'Desvios locais que percebo e sua relação com os métodos de formação — propostas ao meu núcleo!' (Felix Bouard)

Camaradas, o que proponho é simples e não sei se me faço compreender, mas dos debates dos ciclos, dos debates gerais, das formulações individuais, muito pode sair de conteúdo, e nossa política de agitprop deve girar em torno disso!

'Desvios locais que percebo e sua relação com os métodos de formação — propostas ao meu núcleo!' (Felix Bouard)
"Enquanto isso a propaganda, requer não um discurso inflamado, não uma simples parte do capitalismo e como ele é enfurecedor, requer uma explicação aprofundada de como tal aumento serve para a manutenção da sensação de escassez e a ampliação do lucro das empresas privadas de transporte que agora como uma máfia tomam controle do setor."

Por Felix Bouard para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Publico aqui esse texto pois após participar da plenária estadual do PCB RR do Paraná, percebi o quão pouco se sabia sobre as análises e capacidades dos militantes — principalmente com a eleição do CR novo. O texto a seguir é uma compilação de alguns textos que enviei ao meu núcleo (Honório Delgado Rúbio) após um processo de análise que tenho feito para guiar minha atuação enquanto SP.

Para facilitar a leitura e interpretação dos camaradas, quando algo específico aparecer nos textos, colocarei nas notas de rodapé explicações que eu julgar necessárias.

colocarei os textos em ordem de cronológica de envio, penso que assim seja mais fácil perceber como minha linha de raciocínio funcionou (algo que tenho dificuldade de explicar na maioria dos casos)

1 — DESVIOS DO NÚCLEO HONÓRIO

O documento aqui exposto surge a partir do debate feito entre as secretarias políticas e de organização do núcleo Honório, compreendo a necessidade que o núcleo possui de se reestruturar para se afastar dos desvios que atualmente conseguimos perceber. Lembramos camaradas que o documento aqui não busca personalizar quaisquer criticas, entendo que estes desvios tem suas raízes nas ferramentas e metodologias utilizadas tantos nos modelos de planejamento, execução e avaliação de uma tarefa.

Seguindo o raciocínio, precisamos expor quais são os desvios em questão e suas raízes. O primeiro deles sendo o tarefismo e o segundo burocratismo, nos tornamos bons executar tarefas quando estas aparecem mesmo custando nossa pouca energia e sanidade por várias vezes. No entanto, o avanço operativo não é acompanhado de um processo de convencimento da militância ou de uma análise prévia de quais são as condições materiais de tocar as tarefas e portanto o que objetivamos com elas.

Para me afastar de uma dissertação puramente abstrata, coloco aqui um exemplo crítico do tarefismo em nossas fileiras, e como ele foi desenvolvido em certa parte pelo núcleo mas também incentivado por nosses dirigentes no Paraná. O exemplo em questão é a construção de chapa para o DCE UFPR 2023, construção que mesmo com um balanço negativo a respeito de nossa relação com forças do PSOL, com uma atuação reboquista durante metade da construção da última gestão. Prevalecendo também uma disputa que se encerrava dentro da entidade, gerando atritos internos e perdas políticas pois cada força possuía um voto (mesmo com o bloco PSOL com suas várias forças sempre tendo a mesma posição e contribuindo muito pouco para a construção, principalmente Ecoar e Alicerce). Isso ocorreu tanto na construção de chapa onde demos prioridade a pensar a metodologia de votação de uma gestão — burocratismo!-(sem a eleição sequer ter acontecido), quanto na Comissão Eleitoral, onde fizemos diversas tarefas operativas que não tiveram ganho político algum devido à grande quantidade de pessoas do C7 na Comissão, fazendo com que perdêssemos todas as disputas que em que fomos contra as posições dessa força.

Importante colocar camaradas, mas isso não deriva somente de um falta de formação teórica do núcleo, mas também da falta do processo de convencimento por parte de nosses dirigentes, tanto PCB quanto UJC. Cabe dizer que junto desse balanço, uma crise ainda maior atravessava a construção da chapa e essa era o apoio que o Alicerce estava dando a um estudante da UFPR com histórico de violência sexual. Mesmo assim, pouco conseguimos fazer porque se colocou acima de nosso combate às opressões, a necessidade de estarmos em uma gestão. Isso é tarefismo camaradas, entrar de cabeça numa disputa nessas condições sem sequer avaliar quais eram as chances de uma vitória real.

Portanto, onde faltou o processo de convencimento? desde o começo preciso colocar que convencimento pressupõe que quem quer convencer também pode ser convencide, não anula a autonomia daqueles que tocam as tarefas de formular e ter suas formulações reconhecidas por sues dirigentes. Com isso devemos notar também que o processo exige que desde antes da tarefa começar, os camaradas possam formular sobre ela. O que necessita de formação e orientação a cerca do que buscamos ao disputar um DCE, o que entendemos como necessário ao tocar o movimento estudantil (e isso são temas dos quais temos acúmulos, afinal ME é onde mais estivemos inserides com o passar dos anos), discussões em reunião acerca de que tipo de disputa iremos fazer, se valia a pena nos juntarmos com outras forças, se avaliávamos que iríamos ganhar — isso deveria ter sido o essencial, em vez disso, focamos em formulações de respostas burocráticas à um problema de menor força política (buscamos um mecanismo que desse igual poder deliberação para todas as forças, algo que foi facilmente derrotado pelo PSOL em alguns minutos, porque estes não querem sua força diminuída); em vez disso tivemos reunião com a SNJ que foi praticamente uma palestra motivadora do porque deveríamos disputar uma entidade de base sem entrar em meandros, em vez disso fomos informades pela assistente que o fato do Alicerce ir contra uma política revolucionária de combate as opressões não seria um ponto programático e portanto não era suficiente para não construirmos com eles.

O burocratismo é algo que temos alimentado constantemente com o modelo que agora buscamos mudar de deliberações, falo de reuniões gerais para discutir pautas específicas das quais poucos camaradas tinham acúmulo e podiam dissertar sobre. Por vezes também, girando camaradas de um certo local para outro sem pensar em como o distanciamento de sua base afetaria seu desenvolvimento enquanto liderança e o quanto ume desconhecide panfletando em um Campus que nunca frequentou seria inútil para que conseguíssemos conversar com a base.

A resposta a esses desvios colocarei a seguir, visando uma reformulação tanto no nosso modelo de formação quanto no de deliberação, nesse mudarei poucas coisas pois acho que já está suficiente com o contexto acima colocado.

TEXTO 2 — SOBRE AS FORMAÇÕES E A AGITPROP

O MODELO ATUAL DE FORMAÇÕES — um entrave ao giro operário-popular em nossas fileiras

Camaradas, muito já avançamos enquanto núcleo no que tange às formações, desde minha chegada à organização, quando nossas formações eram uma réplica das salas de aula universitárias. Nesse modelo, se definia uma ou pouquíssimas pessoas para serem os palestrinhas oficiais do núcleo, tornando nossas formações, monólogos de alguns militantes — militantes em sua totalidade homens cis brancos, que em muito devido a sua socialização, já foram ensinados a isso e estavam confortáveis em se colocar nessa posição — e como sabemos, tal processo privou a maioria do núcleo de uma formação teórica, fez com que nossa atuação política dependesse das análises de tais militantes (uma necessidade que estes não conseguiriam cumprir, pois elas derivam de um processo de investigação de realidades particulares em que não estavam inseridos), colocando o restante da militância em um ritmo destrutivo de tocar tarefas sem refletir sobre elas, gerando personalismo, tarefismo, e a quebra de militantes.

Tal modelo no entanto não era um desvio particular realizado pelo núcleo honório, estávamos replicando um modelo reproduzido em todo o complexo partidário do PCB — sendo muito fácil inclusive notar os paralelos que existem entre o comitê central e nosso secretariado no que tange a sua composição — sendo replicado desde as bases um modelo de formação que facilita a subida de cada vez mais homens cis brancos a tarefas de dirigência. Portanto, fica perceptível que o aprofundamento da reconstrução revolucionária requer uma reformulação de todo o processo de formação militante até então reproduzido.

O MODELO PROFESSORAL E OS DEBATES “COLETIVOS” — uma dicotomia a ser superada.

A experiência vivenciada em meu núcleo é um tanto engraçada ao meu ver. Começando com uma réplica da sala de aula universitária que ao ter suas problemáticas expostas, foi negada inteiramente — com o núcleo construindo uma forma que buscava evitar qualquer postura professoral, as leituras e debates coletivos — e caindo então no mesmo erro: apesar de não haver explicitamente alguém conduzindo o debate, este só era feito por 4(ou menos) militantes — Os mesmos que já palestravam no modelo antigo!!

Reconheço e aprecio os esforços do núcleo em reformular tal metodologia, avalio que tal “recaída” deriva muito mais de um erro de análise, assim como a falta de uma resposta nacional a tal problema.

Analisemos:

Estou sem muita paciência e esses diagramas são muito chatos de fazer! mas vejam camaradas, acho que fica claro alguns problemas sobre o modelo acima: Ele reproduz a mesma divisão intelectual anteriormente reproduzida pela sociedade capitalista! É óbvio que acaba sendo mais fácil para aqueles com maior formação prévia e mais socializados para falar publicamente etc etc, para pegarem tarefas como a secpol e a secfor, colocando estes militantes na posição de palestrinhas do núcleo, no entanto, veja o esquema a seguir:

Percebem camaradas? A forma como buscamos combater o método professoral se dá basicamente na alteração das posições — mascaramos a existência de uma formação prévia e socialização diferente em alguns militantes — tal alteração no entanto não resolve o problema da formação prévia, na verdade faz com que aqueles que por diversos fatores não se sentem tão confortáveis em se posicionar no debate, se sintam mal e se recolham pois teoricamente aquele é um espaço aberto a isso!

O SILÊNCIO — Ao pensar o processo educativo, já reconhecemos a necessidade e importância do diálogo, nós enquanto seres humanos somos animais sociais, aprendemos não só ouvindo mas também interagindo e nos aprofundando nos temas de forma dialógica. Para além do diálogo no entanto, outro momento é de extrema importância, o silêncio: sabemos que este nos sufoca, que não o suportamos e sempre buscamos encerrá-lo, é o silêncio que nos incentiva a continuar o diálogo, sendo este processo mais rápido para os mais “extrovertidos” e mais lento para os “introvertidos”. Portanto, quando colocamos em um espaço algumas poucas pessoas que muito já tem a contribuir, pouco silêncio precisam para se porem a falar junto de outros que não funcionam assim, é óbvio que o debate será centrado naqueles que se sentem mais confortável a falar!

PORTANTO:

Coloco aqui portanto uma proposta camaradas, e reitero que esta ainda é uma inicial, seu cerne encontra no uso do silêncio enquanto ferramenta para incentivar o debate. Isso porque busca separar em pequenos grupos, fragmentando nossos palestrinhas e colocando-os junto a pessoas que não se sentem tão confortáveis em falar. Tal proposta faz com que os momentos de silêncio sejam mais frequentes, que os palestrinhas se sintam mais desconfortáveis ao perceber que estão conduzindo sozinhos uma conversa — abrindo espaço aos mais “introvertidos” para participarem.

Sei que essa proposta evoca em vocês algumas desconfianças, sendo algumas delas: isso não incentiva a formação de tendências no seio de nossa organização? não faz com que os mais introvertidos estejam mais propensos a um seguidismo? e para essas perguntas coloco as seguintes reflexões: não é a formação um diálogo? sendo esse uma alternação de momentos — aquele em que um ou outro fala, aquele em que alguém ou ninguém fala, aquele que se pensa para si ou secoloca para os outros? Portanto: devemos incorporar o caráter dialógico que é necessário em nossas formações, e como um pêndulo alterná-lo entre momentos diferentes do processo.

Importante colocar: o que coloco aqui é a necessidade de implementar a alternância, os exemplos acima são exemplos mas podem dar ideias de como isso pode se expressar nas formações de um núcleo. A alternância de momentos pode ser com 2 formações por mês: uma realizada dentro dos ciclos e a outra envolvendo corpo total do núcleo. Os ciclos podem ser formados a partir dos requisitos que o núcleo achar necessário. Ex.: O núcleo pouco consegue avançar na realidade particular de um setor específico como o de saúde? uma solução pode ser que os ciclos sejam formados em torno de uma área de atuação. O núcleo pouco consegue avançar no que tange a compreensão do que é e como se deve atuar em uma entidade de base? uma solução pode ser que os ciclos sejam formados de forma a permitir que pessoas com maior experiência nesse tipo de entidade possam dialogar proximamente daqueles que pouco tem de experiência, facilitando o processo de distribuição de acúmulos de acordo com as necessidades do núcleo.

TÁ, MAS E A AGITPROP?

Bem camaradas como pontuei anteriormente, meu tempo é breve e já estou ficando sem paciência enquanto escrevo esse texto. Quando falamos da agitprop realizada pelo núcleo honório, falamos de um fenômeno um tanto interessante, com um descompasso entre as capacidades organizativas de realização da tarefa e a formação teórica possuída por nosses militantes para preencher tal forma com o conteúdo político necessário. Tal descompasso ao meu ver se deve não só da falta de uma política de formação e da socialização dos acúmulos mas também de um grande descolamento entre o que produzimos para fora e o que desenvolvemos aqui dentro, e ao meu ver, nos orientando a partir de uma perspectiva fraca do que é agitação e propaganda (divulgada por plekhanov e criticada por lênin no seu extenso Que fazer?). Por que falo isso? a compreensão simplista de que agitação é transmitir poucas ideias a muitas pessoas e propaganda transmitir muitas ideias a poucas pessoas — tal compreensão não parece compatível com uma máquina de divulgação altamente operacionalizada que busca apenas divulgar nossas bandeiras para o maior número possível de pessoas no Instagram enquanto pouco de resposta consegue dar às necessidades particulares de nossa realidade?

O QUE É ENTÃO AGITAÇÃO E PROPAGANDA? COMO EXECUTÁ-LA E RELACIONÁ-LA AO NOSSO PROCESSO FORMATIVO?

A crítica que Lênin colocava a Plekhanov já no Que fazer? (e isso na integra é melhor conferir lá!), era uma virada metodológica que devemos operar em nossa política de agitprop: A categorização de agitação e propaganda se dá não pela sua diferença qualitativa, já que isso é facilmente alterado pelas novas tecnologias que agora se apresentam a nós e permitem uma difusão cada vez maior de várias ideias para muitas pessoas, mas sim de sua diferença qualitativa, sendo ela:

A agitação busca pegar aquilo na superfície do capitalismo, mostrar como tal fato é contraditório e usá-lo para inflamar as massas em torno de uma pauta — peguemos por exemplo o aumento da tarifa de ônibus em curitiba para 6 reais — quando falamos que tal aumento é um roubo, que mesmo com o avanço das tecnologias sem um melhoramento na qualidade do transporte público ainda pagamos cada vez mais ao final do mês por exemplo — tal retórica por vezes arranha o tema mas não busca explicar como é o capitalismo responsável por essa contradição, apenas mostra como tal aumento é criminoso e prejudica os mais precarizados, buscando que a classe venha conosco lutar contra isso.

Enquanto isso a propaganda, requer não um discurso inflamado, não uma simples parte do capitalismo e como ele é enfurecedor, requer uma explicação aprofundada de como tal aumento serve para a manutenção da sensação de escassez e a ampliação do lucro das empresas privadas de transporte que agora como uma máfia tomam controle do setor.

HMMM ENTENDI, MAS ISSO EU JÁ SABIA, O QUE TEM A VER COM AS FORMAÇÕES?

Bem minhe care gafanhote, você já percebeu que pouco conseguimos enquanto núcleo discutir as realidades particulares dos cursos em que estamos inserides? Na verdade, já percebeu que não existe exatamente um espaço para isso? Que para além disso, pouco sintetizamos de nossas formações — apesar de debates políticos por vezes muito qualitativos — de modo a ligar nossas formações a nossa política de agitprop?

AÍ ESTÁ O PROBLEMA11!!

Camaradas, pouco iremos avançar se nossa discussão em torno da política de agitprop se der em torno de sua forma, já que mesmo que consigamos operacionalizar a publicação de 3 posts por semanas, nossa elaboração política ainda não acompanha tal crescimento. Vejam bem, sei que é difícil e que quase ninguém gostaria de sintetizar o que foi discutido em uma formação para isso ser publicado posteriormente — e nem acho que isso seria qualitativo — mas para mim a alteração na metodologia de formações acima proposta permite que debates sobre realidades particulares sejam realizadas pelo núcleo, e mesmo em um menor grupo de pessoas, gerem um conteúdo político a ser publicizado.

Camaradas, o que proponho é simples e não sei se me faço compreender, mas dos debates dos ciclos, dos debates gerais, das formulações individuais, muito pode sair de conteúdo, e nossa política de agitprop deve girar em torno disso! Basta de esperar que o debate político do núcleo chegue a um consenso morno para colocarmos uma posição política, é momento de colocar para nossas bases que as formulações que temos são frutos desses debates, que nossos militantes podem ter posições divergentes sobre as táticas usadas no mov estudantil e analises de conjuntura sobre a UT e UFPR, permitamos as bases que conheçam tais posições! Proponho portanto um espaço como das tribunas de debates em nossas páginas locais, proponho portanto um espaço para análises de conjuntura de ciclos, de núcleos, de militantes individuais nos nossos espaços de agitprop!

SOBRE A METODOLOGIA DE ORGANIZAÇÃO

Aqui buscarei expor alguns pontos e propostas que fui compilando com o passar do tempo de acordo com o avanço de minha compreensão sobre os problemas do núcleo. Comecemos então, o primeiro ponto do texto será sobre nosso método organizativo, apesar de já termos entendimento de que devemos escolher com mais sabedoria nossas prioridades e tarefas a tocar, penso que tal resposta ainda é incipiente e pouco busca transformar a forma como deliberamos atualmente. Analisemos então como as demandas chegam até nós e como respondemos a elas enquanto núcleo:

Figura 1: Demandas surgem nos espaços variados onde estamos inseridos, são percebidas pelos militantes lá inseridos, que precisam esperar uma resposta geralmente em reunião para que uma resposta a essa demanda surja.

Figura 2: O núcleo após um certo período de tempo fornece uma resposta, tal reposta como vimos em nosso planejamento, geralmente vem no sentido de deslocar um camarada de outro espaço para o espaço mais prioritário.

QUAL O PROBLEMA?

Tal resposta faz com que tenhamos os seguintes problemas — discussões operativas em reunião, por exemplo sobre como fazer uma roda de debate em determinado espaço, discussão que ocorre sem que discutamos o essencial: estão os militantes formados para fazer tal movimento propagandistico? caso o evento ocorra, tais militantes conseguem trazer independentes para o espaço? E a resposta geralmente é negativa camaradas, para além de uma resposta lenta por parte do núcleo, vimos isso atrapalhando nossos militantes de diferentes formas:

Exemplo 1: Konrado — não existem dúvidas da capacidade formulativa e de disputa política por parte do camarada, no entanto o nosso entendimento de que camaradas podem tocar seu trabalho político sem este estar ligado ao seu local de atuação necessariamente (peguemos por exemplo a participação que foi cogitada para o debate do DCE), isso faz com que o camarada tenha se desenvolvido enquanto quadro INTERNO da organização, nós que estamos na UJC sabemos e reconhecemos o camarada enquanto quadro, tal formação no entanto não foi capaz de o tornar uma liderança, um quadro comunista em seu próprio curso, mesmo esse tendo espaço para uma disputa de hegemonia no campo da esquerda radical.

Exemplo 2: Duda — Também não existem dúvidas da capacidade formulativa e de disputa política por parte da camarada, e apesar de a camarada ser sim uma referência na reitoria quando falamos de lideranças de base — percebemos como a grande atribuição de tarefas para a camarada, tanto a desgastou na SAP quanto enquanto presidente do CAL, mas também atrapalhou para que houvesse formulações políticas em ambos os setores (reforço, isso não é um desmerecimento acerca da formação teórica da camarada, mas sabemos que o trabalho de agitprop avançou muito operativamente e pouco politicamente, não porque a camarada não possui acúmulos, mas porque dificultamos que tais sejam socializados interna e externamente.

QUAL A PROPOSTA DE METODOLOGIA DE DELIBERAÇÃO QUE DEFENDO?

Tal proposta se dá pelos seguintes eixos: diminuição das reuniões gerais de núcleo, sendo elas responsáveis por pensarmos em como nos inserir nos espaços onde NÃO ESTAMOS INSERIDOS E SÃO PRIORITÁRIOS, assim como principalmente definir as diretrizes com as quais seguiremos o trabalho político do núcleo (que tipo de diretriz? com qual força construiremos, se seremos a favor de construção de coletivos antiopressoes e etc, já temos acúmulo político sobre nossas bandeiras, perspectiva de universidade popular e para estes serem distribuidos precisamos de formação e um mecanismo de distribuição de acúmulos. Para além disso, reuniões gerais tem caráter importante para decidirmos o que faremos com atividades gerais, disputa de CONUPE, CONUNE, DCE (permitir a autonomia dos camaradas de se desenvolverem em seus locais de atuação faz com que nossa compreensão enquanto núcleo sobre bandeiras e forma de disputa também se elevem coletivamente), para além de discutirmos questões de finanças que sobressaem atividades nos espaços de inserção (tais como vendas no couto e etc)

Figura 3: As demandas surgem nos espaços, são percebidas pelos militantes e respondidas por aqueles que estão inseridos nos espaços.

Para exemplificar: isso está em estágio embrionário na UTF, onde Gilio, Fischer e Lia, pensam sua atuação na UTF sem que isso seja constantemente avaliado pelo núcleo — isso permitiu respostas mais rápidas. Sei que a UTF é prioritária e por isso será mais constante que se paute novas formas de atuação em reunião gerais, não busco evitar isso mas sim permitir a autonomia (desde que esteja de acordo com nossa linha obviamente). Isso também é praticado pela Duda no CAL, onde pensou em atividades para o centro acadêmico sem pauta prévia em reunião. Também tem gestado com o MUP saúde, onde a decisão de sair do MCD e construir o MUP saúde foi proposto pelos camaradas já inseridos no setor, sendo apenas referendado pelo núcleo.

SOBRE O RISCO DE AUTONOMISMO — A importância de uma linha de atuação, socialização de acúmulos e unidade de ação.

O que coloco aqui não é a construção de frações independentes dentro do núcleo, a linha política a ser tocada já é referendada por nosso programa de lutas. Não precisamos de uma reunião para decidir que é positivo fazer uma atividade do MUP no setor da saúde, precisamos garantir que os camaradas saibam como tocá-la de fato caso ocorra. Um mecanismo que pode contribuir com isso é o seguinte: alternância — em vez de duas reuniões por mês para discutir o geral, uma delas pode ser de GTs específicos, para lidar com suas pautas específicas, enquanto a outra serve para trazer os repasses e lidar com as questões gerais do núcleo. Segue esquema visual:

Figura 4: Reuniões dos grupos de trabalho setoriais são realizadas para discutir demandas MENORES e ESPECÍFICAS — são acompanhadas de um membro do secretariado ao menos e tem suas relatórios disponibilizadas ao restante do núcleo para acompanhar o trabalho sendo tocado. Benefícios: menos reuniões longas, maior flexibilidade sobre formato horario e local da reunião, pautas curtas mas das quais os militantes conseguem debater politicamente com mais facilidade — Como discutir qualitativamente sobre um local de atuação do qual não temos formação, e como fazer essa discussão se isso também nos desloca de nossos próprios locais?

FIGURA 5: A reunião geral é realizada, discutindo as questões que as específicas não conseguiram responder, mas principalmente as questões que implicam a atuação geral do núcleo, benefícios: Pautas específicas já resolvidas pelos GTs setoriais não mais ocupam tanto tempo da reunião, conseguimos fazer uma discussão política mais qualitativa a respeito das linhas gerais, focando na formação de quadros de nossa militância, para além disso, o fato de reuniões específicas fracionar a quantidade de pessoas, facilita com que pessoas com mais dificuldade de colocar e formular politicamente se soltem e tenham confiança para os momentos gerais, o fato de mais pessoas precisarem fazer relatoria faz com que tenhamos mais possibilidade de rodizio para essa tarefa, isso também vale para coordenação de reunião, podendo ser realizada então por qualquer membro do secretariado.

A PROPOSTA ENVIADA PARA CONSTRUÇÃO DO REPLANEJAMENTO

MOMENTO PRÉVIO À DISCUSSÃO: Orientar os camaradas que escrevam um balanço acerca de sua atuação, da atuação do núcleo no que tange a formação, política de aliança com outras forças, agitação e propaganda, organização interna e etc. Para além disso também elaborar um momento de formação, devendo esse ocorrer antes do replanejamento, para discutirmos sobre: — O que é um partido de quadros, o que é uma escola de quadros e qual a perspectiva de atuação de tais no movimento estudantil, qual as entidades centrais e de base que buscamos construir — O que é o MUP, como surge para disputar ideologicamente o debate dentro da universidade, compreendendo ela principalmente enquanto instrumento difusor da ideologia burguesa, tendo seu papel de especialização de mão de obra subordinado a uma fuga maciça de cérebros pelo caráter dependente do capitalismo brasileiro — O que é a estratégia socialista, como se difere das outras já aderidas pelo PCB e o que isso implica em termos de agitação e propaganda e construção de espaços de poder popular (o que seria o poder popular e o espaço que o desenvolve?), como isso implica nosso processo de formação, devendo ser no sentido de um giro operário popular (como formar quadros desde o início, o que mudar no processo de recrutamento)

PARA ORGANIZAR O MOMENTO DE DISCUSSÃO: Compilar as propostas encaminhadas pelos camaradas (tanto em carta quanto no próprio momento de formação) e discuti-las ponto a ponto sobre sua aprovação ou não, coloco como exemplo as minhas: -Divisão setorial da militância responsável por tocar reuniões relativas a pautas específicas e menores, sendo acompanhada por um membro do secretariado sempre e tendo suas reatorias disponibilizadas para o núcleo, de modo a acompanharmos as discussões específicas. -Momento de alternancia entre reuniões gerais e especificas, sendo as gerais responsáveis por discutir os temas >gerais