Declaração conjunta: A Síria refém das tempestades imperialistas, sionistas e reacionárias

A situação demonstra a necessidade de dependermos de nossas próprias forças para alcançar a vitória final e a libertação nacional. Nenhuma potência imperialista pode ser instrumento para a emancipação de povos e nações.

Declaração conjunta: A Síria refém das tempestades imperialistas, sionistas e reacionárias
Reprodução: Agência Anadolu.

Declaração assinada pelo Partido Nacional Democrático Socialista da Tunísia, Partido Comunista Iraquiano e Partido Comunista Palestino

As forças que entraram em Damasco na manhã de 8 de dezembro de 2024 como conquistadoras são aliadas dos EUA, do Reino Unido, da entidade de ocupação na Palestina, além dos aliados da Turquia e do expansionismo neo-otomanista dos sonhos de Erdoğan. O mundo hoje reconhece isso sem qualquer dúvida, ciente de que esses grupos fundamentalistas, junto com oportunistas do Exército Livre Sírio, nos últimos 15 anos, receberam apoio total – armamento, treinamento e recursos financeiros – daqueles que conspiram contra a região árabe e o Oriente Médio, especialmente dos petrodólares das monarquias reacionárias do Golfo, liderados publicamente por Catar e Arábia Saudita.

Embora alguns grupos que apoiam o caos em nossos países e promovem ataques contra nós possam rotulá-los de “libertadores”, eles não são nada mais do que lacaios do imperialismo global e de suas conspirações, tramadas em Washington, Londres, Ancara, Tel Aviv, Riad e Doha, desde que foram esboçadas pelo Departamento de Estado dos EUA, sob o comando de Hillary Clinton, em 2011.

Por outro lado, fica claro que a Rússia abandonou seu aliado, Assad, não oferecendo suporte ao Exército Sírio nem participando da defesa da Síria como havia feito na primeira fase da guerra síria. Pelo contrário, costurou um acordo que resultou na rendição da Síria, forçando Assad a entregar o poder e sair. A posição do Irã permanece ambígua, especialmente após a retirada de seus diplomatas e especialistas militares.

Essa situação nos oferece lições importantes, mostrando a necessidade de dependermos de nossas próprias forças e capacidades como base para alcançar a vitória final e a libertação nacional. Nenhuma potência imperialista pode ser instrumento para a emancipação de povos e nações. O que ocorre hoje na Síria é resultado da intensificação do conflito entre as potências imperialistas, suas alianças e acordos às custas de povos e nações oprimidas.

Não apoiamos a dinastia sectária ou o partido fascista no poder. Confiamos que o povo sírio, com suas classes trabalhadoras das cidades e do campo e suas forças nacionais sinceras, continuará sua luta pela unidade territorial da Síria, expulsando todas as forças ocupantes e reconstruindo uma Síria unida e próspera. Isso só será possível superando a crise aberta pelas forças reacionárias e oportunistas que almejam o poder, com o apoio dos imperialistas e seus aliados – inimigos de um povo que sofreu décadas de repressão, silenciamento e usurpação de sua voz.

Há um risco de que os fundamentalistas repitam em Damasco o que fizeram em Idlib: execuções sumárias, cerco às massas populares, repressão das liberdades e acusações forjadas. Durante o governo da Aliança Takfirista, em Idlib, presenciamos massacres, repressão e destruição das liberdades civis.

É importante lembrar que tanto os fundamentalistas quanto outras forças que se apresentam como civis são todas controladas pelo imperialismo global e pelo sionismo, que orientam suas ações. Devido à sua natureza oportunista e hostil à liberdade, é esperado que essas forças logo entrem em conflitos sangrentos entre si, disputando interesses pessoais à custa do sangue do povo sírio e da estabilidade do país, incentivando as ambições dos inimigos.

É extremamente suspeito o silêncio dessas forças fundamentalistas diante do ataque sionista às terras sírias no primeiro dia do colapso do Estado sírio. O inimigo ocupou várias aldeias sírias, bombardeou brutalmente centros de pesquisa, aeroportos e instalações militares, além de outros alvos civis em Damasco, avançando mais de 14 km no território sírio. Este ataque foi acompanhado por ações para alterar fronteiras, violar o Acordo de 1974 e ocupar o Monte Hermon por meio de operações aéreas. Esse silêncio evidencia traições e acordos suspeitos.

O movimento marxista-leninista, em particular os partidos comunistas de nossos países, precisa compreender que a política expansionista de Erdoğan é paralela à do regime sionista, ambas sustentadas pelo apoio absoluto do imperialismo global. Os eventos na Síria são uma repetição do que aconteceu no Iraque, na Líbia e, em menor escala, na Tunísia e no Egito. Tudo isso busca a dominação do povo sírio, para saquear seus recursos e implementar os planos expansionistas do inimigo sionista com base em narrativas messiânicas e supremacistas.

Chamamos os comunistas, as forças democráticas do mundo árabe e os libertadores globais a enfrentar as agressões do inimigo sionista, condenando firmemente sua ocupação das aldeias e cidades sírias, bem como o silêncio cúmplice de grupos fundamentalistas e seus aliados. É essencial unir esforços para resistir ao avanço imperialista-sionista e combater governos fracos e traidores que cedem aos planos de nossos inimigos.

Não à intervenção imperialista, sionista e turca na Síria.
Não ao governo de grupos fundamentalistas terroristas e reacionários na Síria.
Não à guerra civil na Síria.
Pelo direito do grande povo sírio à liberdade, dignidade nacional, soberania, democracia e justiça social, longe de qualquer tutela estrangeira.