Contra a direção sindical da APEOC professores do Ceará vão pela greve
Os professores da rede estadual de ensino do Ceará amargam a precarização das suas condições de trabalho e das escolas em geral há anos, com problemas estruturais. As reformas da previdência e implementação do Novo Ensino Médio pioraram ainda mais essas condições.
Por Redação
Professores da rede estadual do Ceará votam pela greve em assembleia após total desmoralização e fuga da diretoria do sindicato APEOC (sindicato da categoria), no dia 04 de abril (quinta-feira).
O governador Elmano (PT), apesar de ter sido eleito com promessas que valorizaria o serviço público, se mostrou desde o primeiro dia de governo mais um inimigo da classe trabalhadora, sendo conhecido pela tentativa de criminalizar as lutas dos servidores e a intransigência nas negociações.
Os professores da rede estadual de ensino do Ceará amargam a precarização das suas condições de trabalho e das escolas em geral há anos, com problemas estruturais. As reformas da previdência e implementação do Novo Ensino Médio pioraram ainda mais essas condições.
A categoria soma um histórico de longas lutas para obter direitos e reajustes, e mesmo assim não tem sua data-base respeitada, retroativos não são pagos em dias e as promoções ficam congeladas. A taxação imoral de 14% dos aposentados ameaça o futuro da categoria. E, atualmente, mais de metade da categoria é formada por profissionais num regime temporário que recebem ainda menos que os efetivos, apesar de exercerem as mesmas funções.
Nesse sentido, os professores vem se organizando em crescente campanha em defesa de seus interesses nessas e outras pautas. Mesmo já tendo dado várias demonstrações de força, o governador insistia em sequer receber a categoria. Assim, os professores iniciaram a construção de um movimento paredista entrando em estado de greve, e dando indicativo de greve numa assembleia dia 26 de Março para ser votada a deflagração de greve na assembleia de 4 de Abril.
Proposta do governo Elmano
Com o crescimento da revolta dos trabalhadores, e após início de movimento paredista em várias categorias de servidores públicos estaduais, como as greves deflagradas pelos docentes da UECE, URCA e UVA, o governo Elmano decidiu apresentar uma proposta para os professores da rede estadual. Porém, a proposta é insuficiente e deixa de fora várias das principais pautas defendidas pela categoria, como equiparação salarial dos temporários, os pagamentos de atrasados, o respeito integral a data-base, entre outras.
Apesar insatisfação generalizada com a proposta e a crescente organização dos professores em suas escolas e zonais para debater e deliberar greve e paralisação, a diretoria executiva da APEOC, sindicato representativo da categoria, aprovou que iria contra os professores pra defender a proposta do governo na assembleia de 4 de Abril.
A assembleia
A assembleia do dia 4 de Abril começou com a chegada dos professores ao Ginásio Aécio Borba aos milhares, com caravanas de todo o estado, convictos da necessidade de rejeitar a proposta do governo e da diretoria sindical e votar a deflagração da greve, como havia sido decidido na assembleia anterior. Já na entrada e filas de credenciamento agitando com palavras de ordem “Greve Geral, no interior e capital!”. Também pairava um clima de grande desconfiança com os chefes sindicais da APEOC, tentativas de golpe da mesa pra defender o governo e não votar a greve eram esperadas, mas os professores reafirmavam que só iam sair do estádio com a greve deflagrada.
Com a composição da mesa, com a diretoria do sindicado, não tardou para que os primeiros protestos começassem. A mesa inchou falas exaustivamente, com informes que alegavam que a segurança jurídica que existia até o momento tinha sido perdida, defesa do governo e tentativas de dividir os trabalhadores dizendo que se os professores negassem aquela proposta, então outras categorias iriam ter vantagens. Os professores não cederam às chantagens e entoavam que queriam a greve e rechaçavam as falas dos conciliadores.
Quando a mesa percebeu que não tinha como enganar os milhares de professores a tática passou a ser a tentativa de implodir a assembleia e vencer pelo cansaço, interrompendo as falas inventando factoides, tumultuando, caluniando e ameaçando professores de processo, e acusando que os professores ali presentes eram massa de manobra, chegando a chamar os professores que defendiam que a vontade da maioria fosse ouvida de fascistas por defender a soberania da assembleia e da democracia sindical. E a beira do palco mais de uma dezena de bate-paus da diretoria tentavam intimidar os professores. Assim, se seguiram quatro horas de assembleia.
Alguns professores já tinham se prevenido, durante as falas foram mostradas várias vezes com crachás levantados que a greve foi aprovada com ampla maioria. Mas, ao fim das falas, com a mesa já totalmente desmoralizada se tentou mais um golpe, a mesa disse que não iam colocar a greve pra ser votada, tentando mudar o objeto em discussão por cima da assembleia e deslegitimar as votações anteriores.
Uma companheira subiu no palco pra defender a soberania da assembleia e foi covardemente agredida pelos bate-paus da diretoria. Nesse momento a paciência dos professores se rompe, sobem pra defender as companheiras e companheiros que estão no palco sendo agredidos e a diretoria é expulsa da condução da mesa, e posteriormente sai escoltada pelos seus trogloditas enquanto recebe uma salva de cadeiras.
Encaminhamentos da assembleia
Após a expulsão da diretoria da condução da mesa, os professores presentes se organizaram pra defender que as votações que aprovaram a greve eram legitimas, e que seguiriam a construção da greve geral atropelando os chefes sindicais e governo. Marcando como primeira atividade um ato na segunda-feira, 8 de Abril, às 8 horas no Palácio da Abolição.
A professora agredida foi acompanhada por companheiras e companheiros para abrir um Boletim de Ocorrência.