Campinas: Célula Laudelina de Campos Melo adere ao Manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB
Durante todo esse momento crítico da crise partidária, nosso organismo de base buscou atender ao chamado do debate, construindo sua posição coletiva e buscando formas de atuar em meio à tempestade.
Na última segunda-feira, dia 14 de agosto de 2023, a Célula Laudelina de Campos Melo, em Campinas/SP, formou maioria pela adesão ao Manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB.
Durante todo esse momento crítico da crise partidária, nosso organismo de base buscou atender ao chamado do debate, construindo sua posição coletiva e buscando formas de atuar em meio à tempestade. Desde o dia 15 de abril do presente ano, data de publicação do texto do camarada Ivan Pinheiro, “Desvios político-ideológicos que o MCI deve superar”, nosso organismo entrou em um esforço crescente de promover amplos debates internos, acompanhando a acelerada escalada das tensões na luta interna durante os meses que sucederam o até então saudável e fraterno debate público de nossos camaradas. Nesses debates, formamos internamente um consenso quanto à necessidade do XVII Congresso Extraordinário (ainda antes que essa bandeira fosse sugerida a público pelos camaradas expulsos) como único meio possível para a resolução da profunda crise que assola nosso partido. Da síntese desses debates, ficou decidido por maioria que:
A célula assina o Manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, adere ao PCB-RR e elenca como tarefa imediata dos comunistas brasileiros a construção do XVII Congresso (Extraordinário) do PCB.
Seria reducionista demais caracterizar a crise em curso como um debate extrapolado de teses sobre relações internacionais, tampouco como um arroubo personalista centrado na figura de dois ou três camaradas de maior projeção. É evidente, inclusive, que a origem da crise remonta a momentos que precedem em muito às idas de Edmilson Costa e Eduardo Serra a fóruns internacionais de caráter social-chauvinista. Embora o episódio tenha cumprido a função essencial de desvelar o silêncio e a conivência da atual composição do CC, é preciso estabelecer um diálogo franco nas bases para discutir a principal questão que surge da crise: qual é a legitimidade diretiva do Comitê Central nomeado no XVI Congresso e de sua política?
A frágil e artificial cisão entre as questões internacional e nacional desmorona quando analisada de forma radical. É claro, houve um momento inicial em que não estava claro para grande parte da militância o porquê de tanto alarde diante da “pequena divergência” trazida na denúncia da participação de Edmilson e Eduardo na Plataforma Mundial Anti-Imperialista (PMAI), onde fizeram coro com uma leitura liberal do campo internacional, alinhada às concepções de “multilateralismo” e do anti-imperialismo vulgar, em uma clara guinada à direita por parte do CC. Com o tempo, porém, ficou demonstrado que isso era só mais um detalhe na disputa entre linhas rivais dentro de um partido. As diferenças se tornam escandalosas quando observamos a vacilação em posicionar o partido, de maneira clara, como oposição ao atual governo de conciliação de classes (como consta no item 122 da Resolução 2 do XVI Congresso); ainda mais escandalosas se considerarmos o federalismo organizativo desmobilizador e burocrático ou a concepção de partido da atual fração dirigente do CC, que se distancia a passos largos da vanguarda de tipo leninista, rumando a uma rebaixada agremiação de massas.
O atual arranjo burocrático do PCB, uma vez derrubada a ilusão de que este seja um pretenso partido de vanguarda, se aproxima na prática de um típico partido de massas. A função das bases no PCB – de suas massas – é a de seguir os comandos diretivos sob uma fidelidade genérica, que já não mais é construída na confiança mútua entre dirigidos e dirigentes, muito menos na construção coletiva dos rumos políticos da militância partidária, mas no que se convencionou chamar de “pecebismo”. Somos manobrados a não discutir, a não conduzir uma plenária municipal em tempo hábil, a manter o ritmo das tarefas cotidianas (arrancadas de qualquer sentido político), fingindo que nossos camaradas, amigos e referências não estão sendo calados, perseguidos e expulsos. Fomos bombardeados por “pregações morais, incentivos sentimentais, mitos messiânicos de expectativa de épocas fabulosas nas quais todas as contradições e misérias do presente serão automaticamente resolvidas e sanadas”. Camaradas, sejamos sinceros, o campo da moral e da romantização messiânica tem sido o refúgio dos covardes por todo o país desde o início dessa crise, um abrigo confortável contra a “terrível” discussão política e organizativa que os acua.
Estamos convictos de nossas sólidas posições diante da crise, que crescentemente divergiam daquelas tidas como oficiais pela fração que, a partir da direção nacional e seus prepostos em instâncias menores, tomou de assalto o nosso partido; fração esta que pouco fez questão de nos prestar esclarecimentos e fundamentar de forma honesta suas decisões e atos, constrangendo o debate e aumentando a vigilância e a perseguição dos camaradas críticos. Entendemos que o horizonte de disputa pelas vias internas de debate se esgotaram e que era questão de tempo para que, um a um, fôssemos chutados para fora do Partido Comunista Brasileiro.
Diante da política do Comitê Municipal de barrar nossa proposta de plenária com participação de todo o complexo partidário municipal, propondo realizá-la apenas em 2 de setembro - quando, evidentemente, o debate estaria gravemente maculado pelas expulsões e desligamentos consequentes da crise -, pudemos confirmar a realidade de que as vias internas de debate já não nos permitiriam proceder com a posição sólida consensuada em célula. Ademais, na segunda-feira, o CM campineiro, mediante a assistência, anunciou a abertura de processo disciplinar contra três de nossos camaradas. Entre os motivos elencados para a abertura destes processos, até mesmo “postagens públicas” em redes sociais foram usadas. Outro dos processos levava em conta que nosso camarada compunha a UJC-SP, uma “instância que aderiu a outra organização”, nas palavras de nosso CM; sabemos, portanto, que a UJC-SP teve todos os seus militantes expulsos sumariamente por circular interna da CPR-SP do PCB, tendo o retorno ao partido assegurado mediante mensagem que garantisse a “fidelidade ao PCB”. Foram as ameaças, em meio ao ambiente de tensionamento insustentável que os espaços internos da célula se tornaram – que já prejudicava a regular execução dos trabalhos práticos e a discussão fraterna entre militantes –, o fator decisivo para a nossa cisão.
É indispensável apresentar àqueles que leem esta nota uma autocrítica referente à maneira que se deu todo o processo que culminou na última segunda-feira. Submetidos a um longo e duro balanço crítico e autocrítico de todo o tortuoso caminho que nos trouxe à nossa cisão, reconhecemos que esta se deu de maneira precipitada em relação ao posicionamento vacilante ou inexistente da minoria da célula que hoje se mantém nas fileiras do PCB. Ainda que não nos seja segredo que há, entre estes, aqueles que preferiam manter o silêncio nos espaços coletivos enquanto buscavam costurar acordos pelos bastidores ou tocar campanhas difamatórias em mesas de bar. Por mais que as decisões possam ser explicadas e justificadas pelo clima persecutório e insalubre que foi instalado pelas direções em nossa convivência partidária, em circulares de plena distribuição ou por táticas veladas, entendemos que houve sim erros na condução deste processo, e nos comprometemos, coletivamente, em mostrar, na prática, que estes erros não mais terão espaço em nossa atuação política. Em nosso juízo, esta adesão deveria ter sido resultado de ampla discussão com todo o complexo partidário, no formato da plenária municipal que propusemos inicialmente. Nesse espaço, finalmente se romperia com a seletividade política aplicada aos coletivos, e finalmente poderíamos conversar com os camaradas da base de forma fraterna, coletiva e democrática. No entanto, prejudicado o formato da ampla discussão proposto inicialmente, resta este balanço autocrítico de como os ânimos escalaram até o presente momento, e da forma pela qual conduzimos o posicionamento da Célula Laudelina isoladamente.
É importante salientar diante disso, que nossas portas não estão fechadas aos camaradas que não seguiram inicialmente esse caminho conosco. Pelo contrário, é de nosso interesse estabelecer um franco debate com aqueles que permanecem nas fileiras do PCB e seus coletivos, na tentativa de criar uma unidade de ação com os comunistas da cidade, livre dos sectarismos e das conversas de corredor, na busca pelo socialismo.
Rumo ao XVII Congresso Extraordinário!
Viva o Poder Popular e o marxismo-leninismo!