'Desafios e Propostas para o ME Secundarista: Chamado à Definição de Prioridades no XVII Congresso' (Jemys Henrik)

Precisamos compreender que a disputa no Movimento Estudantil não deve ser colocada como mera coisa entre nossa militância, mas sim, uma área de atuação que tem sua importância para o processo revolucionário.

'Desafios e Propostas para o ME Secundarista:  Chamado à Definição de Prioridades no XVII Congresso' (Jemys Henrik)
"Devemos ter em mente que nossa atuação no MES não foi e não está sendo colocada em prática como deveria, a formulação a nível nacional de nossa análise sobre o que pesa na vida dos estudantes secundaristas ainda não está difundida."

Por Jemys Henrik para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, início essa tribuna com grande admiração das tribunas enviadas que pautam sobre o Movimento Estudantil Secundarista (MES). Desde janeiro do ano passado (2023), componho a Comissão Nacional de ME Secundarista da UJC (CNMES) e queria muito trazer uma boa análise dos trabalhos tocados por esta comissão durante esse período, mas infelizmente, não é isso que vem ocorrendo.

Desde o IX CONUJC foi tirado que a área prioritária de atuação da UJC seria com os secundaristas, a partir disso a CNMES teria um grande trabalho de replanejamento para ser debatido e posteriormente ser colocado em prática, houveram as reuniões e com isso veio se desencadeando em uma falta de trabalho prático. Muito pode se falar que essa ausência veio por conta da cisão, mas desde antes do processo de racha não estava sendo tocada algumas coisas.

Começamos pegando como exemplo a atuação da UJC diante da proposta do Novo Ensino Médio, havia sido elaborado um plano de atuação que contaria com diversas atividades locais e nacionais para que tomássemos a frente da discussão. Porém, todo esse planejamento não foi executado e camaradas, não foi por falta de cobrança das bases, tivemos e muita! Mas poucos militantes estavam orgânicos nas suas funções e isso dificultava ainda mais, pois se havíamos acabado de sair do Congresso com uma Comissão completamente renovada e esses trabalhos não estavam indo pra frente, observamos como toda a nossa estrutura estava debilitada.

E nesse ponto que tange, devemos ter um processo nítido de crítica e autocrítica, se temos uma área prioritária de atuação e não estamos dando peso para isso, é óbvio que os trabalhos vão ser deixados de lado. Outro fator é que muitos militantes da CNMES estavam tocando suas tarefas de base, alguns estavam em Coordenações Regionais e mais o trabalho de Coordenação Nacional. Fator esse que ainda persiste em nossas fileiras e se queremos avançar em nossa linha política, precisamos compreender que os militantes destacados para determinadas funções, precisam estar tocando somente isso e não se sobrecarregando com trabalhos a parte.

Devemos ter em mente que nossa atuação no MES não foi e não está sendo colocada em prática como deveria, a formulação a nível nacional de nossa análise sobre o que pesa na vida dos estudantes secundaristas ainda não está difundida. Sem contar o projeto de escola que tanto defendemos - esse sendo o projeto de escola popular - que basicamente não estamos pautando e nem sequer construindo novas perspectivas para realidade material que nos encontramos. Como bem pontuado na Tribuna “Qual a importância da construção do ME secundarista para a Revolução Brasileira?” da camarada Pietra: “Tendo em vista que grande parte das experiências nacionais relacionadas ao MES e ao MEP ocorreram em tempos de federalismos e isolamentos ideológicos tremendos em nossa organização, ainda encontramos debilidades no que diz respeito ao compartilhamento de acúmulos e debates - problema que afeta todos os âmbitos de nossa atuação, não só este.”. Partindo dessas formulações que conseguiremos de fato construir um ME Secundarista que estava na linha de frente das lutas de nossa classe como foi historicamente.

Precisamos compreender que a disputa no Movimento Estudantil não deve ser colocada como mera coisa entre nossa militância, mas sim, uma área de atuação que tem sua importância para o processo revolucionário. Abandonar nossos trabalhos não é o caminho. Aponto ainda para a importância de que esse ano (2024) teremos o Congresso da UBES e os Estados estão “se virando” sozinhos para conseguirem tocar um trabalho prático, por essa ausência da CNMES formulando e descendo as orientações para tal. Não é dessa forma que colocamos como prioridade a disputa de uma entidade como a UBES - que diga-se de passagem nós à fundamos - que iremos retornar para a direção da mesma.

Entrando nesse debate sobre entidades é onde chega uma das maiores frustrações que passamos, tiramos no último congresso que não iríamos mais construir a FENET, mas já estamos em Janeiro de 2024 e até hoje isso não foi apresentado para as bases que não estavam no congresso, o que gerou em militantes nossos participando do último encontro da FENET e que fomos descobrir um dia antes do evento ocorrer. A partir disso, havia sido tirado uma nota para que se tornasse pública essa nossa saída e os motivos que nos levaram a essa decisão, porém até o atual momento isso não foi encaminhado.

Apresentada todas as problemáticas, apresento como proposta que precisamos definir nossas prioridades para o MES no XVII Congresso, fazendo uma leitura da atual realidade em que esses estudantes se encontram e a forma como iremos fazer essa disputa:

Primeiro ponto é que tenhamos um Plano de Direção para Entidades Estudantis, este sendo pensado e formulado pelas Comissões de Movimento Estudantil da UJC, pois sabemos que atualmente nossa militância entra em entidades e acabam perdendo posteriormente, porque não tem orientações básicas de o que fazer enquanto trabalho prático, isso gerando quebras entre nossa militância e muitos sendo afetados psicologicamente pela maneira produtivista que tocamos nossos trabalhos;

Segundo ponto é que precisamos fazer essas disputas na honestidade, apresentando as problemáticas atuais do MES para os estudantes, em que organizações rebaixam totalmente sua linha para se manter nas entidades e ser linha auxiliar do Governo Federal;

Terceiro e último ponto é construir de fato nosso projeto de Escola Popular, mas não só isso, entendendo como um local de atuação em que nossas fileiras irão crescer em quantidades inimagináveis. Pois, os estudantes secundaristas estão dispostos para construir o processo revolucionário, só faltam nossas direções também compreenderem isso.