'Brigadas voluntárias Comunistas: Uma ferramenta de propaganda e de construção de valores comunistas' (Contribuição anônima)

Contribuição anônima para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Os ideólogos do capitalismo, de ponta a ponta, fizeram um bom trabalho na difusão das ideias da classe dominante entre o povo. A máxima “cada um por si e que Deus nos ajude” se tornou a ideia com que muitas pessoas conduzem suas vidas perante as misérias que a ditadura da burguesia nos impõe diariamente. Todos surgem novos profetas do empreendedorismo e dos investimentos que convencem cada vez mais trabalhadores de que eles podem conquistar uma vida digna e superar a pobreza através do esforço individual. Essa é uma das consequências mais cruéis da ideologia liberal e a qual os comunistas devem continuar combatendo com todas as forças. E é no sentido que levanto o debate sobre a criação de Brigadas de Trabalhos Voluntárias Comunistas.

Sabemos que o trabalho voluntário sob a perspectiva liberal não passa de filantropia inócua que serve apenas para lançar uma cortina de fumaça sobre os efeitos deletérios do próprio capitalismo. Mas sob uma linha comunista, o trabalho voluntário pode ser um ato revolucionário. Todos nós conhecemos ou ao menos já ouvimos falar das frentes de trabalho voluntário em experiências socialistas, como aquelas conduzidas por Che em Cuba. Essas frentes de trabalho eram guiadas pelos valores mais nobres que um ser humano pode ter: o de dedicar tempo e energia em prol de algo e não pedir nada em troca a não ser uma sociedade mais justa e digna para todos. Esses são valores que devem guiar um comunista e essa é uma atitude verdadeiramente revolucionária perante ao capitalismo. Nesse sentido, defendo que o trabalho voluntário, sob uma orientação comunista, pode ser útil na construção e fortalecimento de valores comunistas como a solidariedade e a empatia. Os comunistas não devem lutar apenas para revolucionar as estruturas de produção, devem lutar também para revolucionar suas mentes e valores no limite do possível.

Isso é o que tenho a dizer sobre o trabalho voluntário como ferramenta de construir valores comunistas. Vamos agora ao trabalho voluntário como ferramenta de propaganda comunista.

Como eu estava dizendo, os ideólogos da burguesia foram exitosos em difundir os valores individualistas entre a classe trabalhadora, mas não só isso. Também foram bem sucedidos em propagar o anticomunismo. Sabemos que o comunismo ainda é um fantasma que assusta boa parte da classe trabalhadora: “os comunistas vão roubar sua casa”, “os comunistas vão proibir você de usar calça jeans e Iphone”, “os comunistas comem criancinhas” etc etc. Os mitos anticomunistas já vêm sendo combatidos por militantes na internet com iniciativas bem sucedidas de podcasts, canais no youtube e em outras redes sociais. Mas como esse combate é árduo, munição nunca é demais.

As palavras têm valor e os comunistas sabem bem disso. É através delas que conquistamos as mentes. Mas é pela ação que conquistaremos os corações. Sei bem que os comunistas estão agindo quando estão nas manifestações, quando estão panfletando ou em executando qualquer outra tarefa. Porém, a verdade é que essas ações, apesar de indispensáveis para a construção da revolução, não são visíveis para grande parte da classe trabalhadora. Por outro lado, seria impossível não ver alguns comunistas trabalhando voluntariamente em um mutirão de uma comunidade da classe trabalhadora. Um comunista trabalhando voluntariamente, ombro a ombro, com um trabalhador periférico na construção de sua casa, por exemplo, no mínimo iria fazer com que esse trabalhador e as pessoas ao redor passassem a desconfiar da propaganda anticomunista que escutam todos os dias. E à medida que ações desse tipo fossem ocorrendo, a desconfiança iria se quebrando e os comunistas conquistando, aos poucos, os corações do povo. E uma vez que os comunistas tiverem os corações, também terão os ouvidos para que as palavras possam conquistar as mentes.