única tarefa era fazer a etapa estadual? Pelo menos o Comitê Local provisório trabalhou desta forma aqui em Campinas, e por falar nisso…

Em Campinas o processo foi ainda mais estranho, logo após a unificação dos CRs o CL UJC Campinas fez reunião discutindo unificação com o CLP do Partido. O ponto é que ninguém até então sabia da existência dessa instância para além da mal executada articulação de assistência em ocasião do racha. Em seguida à unificação dos CLs, a instância implodiu, as atas pararam de descer e a “ordem” só foi restabelecida com a eleição do CL em ativo Local.

Será que o CRP implodiu e por isso os problemas com assistências''' aos CLs e o massivo atraso no documento-base? Num sei, não desceu mais nenhuma ata de nada desde que a CRUJC entrou.

Só na condução destes pontos há erros em procedimentos básicos de apresentação de propostas, de leitura da realidade política pós racha. As direções precisam assumir as responsabilidades por essas falhas. E, adivinha, precisam assumir suas falhas mesmo que não seja um “complô”, o fato de sê-lo ou não (e por sinal é algo a ser investigado) só altera a sanção disciplinar.

Ao contrário de assumir a responsabilidade, a direção insiste, como sempre, em afirmar que nunca houve jamais nenhum erro e que vocês são uns malucos”, ou então usam o PCBCC como bode expiatório, sem assumir qualquer parcela na reprodução dos vícios anteriores e dos que se mantém.

Neste sentido, os críticos à maneira como desenrolou a união dos CRs são acusados de deslegitimar a Plenária Estadual que votou 3 vezes sobre o assunto e, portanto, estariam indo contra o processo de democracia interna. Afirmar que algo é legítimo só porque “foi votado” pode servir em qualquer lugar, menos num Partido marxista leninista. Ora, leva-se em consideração as condições em que se deu a discussão do que foi votado? Nosso centralismo democrático se resume em 50%+1 dos votos válidos? Quando se observa os próprios votos é possível perceber que o pleno não estava politicamente convencido ou sequer tinha formulado sobre a questão, e essa conclusão também vem da própria realidade de que teve-se apenas 5 dias entre a publicação da circular e a plenária. Independentemente de ter sido uma manobra política ou não, continua sendo mais uma falha.

A Unidade de Ação não é meramente o seguimento à deliberação votada. Isso faz parte, mas não é o todo, mais importante é o debate, a disputa e a formulação coletiva. E isso serve para qualquer deliberação, como se espera que haja engajamento orgânico das militância que com as tarefas do Partido se as pautas são colocadas para deliberação no mesmo espaço em que são apresentadas? Como é possível formar quadros políticos se as discussões ocorrem de supetão? O que me parece é que os “quadros mais avançados do estado” só precisam dos militantes dos organismos de base para tocar as tarefas, formando apenas um seleto grupo para continuar a dinastia de dirigentes.

Não é atoa que o Núcleo Unicamp fez crítica contundente a este processo, no núcleo já tivemos diversas discussões, desde 2021, sobre tentar aprovar pautas na reunião em que elas são apresentadas. São exemplos disso a “decisão” de disputar o DCE e a maneira com que nominatas eram apresentadas: discutidas por extenso no secretariado, apresentadas no momento de pauta com 10 segundos para destaque…

Por fim, o movimento de tentar evitar o “punitivismo” é maior que o movimento que de se fazer uma autocrítica na prática. É um movimento de tentar isentar qualquer pessoa da responsabilidade por atos falhos. E novamente, independe se é um “complô” ou se são erros “tentando acertar”, ainda são erros que devem de ser retificados para a execução dos nossos trabalhos. Há anos a direção da UJC SP carece de autocrítica na prática, e o resultado já foi comentado pelos próprios “dirigentes” quando debatida a pauta dos delegados natos no Pleno do CRP: a desconfiança da base. E como essa desconfiança é combatida? Como a CR UJC SP busca retomar a confiança? Gaslight, deslegitimação das críticas e mais erros.