'Colonização das Assembleias de Deus em Guiné-Bissau' (Matheus Henrique Mattos)
Enquanto cristãos de dois países têm unidade de ação para colonizar países africanos, nós não conseguimos nem ter um internacionalismo descente, e o pior: mal conseguimos abertura de escolas para poder falar do comunismo. Essa é a liberdade religiosa do Brasil.
Por Matheus Henrique Mattos para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Em um dos textos da redação ‘‘assimilação para acabar com a cultura colonizada’’ texto de Clóvis Moura, que cita Amílcar Cabral e seu livro Arma da teoria, na orelha do livro, livro esse que tem no Marxists, o texto diz um pouco sobre a Candomblé e Umbanda, Umbanda religião que tem suas origens no Candomblé, e fala como a religião foi colonizada pelo cristianismo e com isso tendo uma matriz da umbanda cristianizada.
Me fez lembrar um pouco das ações missionárias da Assembleia de Deus(AD), principalmente pelo texto de Clóvis Moura que cita Amiciliar Cabral, na orelha do livro de A Arma da Teoria reinscrito por Carlos Comitini, diz um pouco sobre a independência de Guiné-Bissau, isso me fez relacionar com as ações missionárias, que um dos missionários da Assembleia de Deus de Jundiaí colonizou. Queria contar um pouco o rastro dessa colonização.
Pedro de Souza, foi enviado para Guiné-Bissau, para um projeto de evangelização de crianças, criado pela Missão da Assembleia de Deus dos Estados Unidos liderado pelo pastor Norman Anderson. No próprio livro que cita a história da igreja da Assembleia de Deus de Jundiaí ‘’Uma história de perseverança e Frutos’’ escrito pelo Ezequias Soares Pastor presidente da Assembleia de Deus de Jundiaí. Diz sobre Guiné-Bissau:
‘’A Assembleia de Deus da Guiné-Bissau, foi oficialmente fundada em 1991, pela missão americana. Mas o início do trabalho remonta a 1986. O pastor Júlio Panfon Uagna, o primeiro Pastor ordenado na AD guineense, conta que naquele ano (1986) quando ele morava em Colda, em Senegal, havia ali um casal de guineenses que construíram um salão em seu próprio terreno para realizarem cultos. Esse irmão era Chico, um homem simples que não sabia (LER), mas era muito dedicado à obra do Senhor. Ele orava para que um pastor ou missionário assumisse aquele trabalho. O pastor Júlio estava se preparando para se casar com a irmã Gina. Mas como o irmão Chico não podia realizar, o casal foi à cidade de Bafatá, onde conheceu o missionário brasileiro José Ferreira, que trabalhava na igreja Evangélica. O ano era de 1989. O pastor Júlio convidou esse missionário para cuidar do trabalho iniciado pelo irmão Chico, mas ele não pode aceitar o convite e indicou o pastor Otávio Marques, que estava em Senegal e era ligado a Missão da AD americana. O irmão Júlio escreveu uma carta para o pastor Otávio, convidando-o e ele aceitou, ficando responsável por aquela igreja em Colda. Nessa época, o pastor Norman Donald Anderson que era o diretor da África Lusófona e o missionário Vernon Fink, que trabalhava no Senegal, representava o concílio das AD da América do Norte’’
Foi assim em 1991 que o Pastor Norman Anderson teve a união com os missionários americanos, para que tivessem então contato com os missionários brasileiros de Jundiaí em 1993, o Casal Souza, Pedro e sua esposa Rachel treinou professores para dar aulas Bíblicas nas escolas públicas em Guiné-Bissau, com isso construíram o primeiro templo deles, com tamanho de 242 m² no bairro Cuntum, na capital. Continuando através do livro deles que descreve a colonização missionária, Ezequias diz:
‘’Em 1994, nossos missionários já haviam preparado 8 professores para atender a 13 escolas públicas ensinando. E Sistematicamente uma vez por semana, a palavra de Deus; 2200 alunos participaram dos ensinamentos bíblicos e 77 pessoas já faziam parte do primeiro batismo. Em 1995, o missionário pastor Troy Trout assumiu a liderança da missão, substituindo o pastor Randall, substituindo o pastor Randal que depois de passar um tempo nos Estados Unidos, foi transferido novamente para o Brasil. Nesse ano, já eram 14 professores; 2.347 alunos atendidos em 24 escolas; mais de 91 pessoas batizadas e o segundo templo, com 242 m² foi construído no bairro kilélé. Também em Bissau, capital.’’
Só com esse trecho, podemos ver como o internacionalismo da igreja, funciona bem melhor que o nosso, em um ano os missionários brasileiros juntaram força com os dos EUA para poder então colonizar Guiné-Bissau, através de professores cristãos conseguindo em um ano, juntar 14 professores, e 2.347 alunos de 24 escolas. Continuando a colonização do discurso fundamentalista na África, Ezequias Pastor presidente das AD Jundiaí, diz:
‘’Em 1997, foi construída a primeira igreja evangélica do interior, a 70 Km de Bissau, em Gã-Mamudo, com área de 111 m². No bairro Bambadinca, em Bissau, foi construído um pequeno templo, semelhante ao de Lala-Quema, também com 72 m²; mais 79 novos irmãos foram batizados; 2.700 crianças participaram do ensino bíblico nas ESCOLAS PÚBLICAS’’
Nosso trabalho como comunistas nas escolas no Brasil é visto como ideologia, em 3 anos os missionários dos EUA e Brasil conseguiram através de escolas públicas, em um país que tinha um analfabetismo altíssimo, usando dessa fragilidade para embriagar os alunos com a bíblia, e com isso crescer as ideologias deles, lembrando que os discursos bíblicos da AD são fundamentalistas. Porém a história não acaba por aí, Ezequias continua a narrar a aventura de Pedro Souza e Rachel na África:
‘’em 1998, ao chegar ao país depois de um período de férias no Brasil, o casal enfrentou uma situação difícil. Uma revolta militar transformou Bissau num verdadeiro caos. Antes que tivessem tempo de visitar as igrejas, a guerra civil estourou no País.’’
Esse episódio comentando sobre a guerra civil em Guiné-Bissau, Pedro julga de conspiração de terroristas, em um de seus cultos que fiéis participam, já soltou frases racistas para referir a esses episódios, o pastor presidente Ezequias no livro diz de forma neutra sobre o episódio:
‘’O presidente de Guiné-Bissau, acusado de corrupção, pediu ajuda ao governo do Senegal. Com chegada das tropas do Senegal, a Guerra estourou...’’
Mas voltando à história desse episódio, essa guerra fez o casal tentar se refugiar para China. No aeroporto junto com os refugiados, segundo o livro da igreja existiam pelo menos 700 refugiados nesse episódio, ambos começaram a embriagar os refugiados com ópio, lembrando que o discurso da AD é fundamentalista. Foi exatamente no momento que os refugiados segundo o Ezequias ‘’...estavam aflitos, cansados, alguns doentes, sem notícia dos filhos, dos maridos, das esposas e parentes;’’ que embriagaram eles com Ópio, o casal passou um tempo com os refugiados preferindo ficar no aeroporto, com o ‘’espírito apostólico’’ conseguiram 43 conversões. Esse ‘’espírito apostólico’’ é o que leva a igreja crescer dia após dia. Mas avancemos a história da colonização cristã em Guiné-Bissau através do português de Ezequias, que estudou na USP.
‘’O projeto Instituto Bíblico da Assembleia de Deus na Guiné-Bissau (Ibad-GB) foi lançado pela igreja de Jundiaí em 2007. O instituto suprirá a necessidade não apenas da igreja guineense, mas também dos países vizinhos, que igualmente carecem de formação de obreiros.
O instituto bíblico será construído em um terreno de 3.200 m² localizado em área NOBRE de Bissau, doado pela missão dos EUA que no início dos anos 90 iniciou o trabalho ali. Serão 1900 m² de construção, incluindo alojamentos, refeitório, salas de estudos, além de salas de aula, BIBLIOTECA, laboratório de informática e outras acomodações. O ibad-GB é um sonho que está a passo de se transformar em realidade.’’
Terminemos com isso amigos, enquanto cristãos de dois países tem uma unidade de ação para colonizar países africanos, nós não conseguimos nem ter um internacionalismo descente, e o pior mal conseguimos abertura de escolas para poder falar do comunismo, essa é a liberdade religiosa do Brasil, e esse é o crescimento do Comunismo no Brasil.