O primeiro dia da greve dos carteiros no Paraná

O movimento sindical precisa voltar a lembrar os patrões de quanto custa um dia de produção parada, pois é só dessa forma que eles entendem que precisam oferecer condições de trabalho melhores para nós.

O primeiro dia da greve dos carteiros no Paraná
Reprodução: Júlio Zerbatto/Futura Press/Folhapress

Por Redação

No 1º dia da greve na capital marcado por desmobilização da categoria pela direção cutista do SINTCOM, que abandonou a base grevista à própria sorte e descumpriu na prática a decisão aprovada na assembleia de construir a greve a partir de 08/07.

Por determinação da Assembleia ocorrida da sede do SINTCOM a greve dos carteiros começou hoje com piquete nos portões no CDD João Negrão para impedir a distribuição de encomendas e contribuir para paralisar as atividades nas demais unidades dos correios da capital, porém a direção cutista do sindicato já começou a greve fazendo corpo mole: a orientação deliberação de greve não foi informada a toda base além da direção ter abandonado o suporte ao piquete no centro de distribuição durante a tarde, permitindo a entrada e saída de trabalhadores na unidade para distribuição de entregas após o almoço.

A não construção prática da greve pela direção do sindicato se dá não só pela ação em falas dos dirigentes do sindicato de reavaliar no dia 13, mas também em função da omissão da direção e da desorganização das ações de greve sob direção cutista.

 Na prática o que a base viu sendo implementada hoje foi a construção da proposta derrotada em Assembleia da categoria do dia 07/08! No discurso vão repetir que estão cumprindo a deliberação, mas se lembrarmos da atuação do sindicato nas “greves quentes” mesmo as feitas sob direção cutista, na prática -  que é o critério da verdade -  quase nada estão fazendo para mobilizar para essa greve! A direção quer essa greve morna, quase fria para engambelar a categoria e não desgastar o governo Lula-Alckmin.

Correios consegue liminar na 3a vara de justiça de Curitiba para desbloquear as entradas das agências por meio do piquete, com possibilidade de multa de 50 mil para o sindicato: uma encruzilhada na greve?

Sem novidade nenhuma, a justiça novamente se coloca para defender aos interesses dos patrões. Mas cabe questionar para que serve nossa contribuição sindical? Para benefícios e descontos em plano de saúde, lojas e clubes de compras? Ou financiar os custos e ônus de se travar as lutas da categoria? Quanto custa para os patrões a parada de um dia de produção e circulação de mercadorias? Sabemos que é bem mais que 50 mil reais!

O movimento sindical precisa voltar a lembrar os patrões de quanto custa um dia de produção parada, pois é só dessa forma que eles entendem que precisam oferecer condições de trabalho melhores para nós. A greve é a forma com que a classe trabalhadora tem condições de exercer poder real sobre as questões políticas de seu interesse e forçar os patrões a atenderem as reivindicações!

A base sente a traição da direção do sindicato!

Os trabalhadores que apoiam a greve ferveram de ódio de classe no dia de hoje! Especialmente quem ficou sabendo das ações e omissões da direção do sindicato frente à greve da categoria, passou o dia sentindo ódio dessa pelegagem! Alguns dos carteiros desesperançosos já falam em acabar com a greve por acreditar que não tem saída nesse cenário em que a direção do sindicato se coloca de corpo mole e a favor dos patrões e do governo Lula-Alckimin, que querem impor para a categoria um acordo coletivo sem ganhos reais. Mas essa é a saída que os patrões, a burocracia sindical e o governo querem: deixar a base rendida aos seus desmandos para aceitar sem luta as propostas rebaixadas oferecidas por eles para o acordo coletivo!

A base não pode deixar essa indignação se converter em desmobilização e deslegitimação do instrumento da greve, mas fazer da indignação combustível de luta para impor uma derrota essa política de negociatas de gabinete, de colaboração com os patrões e chefias da empresa; de troca de favores e cargos entre o governo neoliberal e a direção do sindicato.

Para isso é preciso que cada trabalhador em sua unidade seja um agente de construção da greve, seja um agente interessado na greve,  leve aos colegas as informações da greve e se coloque em luta para que as deliberações da categoria sejam de fato cumpridas pelos demais colegas e pela direção do sindicato.