Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 96

Numa entrevista à Al Jazeera, Boyle descreveu os EUA como “culpados” por auxiliarem e encorajarem o genocídio, criticando o Tribunal Penal Internacional (TPI), que diz estar “manchado com o sangue do povo palestino desde 2009”.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 96
África do Sul e Israel se enfrentam perante a Corte Internacional de Justiça, principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas.

RESISTÊNCIA PALESTINA ATRAI UMA FORÇA SIONISTA PARA UM TÚNEL EM GAZA

A emissora televisiva Al Jazeera transmitiu na quarta-feira cenas de uma emboscada realizada por combatentes das Brigadas Al-Qassam – braço militar do Hamas – em confronto com uma força sionista dentro de um túnel no bairro de Sheikh Radwan, ao norte da cidade de Gaza.

As primeiras cenas mostraram um quadricóptero – um drone de infantaria do exército da ocupação – pairando sobre a área que contém um túnel. Depois aparece um membro da Al-Qassam a falar com os seus camaradas através da rede privada de comunicações, dizendo-lhes que a força especial sionista começou a entrar.

Membros do exército da ocupação apareceram fortemente armados e reforçados com cães treinados e uma câmera de vigilância, antes que os combatentes de Al-Qassam os emboscaram depois de atraí-los, ao abrirem fogo com metralhadoras contra eles antes de detonarem um dispositivo explosivo.

Desde o início da operação Tempestade Al-Aqsa, as Brigadas Al-Qassam têm transmitido cenas e imagens mostrando ataques contra forças e veículos sionistas com projéteis antiblindado em vários eixos de combate na Faixa de Gaza, além de franco-atiradores posicionados em operações e emboscadas atrás das linhas do exército de ocupação.

ADVOGADO FALA SOBRE PROCESSO MOVIDO PELA ÁFRICA DO SUL EM FACE DE ISRAEL NA CIJ

O advogado de direitos humanos e especialista em direito internacional, Francis Boyle, conhecido por defesas bem-sucedidas na Corte Internacional de Justiça (CIJ), diz estar confiante de que a África do Sul vencerá o caso.

Numa entrevista à Al Jazeera, Boyle descreveu os EUA como “culpados” por auxiliarem e encorajarem o genocídio, criticando o Tribunal Penal Internacional (TPI), que está “manchado com o sangue do povo palestino desde 2009”, como ele disse.

“Este processo lembra-me o caso que ganhei na Corte Internacional para a República da Bósnia e Herzegovina contra a Iugoslávia para impedir o genocídio contra os bósnios, que foi a primeira vez que um advogado ou Estado ganhou um caso na Convenção do Genocídio”, disse Boyle.

“Com base na minha análise cuidadosa de todos os documentos apresentados pela República da África do Sul até agora, acredito que vencerá Israel”, acrescentou.

Enquanto Israel se defende contra acusações de genocídio, os palestinos e os ativistas pró-Palestina em todo o mundo esperam que a CIJ possa travar a devastadora campanha militar de Israel em Gaza, que já viu mais de 23 mil pessoas mortas – das quais quase 10 mil são crianças.

O governo sul-africano abriu o processo contra “Israel” em 29 de dezembro, acusando-o de “atos genocidas” nos seus ataques a Gaza.

A CIJ é o órgão jurídico máximo das Nações Unidas para julgar questões entre os Estados membros. É separado do Tribunal Penal Internacional (TPI), que julga indivíduos em processos criminais.

A CIJ é composta por 15 juízes nomeados para mandatos de nove anos através de eleições na Assembleia Geral da ONU (AGNU) e no Conselho de Segurança (CSNU). As decisões do tribunal são vinculativas e não podem ser objeto de recurso pelos Estados-membros, mas depende do CSNU para fazer cumprir as decisões.

Boyle disse que a África do Sul apresentou 4 acusações diferentes:

• Cometer genocídio, onde mais de 30.000 palestinos foram mortos, o dobro do massacre de Srebrenica, no qual 7.000 muçulmanos foram mortos na Bósnia.

• Causar danos físicos ou psicológicos graves. O número de feridos na Faixa de Gaza ultrapassou 50 mil palestinos. Quanto ao sofrimento psicológico, qualquer pessoa pode recorrer a qualquer fonte de informação para ver a extensão do sofrimento.

• Submeter intencionalmente indivíduos a condições de vida que os destroem total ou parcialmente. Vimos isto claramente quando um ministro israelense anunciou que alimentos, água, medicamentos e combustível estavam sendo negados aos moradores da Faixa de Gaza, ou quando outro funcionário disse que Gaza deveria ser transformada no campo de concentração de Auschwitz.

• Imposição de medidas destinadas a prevenir os nascimentos, conforme hospitais foram destruídos, médicos foram mortos e ambulâncias foram deliberadamente alvo dos sionistas, num local onde havia dezenas de milhares de mulheres palestinas grávidas.

Uma vez que os americanos estão a ajudar e a encorajar o genocídio contra o povo palestino, serão culpados ao abrigo do Artigo 3e da Convenção do Genocídio, que proíbe a cumplicidade e o genocídio, bem como violarão a própria convenção do Governo dos EUA e a Lei de Implementação da Convenção do Genocídio.

Se tratando de um crime grave, os americanos estão empenhados, com a cooperação das forças israelenses e sionistas, em sabotar de alguma forma este processo.

A atual presidente do tribunal, Joan Donoghue, trabalhou durante muito tempo no Departamento de Estado dos EUA e é sujeita à prossecução dos interesses americanos.

Desde o fim da chamada Operação ‘Cast Lead’ em 2009, o Tribunal Penal não fez nada para ajudar os palestinos devido ao poder e à pressão dos Estados Unidos e dos sionistas. O Tribunal Penal Internacional tem responsabilidade por todo o sangue palestino derramado e pelas mortes e destruição que sofreram desde 2009.