Direção da Contraf/CUT engana categoria e faz teatro na campanha salarial dos bancários
Ao invés de realizar assembleias e promover uma campanha erguida com as demandas da base, o que ocorre é um acordo de cúpula entre a direção da Contraf/CUT e os banqueiros da Fenaban.
Por Fração Bancários do PCBR
A campanha salarial dos bancários, iniciada em 18 de julho, com a entrega da minuta à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, deve continuar sem nenhum avanço e com a constante ameaça de perda dos direitos tão duramente conquistados. Esse cenário não difere das campanhas salariais passadas, nas quais, sem nenhuma mobilização, a categoria perdeu direitos, chegando até mesmo a ter aumento salarial abaixo da inflação.
Assim, a cada dois anos, é realizado um roteiro que já é esperado entre os bancários. Novamente, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), realiza uma verdadeira operação de simulação para enganar a categoria durante as negociações para um novo CCT. Ao contrário do que é alardeado pelo movimento sindical, a intransigência não é somente dos banqueiros e do governo, ela também está presente no seio do movimento, causando sérios prejuízos à categoria.
A Contraf/CUT apresenta uma linha que é, na prática, uma aliança entre capital e direção sindical, com o objetivo de combater o ímpeto da categoria, buscando reforçar a todo momento o desvio corporativista dentro do movimento sindical, enfraquecendo as lutas dos bancários e a possibilidade de um ação de massa. A direção cutista tem abandonado o histórico de lutas dos bancários, que outrora foi vanguarda na luta de classes no Brasil, voltando-se não apenas para a conquista de melhorias econômicas.
Em aliança com os banqueiros, a Contraf finge combatividade em um teatro que virou rotina: a Febraban simula que não irá reajustar os salários da categoria pela inflação, assim, com muita “pressão”, graças aos “esforços” dos notáveis dirigentes da Contraf, por pura mágica, na última mesa de negociação, logo antes de encerrar a vigência do último CCT (31 de agosto), é aprovado um reajuste pela inflação, além de um aumento real de apenas 0,5%.
Depois de finalizada essa simulação, a Contraf e seus sindicatos somem do cotidiano dos bancários, só retornando na próxima campanha salarial, em 2026. É um teatro que a categoria já está cansada de observar. Ao invés de realizar assembleias e promover uma campanha erguida com as demandas da base, o que ocorre é um acordo de cúpula entre a direção sindical da Contraf/CUT e os banqueiros da Fenaban.
É uma verdadeira traição à categoria que é realizada a cada dois anos. Traição que ocorre inclusive com portas fechadas, já que é notória a falta de transparência nas mesas de negociações, com informes dados apenas pelos meios de comunicação oficiais da Contraf, sem que os bancários possam entender o teor político das negociações e que possam avaliar por eles mesmos a suposta “combatividade” da Contraf.
A própria mobilização dada pela Contraf é muito insuficiente. Muitos bancários, principalmente os mais novos, sequer sabem que está ocorrendo a campanha salarial de 2024, um completo desrespeito à categoria por parte da direção sindical. Tudo é feito para esconder a conciliação entre a Contraf e os banqueiros, inclusive com casos em que militantes da oposição bancária são vítimas de perseguição política dentro de seus espaços de trabalho, sendo denunciados aos patrões pela direção da Contraf.
A consequência da construção de uma campanha salarial que se resume às mesas de negociação é o esfarelamento do próprio sindicalismo. Nesse tipo de situação, quando o acordo não é satisfatório, os trabalhadores se rebelam contra o próprio sindicato e não contra o verdadeiro inimigo, os banqueiros.
A mobilização e organização da categoria deve passar por um intenso processo de luta e conscientização, não apenas contra os patrões, mas também contra aqueles que fazem uma “política burguesa para operários” dentro do próprio movimento sindical. A luta econômica, apesar de necessária, não é suficiente por si só.
Nesse sentido, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e seus militantes da Fração Nacional dos Bancários manifestam seu repúdio completo a essa simulação da Contraf, que não representa nada mais do que oportunistas em conluio com os patrões para trair a categoria. Entendemos que a categoria bancária é essencial para um processo de luta pelo socialismo-comunismo, na medida em que suas paralisações e greves atingem diretamente o sistema financeiro. Ao agir de maneira oportunista, a Contraf se coloca como uma verdadeira força amortecedora na luta de classes.