Camponeses da Ocupação Gregório Bezerra (CE) resistem à invasão de capangas armados

No Ceará, a luta pela terra e pelo meio ambiente inclui a luta contra a especulação imobiliária, que privatiza o litoral do estado e expulsa famílias dessas terras; contra a instalação de parques eólicos; e contra a exploração empresarial das terras.

Camponeses da Ocupação Gregório Bezerra (CE) resistem à invasão de capangas armados

Por Redação

As famílias da Ocupação Gregório Bezerra (Jaguaruana - CE) foram surpreendidas pela invasão de suas terras por um grupo de capangas armados, no último domingo (14). O fato se deu enquanto realizavam seus trabalhos diários e se preparavam para uma assembleia.

O grupo de mais de dez capangas encapuzados passou a ameaçar e tentar intimidar os camponeses. As famílias presentes afirmaram que não desistiriam da luta pela terra. Raimunda Firmina, moradora da Ocupação, declarou: “A vida e a dignidade são direitos que temos, e bala nenhuma nos fará desistir deles.”

A propriedade da terra em conflito é atribuída à família do deputado estadual Osmar Baquit (PDT-CE) e estava abandonada há décadas. Já existe um processo com o Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) para a negociação da compra da terra, visando sua destinação à reforma agrária, o que torna essa invasão ainda mais criminosa.

A Ocupação Gregório Bezerra é construída pela Organização Popular (OPA). Essas ocupações lutam por moradia, alimento e trabalho, frequentemente recuperando terras devastadas pelo uso empresarial e plantando feijão, jerimum, melancia, milho, entre outros alimentos saudáveis. Também promovem atividades frequentes de estudo, lazer e assembleias, onde decidem coletivamente o futuro da terra.

Desde o anúncio público feito pela OPA, formou-se uma rede de solidariedade e apoio aos camponeses. Existem dezenas de declarações, vídeos e notas de todo o país denunciando a violência e invasão da terra promovida pelos capangas e exigindo que eles sejam retirados do local. Representantes de partidos, movimentos sociais e lutadores têm organizado visitas à ocupação e doações. A OPA também exige que o governador Elmano (PT) aja em defesa das famílias.

A invasão permanece até o momento em que esta matéria foi escrita, dia 15, e a propriedade está dividida, com as famílias resistindo firmes e animadas de um lado e os capangas do outro. O clima é de tensão constante, com ameaças à vida dos camponeses. Segundo uma agricultora da ocupação, alguns dos capangas foram enganados para ir até o local e estão com medo, e as famílias os forneceram água e alimento, pois estavam sem nada para comer e beber.

Conflitos fundiários no Ceará

Os conflitos fundiários no Brasil são marcados pela violência de latifundiários e capitalistas contra os trabalhadores e a população oprimida. Na raiz desses conflitos está a superexploração da força de trabalho no campo, que aprofunda a dependência econômica do nosso país e a exploração desenfreada do meio ambiente.

No Ceará, a luta pela terra e pelo meio ambiente inclui a luta contra a especulação imobiliária, que privatiza o litoral do estado e expulsa famílias dessas terras; contra a instalação de parques eólicos; e contra a exploração empresarial das terras, como no caso da carcinicultura, que consome milhares de litros de água na produção de camarão e desertifica regiões do interior do estado. Muitos desses empreendimentos são estrangeiros, que lucram deixando apenas a degradação ambiental.

Somente com a luta organizada da classe trabalhadora cearense, junto a classe trabalhadora brasileira, tanto do campo quanto da cidade, que a nacionalização e expropriação de todas as terras será alcançada, garantindo uma produção agrícola voltada aos interesses do povo. O controle social das terras permitirá uma economia planejada e sustentável que cuide melhor da relação entre os seres humanos e a natureza.