'Devemos pensar sobre a clandestinidade' (Pedro Nunes)
Devemos sim, pensar a clandestinidade pois ela não é uma escolha nossa, e sim uma realidade que em algum momento futuro se apresentará como recurso da burguesia, assim como já o foi no passado em diversos momentos, e se não podemos escolher quais armas o inimigo usara devemos então estar preparados.
Por Pedro Nunes para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Novamente iniciarei esta minha contribuição fazendo algumas colocações mais gerais a respeito do tema e sobre o escopo deste artigo que apresento a tribuna de debates de nosso partido.
Primeiramente uma observação, a discussão da tática clandestina de qualquer movimento não deve ser discutida na internet ainda mais de maneira aberta, faço esse disclaimer pois devido ao reformismo e Pecebismo que se instaurou no partido nos últimos anos antes da cisão, temas como segurança, clandestinidade e afins não faziam parte da pauta de muitos militantes. Por conta dessa questão a respeito do debate na internet sobre o tema não ser o mais indicado, já indico aqui que não pretendo, nem irei apresentar propostas concretas de nada nesta tribuna, apenas buscarei trazer uma observação mais geral sobre o tema que acho de suma importância.
Devemos sim, pensar a clandestinidade pois ela não é uma escolha nossa, e sim uma realidade que em algum momento futuro se apresentará como recurso da burguesia, assim como já o foi no passado em diversos momentos, e se não podemos escolher quais armas o inimigo usara devemos então estar preparados.
Minha reflexão começou um dia enquanto voltava do trabalho, no fim de semana anterior tinha visto uma reportagem na TV (Globo News se não me engano) de relance que abordada a tomada por parte de grupos criminosos de um complexo recreativo com quadra e piscina na favela, que agora passava a servir também como espaço para treinamento em táticas de combate.
A reflexão por sua vez é bem simples, tanto quanto este artigo, se por um acaso (e como historiador, sei que a história não é feita de “se”, ao mesmo tempo por outro lado a materialidade da história mostra que a clandestinidade dos partidos revolucionários, é uma questão muito mais do quando do que do se.) o governo a mando da burguesia em seu projeto de aprofundamento de seus ganhos e de seu projeto neoliberal declara-se guerra aos movimentos revolucionários e ao crime organizado (só por conta do meu exemplo), estaríamos em uma situação muito pior do que os vários grupos do crime organizado, de todo o Brasil.
Estes possuem um sistema de ajuda para com seus membros, extremamente importante para as famílias de seus integrantes, assim como uma política de finanças e defesa muito mais bem estruturada e já toda na clandestinidade por exemplo. Não quero com isso advogar para que trabalhemos somente na clandestinidade, uma vez que nossa atuação possa se dar na legalidade devemos nela atuar também.
Estamos tão atrasados neste debate, que podemos dizer que não temos nem um ponto de partida estabelecido, é preciso que pensemos questões como finanças, política de segurança, nossa atuação nos sindicatos e movimentos sociais, pelo prisma da atuação mais pública e legal e em uma atuação mais afastada dos holofotes.
Ignorar o debate posto sobre a atuação clandestina, nos impedirá de conseguir dar vida a revolução brasileira, pela qual tanto lutamos e única capaz de resolver os problemas enfrentados pela classe trabalhadora de maneira definitiva.