Com apoio da polícia militar, ruralistas assassinam liderança indígena no sul da Bahia
Na tarde deste domingo (21), ruralistas, com apoio da polícia militar, balearam três lideranças indígenas do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, no município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia.
Na tarde deste domingo (21), ruralistas, com apoio da polícia militar, balearam três lideranças indígenas do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, no município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia.
O cacique Nailton Pataxó foi um dos baleados e sua irmã, a pajé Maria de Fátima Muniz Pataxó, conhecida como Nega Pataxó, foi assassinada. Além disso, outras duas pessoas foram espancadas e uma indígena teve seu braço quebrado.
O cerco foi planejado por um grupo de ruralistas através de um grupo de WhatsApp, após o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe iniciar a ocupação de uma fazenda construída irregularmente na Terra Indígena Caramuru, na madrugada do último dia 20.
Os ruralistas cercaram a área da fazenda com dezenas de caminhonetes e, junto com a polícia militar do estado da Bahia, governado por Jerônimo Rodrigues (PT), atiraram contra os indígenas que reivindicavam seu território, que revidaram o ataque com arcos e flechas, ferindo um dos fazendeiros invasores.
Em vídeo é possível ver os indígenas feridos no chão, sem receber nenhuma assistência da polícia militar, enquanto os ruralistas comemoram tal massacre.
Além da cachina, neste domingo também completou um mês do assassinato do cacique Lucas Pataxó Hã-Hã-Hãe, executado no último dia 21 de dezembro quando foi emboscado e cercado por três pistoleiros encapuzados enquanto voltava de motocicleta para sua aldeia com seu filho na garupa, que presenciou a cena.
A prática de fazendeiros invadirem a Terra Indígena Caramuru está se tornando cada vez mais frequente. A recente aprovação do Marco Temporal (PL 2.903/2023) pelo Senado brasileiro legitima o domínio dos ruralistas, facilitando e acobertando invasões mais agressivas em terras indígenas.
A polícia militar baiana apoiou e legitimou a ação. De acordo com reportagem veiculada pela Teia dos Povos, a polícia fechou todos os acessos da região junto com os fazendeiros e assistiu os mesmos abrirem fogo contra o Povo Pataxó. É importante recordar que a polícia baiana é a segunda que mais mata no Brasil, sendo que em 2023 a Bahia bateu recorde de chacinas em ações policiais.
Até agora o governo Jerônimo Rodrigues, que se elegeu como primeiro governador indígena do Brasil, não deu respostas em relação à situação e sobre a ação da Polícia Militar, sob direção do governo do Estado.