Carta ao 23º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários

O cenário internacional tem apresentado desafios gritantes ao Movimento Comunista Internacional e não podemos fechar os olhos para as divergências que há entre nós.

Carta ao 23º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários
"Esse cenário de degradação e crise do capitalismo global também aprofunda ainda mais a acomodação das forças políticas da ordem aos ditames da burguesia"


Por Comitê Nacional Provisório do Movimento Nacional em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB (PCB-RR).

A todos os Partidos presentes no 23º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários,

Recebam a nossa saudação revolucionária pela realização deste tão importante encontro. Gostaríamos de saudar particularmente os camaradas do Partido Comunista da Turquia (TKP) pela tarefa de anfitriões do 23º EIPCO, sediado em Izmir.

O 23º EIPCO ocorre em um cenário de grandes movimentações das classes sociais em luta, ainda maior do que o 22º EIPCO, ocorrido em Havana, Cuba. Não apenas vemos hoje a continuidade da guerra imperialista na Ucrânia, mas também a heroica resistência do povo palestino na luta contra o Estado sionista-colonialista de Israel tomando a forma de um conflito mais agudo a partir das operações militares deflagradas no começo do mês.

Entendemos que as causas subjacentes desses eventos são as mesmas: um cenário de avanço dos interesses da burguesia, em escala global, contra os interesses dos trabalhadores. Se na Ucrânia vemos o desenvolvimento de uma guerra em que nenhum dos lados têm nada a oferecer ao proletariado global, na Palestina vemos um levante militar e de massas contra o colonizador e uma defesa dos interesses do povo palestino, em geral, e da classe trabalhadora palestina, em particular. Enquanto isso, os trabalhadores na França enfrentam um ataque frontal às suas aposentadorias; os gregos combatem o fogo das queimadas e a água das enchentes sem qualquer medida protetiva vinda do governo; já se prepara uma nova incursão das “forças de paz” da ONU no Haiti; os mapuches chilenos sofrem com a militarização de seu território pelo governo de Gabriel Boric - no mundo todo, uma resposta organizada da classe trabalhadora em luta com independência e consciência de classe ainda está por se apresentar de maneira massiva e coordenada.

O setor majoritário da esquerda, no Brasil e no mundo, com análises liberais da cadeia imperialista, aponta os BRICS como uma força “anti-imperialista” por sua oposição ao bloco EUA-União Europeia em termos de influência e partilha de países como parceiros comerciais e militares. Isso é uma leitura falsa da dinâmica concreta da luta de classes contemporânea. Em primeiro lugar porque reafirmam a mesma dinâmica capitalista para os países-membro e seus parceiros comerciais, ainda que em um grau de intervenção política e militar menor que os EUA. Em segundo lugar porque, ainda mais com a expansão dos BRICS, haverá neles grandes parceiros econômicos e políticos dos próprios EUA, como Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

Esses temas são, naturalmente, fontes de grandes divergências no seio do movimento operário internacional. Da mesma forma que no século passado a concorrência internacional dos capitais monopolistas culminou na Primeira Guerra Mundial, hoje essa disputa potencializa os conflitos inter-imperialistas. Acreditamos que a Guerra da Ucrânia indica uma tendência de acirramento das tensões entre o bloco EUA-UE e o bloco Rússia-China, que “mundializa” a guerra, na medida em que competem pela partilha dos mercados e recursos do mundo.

É por esses motivos que também combatemos a visão de que “o fortalecimento dos BRICS abre espaço para um mundo multipolar”, que possibilitaria novas vitórias da classe trabalhadora. A “multipolaridade” defendida por setores social-democratas e social-liberais nada mais é do que a aparência do processo cuja essência é a decadência da hegemonia estadunidense no cenário geopolítico global. Em vez de “um projeto de desenvolvimento global, sustentável, baseado na cooperação entre todos os povos, o direito das nações decidirem sobre seus próprios destinos, além da firme proposta de que a ordem internacional seja baseada em leis e não na força” (como afirmam os BRICS sobre si mesmos), veremos aumentarem as contradições dentro da cadeia imperialista global e as burguesias dos diversos países terão a oferecer nada além de maior exploração, para aumentar a competitividade global, e alianças com setores da classe trabalhadora a fim de espoliar outros povos, reforçando com superlucros o conhecido fenômeno da “aristocracia operária”.

Ainda é fundamental perceber o quanto esse cenário de degradação e crise do capitalismo global também aprofunda ainda mais a acomodação das forças políticas da ordem aos ditames da burguesia, mesmo entre as forças que se consideram “da classe trabalhadora”. Se já eram claros os ataques das forças reacionárias aos comunistas nos países em que a extrema-direita, por golpe ou por eleição, subiu ao governo (como o caso dos assassinatos e prisão de inúmeros militantes do Partido Comunista da Ucrânia); os retrocessos em escala global também são abraçados pelas forças da social-democracia. Assim, por exemplo, é na Venezuela, o processo tido como mais “avançado” da assim-chamada “onda rosa” de governos “progressistas” na América Latina, em que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) aparelhou os órgãos do judiciário e tenta fazer uma intervenção jurídica no Partido Comunista da Venezuela (PCV) – luta na qual o PCV tem contado com o apoio de parte significativa do Movimento Comunista Internacional. O objetivo, tanto da extrema-direita quanto da social-democracia, é extirpar a saída revolucionária, a única oposição verdadeira ao modo de produção capitalista. É fundamental, em momentos como este, declararmos nossa absoluta e irrestrita solidariedade aos comunistas venezuelanos por mais um ataque, do qual sabemos que sairão com mais iniciativa e firmeza revolucionária do que nunca!

No Brasil, o avanço da agenda da burguesia tem se dado, no momento atual, pelas mãos de um governo assim-chamado “progressista”, de “frente ampla”, de “reconstrução nacional”, mas que não passa de um governo social-liberal, comprometido amplamente com a manutenção não só do capitalismo, mas também das contrarreformas trabalhistas e privatizações implementadas pelos seus antecessores, o governo golpista de Michel Temer e o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. O atual governo Lula-Alckmin já aprovou um novo Teto de Gastos, que mantém sufocados os investimentos estatais nos serviços públicos que mais afetam a classe trabalhadora, como educação, saúde, seguridade social; já se comprometeu a impedir o aumento de salários dos servidores públicos, desafiando até mesmo os pisos constitucionais orçamentários para saúde e educação; está organizando uma nova onda de privatizações, através de “parcerias público-privadas”, que avançam para serviços públicos até então 100% públicos, como os presídios; e incorpora em ritmo acelerado representantes dos partidos burgueses em seu governo, inclusive com elementos advindos da base de apoio do governo anterior, de Jair Bolsonaro.

Compreendemos, diferentemente daqueles que se iludiram no ano passado crendo que a diferença entre Lula e Bolsonaro seria “a luta entre civilização e barbárie”, que o governo Lula representa a nova gestão da barbárie capitalista em nosso país, a “outra face da moeda” do capitalismo dependente brasileiro. As classes dominantes brasileiras, depois de usarem o viés fascista de Bolsonaro para aprofundar a exploração e a destruição de direitos sociais e trabalhistas, apoiaram Lula nas últimas eleições e seguem apoiando seu governo para manter todos os retrocessos consolidados pelos governos anteriores, legitimar e normalizar a institucionalidade burguesa que lhes assegura a hegemonia política e colocar nossos recursos naturais, produtos primários e mão de obra barata à disposição de investidores estrangeiros, para assegurar a reprodução do seu capital.

Esse cenário internacional tem apresentado desafios gritantes ao Movimento Comunista Internacional e não podemos fechar os olhos para as divergências que há entre nós. Como em outros momentos difíceis da história do capitalismo, vemos que existem caminhos seguidos pelas organizações da classe trabalhadora que se aferram ao sentido revolucionário, marxista-leninista, e trabalham para a construção da Revolução em seus países e no mundo todo; outras organizações buscam diluir seu conteúdo de classe e deslizam para posições pequeno-burguesas e até mesmo burguesas em seu programa, em sua leitura do imperialismo e até mesmo em suas questões organizativas. Se, hoje, nos apresentamos ao Movimento Comunista Internacional organicamente separados do PCB, é porque também essa divisão ocorreu no seio do nosso Partido. Já comunicamos aos partidos participantes do EIPCO as violações que o CC do PCB cometeu contra as resoluções do nosso XVI Congresso Nacional, realizado em 2021, e infelizmente não houve qualquer autocrítica desses camaradas. Ao contrário, optaram pela cisão de nosso Partido para completar o giro à direita nas posições sobre política nacional e internacional. Lamentamos imensamente o rumo que a maioria do CC do PCB decidiu tomar.

Entendemos que esse momento vai exigir grande fortalecimento da unidade ideológica no seio do campo comunista revolucionário em nível global. Não podemos deixar as posturas oportunistas e reformistas ganharem força nem em nossos Partidos, nem nos demais Partidos Comunistas e Operários. Entendemos que todos nós temos não apenas necessidade, mas responsabilidade com o rumo da luta revolucionária da classe trabalhadora no mundo todo. Precisamos enfrentar de cabeça erguida as lutas ideológicas que se desenvolverão entre as organizações comunistas em todo o mundo, sabendo que elas definirão linhas importantes entre as organizações - e sabendo que a linha que deve prevalecer é a da estratégia revolucionária na luta pelo socialismo e pelo comunismo, sem concessões a nenhuma burguesia, a nenhum Estado capitalista, a nenhuma força oportunista que defenda um “capitalismo humanizado”.

É com essa mensagem que queremos saudar, uma vez mais, o 23º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, indicando nosso desejo e objetivo de integrar as fileiras do Encontro a partir de sua próxima edição.

Jamais deixaremos de lado o internacionalismo proletário e nosso compromisso com a classe trabalhadora, porque temos a tarefa de desenvolver a unidade ideológica em torno do marxismo-leninismo entre os Partidos Comunistas do mundo todo.

VIVA O ENCONTRO INTERNACIONAL DOS PARTIDOS COMUNISTAS E OPERÁRIOS!
VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO!
VIVA O MARXISMO-LENINISMO!


Letter to the 23rd International Meeting of Communist and Workers' Parties

Provisional National Committee

National Movement in Defense of the Revolutionary Reconstruction of the PCB (PCB-RR)

To all Parties at the 23rd International Meeting of Communist and Workers' Parties,

please receive our revolutionary greetings for holding this important meeting. We would particularly like to congratulate the comrades of the Communist Party of Turkey (TKP) for the task of hosting the 23rd IMCWP, to be held in Izmir.

The 23rd IMCWP takes place in a scenario of great movements of the struggling social classes, even greater than the 22nd IMCWP, which took place in Havana, Cuba. Not only do we see today the continuation of the imperialist war in Ukraine, but also the heroic resistance of the Palestinian people in the fight against the Zionist-colonialist State of Israel taking the form of a more acute conflict following the military operations launched at the beginning of the month.

We understand that the underlying causes of these events are the same: a scenario where the interests of the bourgeoisie advance on a global scale against the interests of workers. If in Ukraine we see the development of a war in which neither side has anything to offer the global proletariat, in Palestine we see a military and mass uprising against the colonizer and a defense of the interests of the Palestinian people in general, and of the palestinian working class in particular. Meanwhile, workers in France face a frontal attack on their pensions; the Greeks fight bushfires and floods without any protective measures from the government; a new incursion by UN “peace forces” into Haiti is already being prepared; the Mapuche of Chile suffer from the militarization of their territory by the government of Gabriel Boric - all over the world, an organized response from the working class in struggle with independence and class consciousness has yet to present itself in a massive and coordinated way.

The majority sector of the left, in Brazil and around the world, through liberal analyses of the imperialist chain, point to the BRICS as an “anti-imperialist” force due to its opposition to the USA-EU bloc in terms of influence and the dispute for countries as trade and military partners. This is a false reading of the concrete dynamics of contemporary class struggle. Firstly because they reaffirm the same capitalist dynamics for member countries and their trading partners, albeit with a lower degree of political and military intervention than the USA. Secondly because it will include major economic and political partners of the USA itself, even more so with the expansion of the BRICS, such as Saudi Arabia and the United Arab Emirates.

These issues are, naturally, sources of great divergences within the international workers’ movement. In the same way that in the last century the international competition between monopoly capital culminated in the First World War, today this dispute boosts inter-imperialist conflicts. We believe that the War in Ukraine indicates a tendency for tensions to increase between the US-EU bloc and the Russia-China bloc, which “globalizes” the war, as they compete on the dispute for the world's markets and resources.

It is for these reasons that we also oppose the view that “the strengthening of the BRICS opens space for a multipolar world”, which would enable new victories for the working class. The “multipolarity” defended by social-democratic and social-liberal sectors is nothing more than the appearance of a process whose essence is the decline of US hegemony in the global geopolitical scenario. Instead of “a global, sustainable development project, based on cooperation among all peoples, the right of nations to decide on their own destinies, in addition to the firm proposal that the international order be based on laws and not on force” (as the BRICS assert about themselves), we shall see contradictions within the global imperialist chain increase and the bourgeoisies of different countries will have nothing more to offer than greater exploitation, an increase in global competitiveness, and alliances with sectors of the working class in order to plunder other peoples, reinforcing the well-known phenomenon of “labour aristocracy” with super-profits.

It is also essential to understand how this scenario of degradation and crisis of global capitalism also deepens further the accommodation of political forces of the order under the precepts of the bourgeoisie, even among the ones that consider themselves to be “working class” forces. If the attacks by reactionary forces on communists were already clear in countries where the far-right, by coup or election, came to government (as in the case of the murders and arrests of countless militants of the Communist Party of Ukraine); setbacks on a global scale are also embraced by the forces of social-democracy. Thus in Venezuela for example, considered the most “advanced” process of the so-called “pink wave” of “progressive” governments in Latin America, where the United Socialist Party of Venezuela (PSUV) has rigged the judiciary institutions and attempts to carry out legal intervention in the Communist Party of Venezuela (PCV) – a struggle in which the PCV has had the support of a significant part of the International Communist Movement. The goal of both the far-right and social-democracy is to eradicate the revolutionary alternative, the only true opposition to the capitalist mode of production. It is essential, at times like this, that we declare our absolute and unrestricted solidarity with the Venezuelan communists under yet another attack, from which we know they will emerge with more initiative and revolutionary firmness than ever before!

In Brazil a bourgeois agenda’s advancement is taking place, currently, by the hands of a so-called “progressive” government, with a “broad front”, for “national reconstruction”, but one which is nothing more than a social-liberal government, broadly committed to maintaining not only capitalism, but also the labour counter-reforms and privatizations implemented by his predecessors, the putschist government of Michel Temer and the far-right government of Jair Bolsonaro. The current Lula-Alckmin government has already approved a new “Expenditure Ceiling”, which stifles state investments in key public services that most affect the working class, such as education, health, social security; they have already committed to preventing salary increases for public servant, even challenging the constitutional minimum budget standards for public health and education; they are organizing a new wave of privatizations, through “public-private partnerships”, that advance towards public services that were previously 100% public, such as prisons; and they incorporate representatives of bourgeois parties into its government at an accelerated pace, including elements from the previous government’s supporters, that is Jair Bolsonaro’s.

We understand, unlike those who deluded themselves last year into believing that the difference between Lula and Bolsonaro would be “the fight between civilization and barbarism”, that the Lula administration represents the new management of capitalist barbarism in our country, the “flip side of the coin” of Brazilian dependent capitalism. The Brazilian ruling classes, after using Bolsonaro's fascist bias to deepen the exploitation and destruction of social and labor rights, supported Lula in the last elections and continue to support his government in order to maintain all the backlashes and setbacks consolidated by previous governments, to legitimize and to normalize the bourgeois institutionality that assure them political hegemony and to place our natural resources, primary products and cheap labour at the disposal of foreign investors, to ensure the reproduction of their capital.

This international scenario has presented glaring challenges to the International Communist Movement and we cannot close our eyes to the differences between us. As in other difficult moments in the history of capitalism, we see that there are paths followed by working class organizations that cling to the revolutionary, Marxist-Leninist sense and work to build the Revolution in their countries and throughout the world; other organizations seek to dilute their class content and slide towards petty-bourgeois and even bourgeois positions in their programme, in their analysis of imperialism and even in their organizational issues. If, today, we present ourselves to the International Communist Movement as organically separated from the PCB, it is because such a division has also occurred within our Party. We have already communicated to the parties participating in IMCWP the violations that the CC of the PCB committed against the resolutions of our XVI National Congress, held in 2021, and unfortunately there has not been any self-criticism from these comrades. On the contrary, they opted for the split of our Party to complete the shift to the right in their positions on national and international politics. We greatly deplore the direction that the majority of the CC of the PCB decided to take.

We understand that the current moment will require a great strengthening of ideological unity within the revolutionary communist bloc at a global level. We cannot let opportunist and reformist stances gain strength either in our Parties or in other Communist and Workers' Parties. We understand that we all not only need, but have a responsibility for the course of the revolutionary struggle of the working class around the world. We need to face head-on the ideological struggles that will develop among communist organizations around the world, knowing that they will distinguish important lines between organizations - and knowing that the line that must prevail is that of revolutionary strategy in the struggle for socialism and communism, without making concessions to any bourgeoisie, to any capitalist State, to any opportunist force that defends a “capitalism with a human face”.

It is with this message that we want to greet, once again, the 23rd International Meeting of Communist and Workers' Parties, indicating our desire and goal to join the ranks of the Meeting from its next edition onwards.

We will never set aside proletarian internationalism and our commitment to the working class, because we have the task of developing ideological unity around Marxism-Leninism between the Communist Parties of the entire world.

LONG LIVE THE INTERNATIONAL MEETING OF COMMUNIST AND WORKERS’ PARTIES
LONG LIVE PROLETARIAN INTERNATIONALISM!
LONG LIVE MARXISM-LENINISM!


CARTA AL XXIII ENCUENTRO INTERNACIONAL DE PARTIDOS COMUNISTAS Y OBREROS

Comité Nacional Provisional

Movimiento Nacional en Defensa de la Reconstrucción Revolucionaria del PCB (PCB-RR)

A todos los partidos presentes en la XXIII Encuentro Internacional de Partidos Comunistas y Obreros,

reciban nuestro saludo revolucionario por la celebración de esta importante reunión. Nos gustaría felicitar especialmente a los camaradas del Partido Comunista de Turquía (TKP) por la tarea de acoger el XXIII EIPCO, que se celebrará en Izmir.

El XXIII EIPCO se desarrolla en un escenario de grandes movimientos de las clases sociales en lucha, incluso mayores que el XXII EIPCO, que tuvo lugar en La Habana, Cuba. Hoy no sólo vemos la continuación de la guerra imperialista en Ucrania, sino también la heroica resistencia del pueblo palestino en la lucha contra el Estado sionista-colonialista de Israel tomando la forma de un conflicto más agudo tras las operaciones militares lanzadas en el principio de mes.

Entendemos que las causas subyacentes de estos acontecimientos son las mismas: un escenario donde los intereses de la burguesía avanzan a escala global contra los intereses de los trabajadores. Si en Ucrania vemos el desarrollo de una guerra en la que ninguno de los bandos tiene nada que ofrecer al proletariado global, en Palestina vemos un levantamiento militar y de masas contra el colonizador y una defensa de los intereses del pueblo palestino en general, y de los la clase trabajadora palestina en particular. Mientras tanto, los trabajadores en Francia enfrentan un ataque frontal a sus pensiones; los griegos luchan contra los incendios forestales y las inundaciones sin ninguna medida de protección por parte del gobierno; ya se está preparando una nueva incursión de las “fuerzas de paz” de la ONU en Haití; los mapuche de Chile sufren la militarización de su territorio por parte del gobierno de Gabriel Boric; en todo el mundo, una respuesta organizada de la clase trabajadora en lucha por la independencia y la conciencia de clase aún no se ha presentado de manera masiva y coordinada.

El sector mayoritario de la izquierda, en Brasil y en todo el mundo, a través de análisis liberales de la cadena imperialista, señala a los BRICS como una fuerza “antiimperialista” por su oposición al bloque EE.UU.-UE en términos de influencia y disputa por los países como socios comerciales y militares. Ésta es una lectura falsa de la dinámica concreta de la lucha de clases contemporánea. En primer lugar, porque reafirman la misma dinámica capitalista para los países miembros y sus socios comerciales, aunque con un menor grado de intervención política y militar que Estados Unidos. En segundo lugar, porque incluirá a importantes socios económicos y políticos de los propios EE.UU., más aún con la expansión de los BRICS, como Arabia Saudita y los Emiratos Árabes Unidos.

Estas cuestiones son, naturalmente, fuentes de grandes divergencias dentro del movimiento obrero internacional. De la misma manera que en el siglo pasado la competición internacional entre capitales monopolistas culminó en la Primera Guerra Mundial, hoy esta disputa impulsa los conflictos interimperialistas. Creemos que la guerra en Ucrania indica una tendencia a aumentar las tensiones entre el bloque EE.UU.-UE y el bloque Rusia-China, que “globaliza” la guerra, ya que compiten en la disputa por los mercados y recursos del mundo.

Es por estas razones que también nos oponemos a la opinión de que “el fortalecimiento de los BRICS abre espacio para un mundo multipolar”, lo que permitiría nuevas victorias para la clase trabajadora. La “multipolaridad” defendida por sectores socialdemócratas y social-liberales no es más que la apariencia de un proceso cuya esencia es el declive de la hegemonía estadounidense en el escenario geopolítico global. En lugar de “un proyecto de desarrollo global, sostenible, basado en la cooperación entre todos los pueblos, el derecho de las naciones a decidir sobre sus propios destinos, además de la firme propuesta de que el orden internacional se base en las leyes y no en la fuerza” (como los BRICS se afirman a sí mismos), veremos aumentar las contradicciones dentro de la cadena imperialista global y las burguesías de los diferentes países no tendrán más que ofrecer que una mayor explotación, un aumento de la competitividad global y alianzas con sectores de la clase trabajadora para saquear otros pueblos, reforzando el conocido fenómeno de la “aristocracia obrera” con superganancias.

También es esencial entender cómo este escenario de degradación y crisis del capitalismo global también profundiza aún más el acomodo de las fuerzas políticas del orden bajo los preceptos de la burguesía, incluso entre aquellas que se consideran fuerzas de la “clase trabajadora”. Si los ataques de las fuerzas reaccionarias a los comunistas ya eran claros en países donde la extrema derecha, por golpe o elección, llegaron al gobierno (como en el caso de los asesinatos y arrestos de innumerables militantes del Partido Comunista de Ucrania); Los reveses a escala global también son aceptados por las fuerzas de la socialdemocracia. Así, por ejemplo, es Venezuela, considerado el proceso más “avanzado” de la llamada “ola rosa” de gobiernos “progresistas” de América Latina, donde el Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) ha manipulado las instituciones judiciales e intenta llevar a cabo llevó a cabo una intervención legal en el Partido Comunista de Venezuela (PCV), una lucha en la que el PCV ha contado con el apoyo de una parte significativa del Movimiento Comunista Internacional. El objetivo tanto de la extrema derecha como de la socialdemocracia es erradicar la alternativa revolucionaria, la única oposición verdadera al modo de producción capitalista. ¡Es imprescindible, en momentos como este, que declaremos nuestra absoluta e irrestricta solidaridad con los comunistas venezolanos ante un nuevo ataque, del que sabemos que saldrán con más iniciativa y firmeza revolucionaria que nunca!

En Brasil se está avanzando una agenda burguesa, actualmente, de la mano de un gobierno llamado “progresista”, con un “frente amplio”, para la “reconstrucción nacional”, pero que no es más que un gobierno social-liberal, ampliamente comprometido con mantener no sólo el capitalismo, sino también las contrarreformas laborales y las privatizaciones implementadas por sus predecesores, el gobierno golpista de Michel Temer y el gobierno de extrema derecha de Jair Bolsonaro. El actual gobierno Lula-Alckmin ya aprobó un nuevo “techo de gasto”, que sofoca las inversiones estatales en servicios públicos clave que más afectan a la clase trabajadora, como educación, salud, seguridad social; ya se han comprometido a impedir aumentos salariales para los servidores públicos, desafiando incluso los estándares constitucionales de presupuesto mínimo para salud pública y educación; están organizando una nueva ola de privatizaciones, a través de “asociaciones público-privadas”, que avanzan hacia servicios públicos que antes eran 100% públicos, como las prisiones; e incorporan a su gobierno a un ritmo acelerado a representantes de partidos burgueses, incluidos elementos partidarios del gobierno anterior, es decir el de Jair Bolsonaro.

Entendemos, a diferencia de quienes se engañaron el año pasado creyendo que la diferencia entre Lula y Bolsonaro sería “la lucha entre civilización y barbarie”, que el gobierno de Lula representa la nueva gestión de la barbarie capitalista en nuestro país, la “otra cara de la la moneda” del capitalismo dependiente brasileño. Las clases dominantes brasileñas, después de utilizar el sesgo fascista de Bolsonaro para profundizar la explotación y destrucción de los derechos sociales y laborales, apoyaron a Lula en las últimas elecciones y continúan apoyando a su gobierno para mantener todos los ataques y reveses consolidados por gobiernos anteriores, para legitimar y normalizar la institucionalidad burguesa que les asegura la hegemonía política y poner nuestros recursos naturales, productos primarios y fuerza de trabajo barata a disposición de inversionistas extranjeros, para asegurar la reproducción de su capital.

Este escenario internacional ha presentado desafíos evidentes al Movimiento Comunista Internacional y no podemos cerrar los ojos ante las diferencias entre nosotros. Como en otros momentos difíciles de la historia del capitalismo, vemos que hay caminos seguidos por organizaciones de la clase trabajadora que se aferran al sentido revolucionario, marxista-leninista y trabajan para construir la Revolución en sus países y en todo el mundo; otras organizaciones buscan diluir su contenido de clase y deslizarse hacia posiciones pequeñoburguesas e hasta burguesas en su programa, en su análisis del imperialismo e incluso en sus cuestiones organizativas. Si hoy nos presentamos ante el Movimiento Comunista Internacional como orgánicamente separados del PCB, es porque tal división se ha producido también dentro de nuestro Partido. Ya hemos comunicado a los partidos participantes del EIPCO las violaciones que el CC del PCB cometió contra las resoluciones de nuestro XVI Congreso Nacional, celebrado en 2021, y lamentablemente no ha habido ninguna autocrítica por parte de estos compañeros. Por el contrario, optaron por la escisión de nuestro Partido para completar el giro a la derecha en sus posiciones en la política nacional e internacional. Deploramos profundamente el rumbo que decidió tomar la mayoría del CC del PCB.

Entendemos que el momento actual requerirá de un gran fortalecimiento de la unidad ideológica dentro del bloque comunista revolucionario a nivel global. No podemos permitir que las posturas oportunistas y reformistas ganen fuerza ni en nuestros partidos ni en otros partidos comunistas y obreros. Entendemos que todos no sólo necesitamos, sino que tenemos una responsabilidad por el curso de la lucha revolucionaria de la clase trabajadora en todo el mundo. Necesitamos enfrentar de frente las luchas ideológicas que se desarrollarán entre las organizaciones comunistas alrededor del mundo, sabiendo que distinguirán líneas importantes entre organizaciones - y sabiendo que la línea que debe prevalecer es la de la estrategia revolucionaria en la lucha por el socialismo y el comunismo, sin hacer concesiones a ninguna burguesía, a ningún Estado capitalista, a ninguna fuerza oportunista que defienda un “capitalismo con rostro humano”.

Es con este mensaje que queremos saludar, una vez más, al XXIII Encuentro Internacional de Partidos Comunistas y Obreros, indicando nuestro deseo y objetivo de sumarnos a las filas del Encuentro a partir de su próxima edición.

Nunca dejaremos de lado el internacionalismo proletario y nuestro compromiso con la clase trabajadora, porque tenemos la tarea de desarrollar la unidad ideológica en torno al marxismo-leninismo entre los Partidos Comunistas de todo el mundo.

¡VIVA LA ENCUENTRO INTERNACIONAL DE PARTIDOS COMUNISTAS Y OBREROS!
¡VIVA EL INTERNACIONALISMO PROLETARIO!
¡VIVA EL MARXISMO-LENINISMO!