DF terá tarifa zero aos domingos
Medida eleitoreira do Governo Ibaneis (MDB) é insuficiente, dado que a gratuidade aos domingos e feriados beneficiará muitos trabalhadores que usam o transporte nesses dias, mas não resolve os problemas estruturais da mobilidade.
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Por Redação
A partir de 1º de março, os moradores do Distrito Federal terão acesso gratuito ao transporte público, ônibus e metrô, aos domingos e feriados. O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou a medida sob a justificativa de garantir mobilidade, lazer e qualidade de vida para a população. No entanto, apesar do caráter positivo da iniciativa, é preciso olhar além da propaganda e entender as reais intenções por trás da decisão, que chega em meio à corrida eleitoral para o Senado em 2026.
A proposta da tarifa zero parcial é um avanço, mas está muito aquém do necessário. O transporte público gratuito integral, operado pelo Estado, é uma reivindicação histórica e uma necessidade para a classe trabalhadora. No entanto, Ibaneis Rocha optou por um modelo limitado, restringindo o benefício a poucos dias e sem qualquer debate sobre a sustentabilidade da medida ou sobre sua ampliação. O governador se recusou a discutir a criação de um fundo específico para financiar a gratuidade do transporte, foi à Justiça contra projetos que estabelecem essa estrutura e, agora, usa a iniciativa como um palanque eleitoral.
O modelo adotado no DF contrasta com experiências mais avançadas em outras cidades, como o metrô de Teresina, que já opera com tarifa zero em período integral. O deputado distrital Max Maciel (PSOL) lembrou que há dois anos movimentos e parlamentares vêm pressionando o governo para avançar no tarifa zero de forma ampla e estruturada. No entanto, Ibaneis preferiu uma implementação parcial e sem diálogo, garantindo os holofotes para si sem tocar nos interesses das empresas que lucram com o sistema atual.
Ao mesmo tempo em que anuncia a tarifa zero parcial, Ibaneis Rocha vem promovendo ataques ao transporte público do DF. A privatização da Rodoviária do Plano Piloto, já em andamento, coloca em risco a acessibilidade e o direito à cidade de milhares de trabalhadores. A entrega da gestão do terminal ao setor privado resulta em novos custos para a população, como a cobrança pelo estacionamento, além do risco de aumento indireto nas passagens. A mesma gestão que agora se apresenta como defensora da mobilidade foi responsável por um dos maiores ataques recentes ao transporte público da capital.
A gratuidade aos domingos e feriados beneficiará muitos trabalhadores que usam o transporte nesses dias, mas não resolve os problemas estruturais da mobilidade no DF. A falta de integração tarifária, a precariedade dos ônibus e a ausência de um plano para um sistema 100% público e gratuito mostram que a medida anunciada é apenas um paliativo. O transporte público segue refém de empresas privadas, que operam sob um modelo de concessão que prioriza o lucro, e não o atendimento à população.
O que o DF precisa não é de medidas isoladas e eleitoreiras, mas de um projeto real de transporte público gratuito, eficiente e sob controle estatal. Isso passa pela reversão da privatização da Rodoviária do Plano Piloto e pela estatização do sistema de transporte. A mobilidade urbana deve ser um direito garantido pelo Estado, e não um serviço sujeito às vontades políticas e aos interesses privados.
Se Ibaneis Rocha estivesse realmente comprometido com o direito ao transporte, estaria discutindo um projeto para garantir gratuidade permanente e um sistema público de qualidade. No entanto, sua prioridade parece ser garantir visibilidade e apoio popular para sua candidatura ao Senado em 2026, enquanto segue desmontando o transporte público do DF.