'Dos motivos para a cisão no Distrito Federal' (Gabriel Xavier)

O processo de cisão foi bastante violento no Distrito Federal, o nosso Comitê Regional, um grupo composto por apenas cinco militantes, dos quais não sabíamos o calendário de reuniões, seus encaminhamentos e muito menos suas atas, decidiu por expurgar a maioria des camaradas do PCB.

'Dos motivos para a cisão no Distrito Federal' (Gabriel Xavier)
"Agora são apenas dirigentes sem base para dirigir, parabéns, os verdadeiros arautos do marxismo-leninismo!"

Por Gabriel Xavier para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Escrita no dia 10 de Agosto de 2023, essa carta de desligamento formalizou a minha adesão à Reconstrução Revolucionária. Decidi não “disputar internamente” o Partido, visto que o nosso Comitê Regional seguiu sem pudor as diretivas do CC: expulsou a maioria de nossos militantes.

O processo de cisão foi bastante violento no Distrito Federal, o nosso Comitê Regional, um grupo composto por apenas cinco militantes, dos quais não sabíamos o calendário de reuniões, seus encaminhamentos e muito menos suas atas, decidiu por expurgar a maioria des camaradas do PCB.

Sua solução mágica para impedir o “fracionismo” e o “liquidacionismo” em nossas fileiras foi, de um total de 34 militantes apenas do PCB, 24 foram expurgados. Tamanha era a covardia desses dirigentes, que em nenhum momento promoveram o debate, chegando ao ridículo de acusar minha célula (Dirce Machado) de fracionismo apenas por pedir um ativo (não deliberativo) para discutir a crise que se instalava em nossas fileiras.

Agora são apenas dirigentes sem base para dirigir, parabéns, os verdadeiros arautos do marxismo-leninismo!

Carta de desligamento

Aos camaradas da Unidade Classista no Distrito Federal,

Escrevo essas palavras com muito peso no coração, uma vez que foi um enorme esforço a consolidação da UC/DF, já que não tivemos o menor auxílio do Comitê Regional (CR) do PCB/DF. Deixo claro que estou aderindo à construção de um XVII Congresso Extraordinário do Partido, com todes es militantes dos coletivos.

Vou continuar na construção e fortalecimento do PCB, mas não sob estrutura formal de um Comitê Central opaco, inoperante, incapaz de dirigir o Partido nacionalmente e que não cumpre as resoluções congressuais, além de agir contra o Estatuto do PCB ao destruir a democracia interna e impedir os coletivos de discutir os problemas do Partido.

Todes es militantes que hoje ocupam a Coordenação Distrital da UC-DF, instância dirigente no âmbito estadual, foram eleitos em plenária eleitoral realizada no dia 17 de Junho de 2023. Eu fui eleito para a tarefa de Secretaria de Organização, tenho obrigações perante vocês, camaradas das bases dos comitês.

Dos poucos dias que tivemos para demonstrar, na prática, a nossa disciplina militante, tentei estabelecer mecanismos práticos de comunicação, para que suas contribuições e problemas relatados fossem sempre ouvidos e socializados para outres camaradas da UC, o Boletim de Comunicação Interna (BCI) foi criado neste âmbito.

O BCI foi barrado de circular pelo Comitê Regional do PCB/DF. As formações que tivemos no início deste ano, o qual ganhamos enormes acúmulos para a criação de um curso de formação política mais estruturado, foi realizado sem qualquer ajuda do CR.

A instância de direção do Partido no DF se recusa a abrir o seu fluxo de caixa, a prestar contas e não tem transparência financeira nenhuma, faz mais de 1 ano que eu sou militante do PCB e não sei quanto custa o aluguel da sede. A nossa sede, tristemente, não é digna de um partido comunista, parece um depósito, amontoado de livros, muito pequena, de difícil acesso e mal administrada.

Essa falta de transparência nas contas do Partido vai contra o Parágrafo nº 51, do XVI Congresso Nacional do PCB:

“Toda célula deve, no momento da elaboração do plano político, promover e elaborar um plano financeiro-econômico semestral ou anual, que estará orientado de acordo com o plano bianual feito pelo CR que, por sua vez, seguirá as linhas gerais de um plano elaborado pelo CC, que deverá contemplar o período entre um Congresso e outro. No plano devem ser estabelecidas as tarefas, as metas e os prazos. As metas devem ser quantitativas e qualitativas e o seu cumprimento é de responsabilidade das direções e células. A avaliação do plano deve ser feita em reunião específica, bimestral ou trimestral, quando se avaliará o cumprimento das tarefas em seu devido prazo. O cumprimento do plano é de responsabilidade de todo/a militante e a cobrança e supervisão ficam a cargo dos/as secretários/as de finanças de cada instância.”

Esse plano financeiro-econômico não existe, nem o Comitê Central aplica esse parágrafo. Esse é apenas um dos problemas de descumprimento do XVI Congresso que o CR não aplica. Não temos política de formação no DF, não temos planejamento de recrutamento, as assistências não funcionam e são inorgânicas etc.

Nesse sentido, es dirigentes do Partido no Distrito Federal veem seus cargos apenas como privilégios e não como maiores obrigações perante os militantes da base, não operam com democracia, além de ficar claro que são incapazes de gerir o Partido no DF.

Não realizam ativos, plenárias e conferências para discutir os problemas do Partido com toda a militância, reina o amadorismo na direção. Reduzem ao máximo o debate interno no PCB e seus coletivos, coisa que ficou clara quando impediram a circulação da tribuna de debates na UC, iniciativa exclusiva da Coordenação Distrital da UC.

Boa parte dos militantes do CR do PCB/DF não foram eleitos pela base, há militantes no CR que nem estão no DF, não tem atuação nenhuma em sua célula e querem “mandar” aqui. Assim, mais uma vez, descumprem o Estatuto.

Esses camaradas demonstraram várias vezes sua incapacidade de realizar a mínima autocrítica e seguem dirigindo o Partido dessa mesma forma há bastante tempo, mesmo com inúmeras súplicas dos militantes nas células do PCB.

É importante salientar que vocês, enquanto apenas membros da UC, não tem direitos plenos no Partido, não podem discutir os problemas internos do Partido e muitas vezes, caso “reclamem demais”, podem ser impedidos de entrar no PCB porque o CR diversas vezes já impediu camaradas de entrar, uma vez que incomodavam muito a direção.

Vocês têm deveres, mas não tem direitos. O XVII Congresso Extraordinário busca sanar isso de uma vez por todas, irá contar com todos es militantes dos coletivos. Vocês terão direitos plenos.

Acho que daqui já basta para demonstrar a completa inoperância e amadorismo do CR do PCB/DF. Não tenho problema pessoal com esses camaradas, sempre vou tratá-los com educação e a maior cordialidade possível.

Agora construo um congresso para aprofundar a Reconstrução Revolucionária do PCB. Convido os camaradas a fazer o mesmo, lá teremos amplo espaço de discussão para todos es militantes exporem seus problemas e serão sempre ouvidos.

Irei me excluir de todos os grupos de Signal da UC, não desejo “disputar internamente” os militantes que ainda estão indecisos. Façam por convicção própria, sob suas próprias mãos.

Saudações comunistas, 10 de Agosto, 2023.