Desconstruindo uma mentira: Como Israel bombardeou o Hospital Al-Ahly e por duas vezes mudou seu discurso

Na terça-feira à noite, mísseis israelenses caíram sobre milhares de palestinos que buscavam abrigo no Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza. O Al-Ahli é um dos maiores centros médicos palestinos na Faixa de Gaza.

Desconstruindo uma mentira: Como Israel bombardeou o Hospital Al-Ahly e por duas vezes mudou seu discurso
"O exército israelense já deixou claro, em sua declaração inicial, que era o responsável pela matança em massa."

Israel bombardeou uma escola administrada pela ONU no centro de Gaza, depois realizou um massacre no hospital Al-Ahli, assumiu a responsabilidade, mudou sua versão e, em seguida, bombardeou outro hospital.


Na terça-feira à noite, mísseis israelenses caíram sobre milhares de palestinos que buscavam abrigo no Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza. O Al-Ahli é um dos maiores centros médicos palestinos na Faixa de Gaza. Assim como outros hospitais e clínicas em Gaza, o Al-Ahli já estava com escassez de combustível, medicamentos e espaço para acomodar os milhares de feridos que sucumbiram sob o peso de suas casas devido aos bombardeios israelenses.

O ataque foi um choque, mesmo que mais de 3.000 palestinos tenham sido mortos em Gaza a partir de 7 de outubro. O choque foi resultado do fato de que Israel, alguns acreditavam, não poderia, ou melhor, não iria tão longe a ponto de matar centenas de pessoas abrigadas dentro de um hospital.

Outra razão por trás desse falso sentimento de segurança entre os civis abrigados no hospital é que o Al-Ahli, anteriormente conhecido como Al-Mamadani, é em grande parte financiado e gerenciado pela Igreja Episcopal em Jerusalém.

Infelizmente, eles estavam errados.

Reação israelense

Mas como Israel reagiu ao seu crime, considerado um dos piores na história de suas guerras contra a sitiada, empobrecida e superlotada Faixa de Gaza? Até agora, o governo israelense declarou duas posições diferentes. Precisamente às 21h37, horário da Palestina, o blog ao vivo da Aljazeera em árabe, citando o porta-voz militar israelense, escreveu:

O porta-voz do Exército de Israel afirmou: "Tínhamos alertado para evacuar o Hospital Batista (Al-Ahli) e outros 5 hospitais, para que o Hamas não os tomassem como reféns".


Essa declaração estava de fato em conformidade com outras declarações feitas pela administração do hospital Al-Ahli após o massacre. Eles afirmaram que haviam sido ameaçados de que o hospital seria bombardeado se não o evacuassem. No entanto, a evacuação era simplesmente impossível. Não apenas porque hospitais não deveriam ser bombardeados sob nenhuma circunstância, mas também porque os milhares de pacientes e suas famílias não tinham para onde ir. Outro motivo é que a maioria dos principais hospitais, incluindo o Centro Médico Al-Shifa, também recebeu avisos do exército israelense para evacuar.

Quando as notícias do massacre começaram a circular e imagens chocantes de corpos mutilados de crianças e civis começaram a aparecer em canais de televisão e plataformas de mídia social, a posição israelense começou a mudar.

A agência de notícias chinesa, Xinhua, relatou que o exército israelense havia alterado sua versão.

"O exército israelense afirmou que a morte de centenas de pessoas em um hospital na Faixa de Gaza (...) foi causada por um lançamento mal sucedido de um foguete pelo Jihad Islâmico Palestino, um grupo militante em Gaza", informou a Xinhua.

Desconstruindo a mentira

Mas isso não pode ser verdade, por várias razões:

Primeiro, ninguém na Resistência Palestina em Gaza possui bombas com esse tipo de capacidade destrutiva.

Segundo, o exército israelense já deixou claro, em sua declaração inicial, que era o responsável pela matança em massa.

Terceiro, Israel já havia bombardeado o mesmo hospital, apenas alguns dias antes, especificamente no sábado, 14 de outubro. Naquela ocasião, o bombardeio causou danos à infraestrutura.

Quarto, Israel também bombardeou outros hospitais, incluindo o hospital Al-Dura e o hospital indonésio, entre outros.

Quinta, pouco antes do massacre, aeronaves israelenses também realizaram um ataque contra uma escola administrada pela UNRWA, que abrigava civis, no campo de refugiados de Al-Maghazi, na Faixa de Gaza central, matando e ferindo dezenas.

E, finalmente, talvez ainda mais importante, é o fato de que o exército israelense continuou a bombardear hospitais, mesmo após as notícias do grande massacre.

Um desses hospitais foi o Hospital Europeu em Gaza.

"O correspondente da Al Jazeera informou que as forças de ocupação israelenses bombardearam as imediações do Hospital Europeu de Gaza, em Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza", relatou o Aljazeera Live Blog.