Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 796
Sempre que o povo palestino consegue neutralizar uma das ferramentas agressivas da ocupação, ela imediatamente recorre a outras, tentando encobri-las das leis e dos tratados internacionais humanitários.
58 anos da Frente Popular
Ó massas do nosso povo resistente, vocês que seguram com firmeza a brasa da sobrevivência e se agarram à terra como vida e identidade; vocês que fizeram da paciência e da determinação o símbolo de sua firmeza e resistência, e a luz que guia os caminhos das próximas gerações.
Estamos hoje com vocês, e do meio da dor compartilhamos a esperança, para juntos celebrarmos o aniversário da gloriosa revolta popular e o aniversário do despertar do gigante vermelho da Frente. Este despertar representou a tradução fiel da vontade do nosso povo palestino e refletiu nossa determinação de seguir no caminho da liberdade e da dignidade, apesar de tudo o que a agressão tentou semear de medo e desespero.
Desde que o primeiro colono sionista pisou em nossa terra palestina, nosso povo vive uma contínua Nakba, marcada por massacres que não cessam. Cada etapa da ocupação foi um teste para nossa resiliência. Esse processo só chegará ao fim com a partida do último colono sionista, com a implementação da vontade da comunidade internacional e com a recuperação, por nosso povo, de seus direitos usurpados e de seu direito de viver livre e com dignidade em sua terra histórica.
O inimigo jamais cessou os massacres de morte, genocídio, expulsão e deslocamento. Sempre que nosso povo consegue neutralizar uma de suas ferramentas agressivas, ele imediatamente recorre a outras, tentando encobri-las por meio de necessidades humanitárias e civis garantidas pelas leis e tratados internacionais. Em toda a trajetória, as etapas da luta do nosso povo expressaram a legitimidade e a força da vontade popular presente em suas intifadas e no surgimento de seus partidos e forças de resistência.
Hoje, e já há muitos anos, o inimigo atua com todo o poder e brutalidade para eliminar um testemunho histórico, legal e internacional da Nakba do nosso povo: a Agência de Assistência e Obras para os Refugiados (UNRWA). Seu objetivo é destruir o direito ao retorno e os direitos dos refugiados palestinos, transformando uma causa política e nacional em uma questão puramente humanitária. O que presenciamos, da proibição das atividades da agência e do fechamento de seus escritórios em Jerusalém ao ataque contra seus funcionários e sedes durante a guerra genocida, somado à proibição da entrada de ajuda e ao deslocamento de refugiados de campos da Cisjordânia com a condição de que renunciem ao status de refugiado para retornar, tudo isso revela claramente os objetivos do inimigo sionista. O ataque também se expressa na interrupção dos programas educacionais e médicos da agência em Gaza, com a intenção de mergulhar o povo na ignorância e abrir caminho a iniciativas que ameaçam eliminar o currículo palestino e substituí-lo por outro de normalização com o inimigo.
Ó massas do nosso povo resistente e firme,
Diante do cerco e do apagamento forçado dos programas de ajuda, educação e saúde em Gaza, somos convocados, como palestinos patriotas, a manter nossa ligação com a terra apesar dos massacres. A preservação da UNRWA e a resistência a quaisquer planos para destruí-la devem estar entre nossas prioridades. É verdade que o inimigo transformou a ajuda humanitária em arma para atingir a agência e impedir sua atuação, mas a UNRWA possui programas educacionais e de saúde que precisam ser retomados e mantidos, algo que depende da consciência e das contribuições do nosso povo.
A compreensão dos desafios impostos pelo inimigo não se limita à máquina de guerra; abrange também suas tentativas de destruir nossa existência, identidade e capacidades. Para enfrentar esses planos sistemáticos, torna-se urgente agir de forma coordenada, em caminhos paralelos, a fim de fortalecer a resiliência e proteger a frente interna.
Em primeiro lugar, é essencial garantir que a administração da UNRWA possa operar as escolas restantes e que suas equipes desempenhem suas funções. Isso preserva um testemunho legal e histórico da Nakba do nosso povo e da natureza criminosa do inimigo. Também representa um passo para restaurar a vida cuja infraestrutura foi destruída em Gaza, permitindo o retorno das nossas crianças às salas de aula e garantindo seu direito à educação. Além disso, é uma forma segura de resistir às tentativas de eliminar os currículos palestinos e substituí-los por alternativas transitórias que poderiam, no futuro, resultar em programas educacionais de normalização. Essa retomada fortalece igualmente o papel da UNRWA na promoção da justiça e da transparência na distribuição de recursos, algo que se perdeu nas mãos de instituições internacionais alternativas.
Em segundo lugar, é indispensável enfrentar o deslocamento das mentes e os planos de engenharia da consciência. O inimigo não interrompeu sua agressão e sua guerra contínua de extermínio. Hoje, busca desarraigar competências científicas e profissionais, usando direitos civis e humanitários para alcançar o que antes perseguia somente por meios militares. As armas, aviões e balas continuam, assim como continuam as ações de instituições internacionais que o inimigo conseguiu infiltrar e transformar em instrumentos de deslocamento forçado mediante necessidades como transferências médicas ou evacuações.
Aliado a isso, surgiram novas ferramentas criadas pelo inimigo por meio de bolsas e missões acadêmicas oferecidas por países aliados da ocupação, com o objetivo de deslocar talentos. O ataque às estruturas de ensino, desde universidades até escolas, transforma esses locais em alvos militares, enquanto ocorre o esvaziamento sistemático das competências médicas de nossos hospitais, que são seduzidas a trabalhar em instituições internacionais com salários exorbitantes, contribuindo para o processo de deslocamento. Todas essas políticas são impulsionadas por um escritório sionista vinculado ao Ministério das Relações Exteriores, no âmbito de um projeto de engenharia da consciência palestina desenvolvido em parceria com o imperialismo norte-americano.
Isso nos impõe a tarefa de criar programas que incentivem a fixação e a retenção de competências científicas e profissionais e de garantir que essas competências preservem sua identidade, sua ligação com a terra e seus deveres nacionais e éticos com seu povo. Também precisamos desenvolver programas de resistência e oposição por meio da educação comunitária e nacional. Nosso povo valoriza a educação como capital individual, nacional e social, e como fator fundamental de resiliência e resistência. Não nos opomos, pelo contrário, desejamos que nossos jovens obtenham bolsas e oportunidades acadêmicas, desde que tais oportunidades não exijam a renúncia à identidade ou ao local de residência. Nosso dever é orientar essas competências para servir ao projeto nacional e às necessidades sociais. O que ocorre hoje é o uso de uma necessidade humana e científica para promover o deslocamento forçado de talentos, despojando-os de identidade e arrancando-os de sua terra.
Em terceiro lugar, é indispensável combater o abuso contra o sustento do povo e responsabilizar os exploradores. A manipulação deliberada do sustento e o aumento ganancioso dos preços, em plena guerra de extermínio e bloqueio, constituem traição e representam outra face da agressão. Alguns comerciantes ousam especular às custas dos pobres e trabalhadores, transformando o sofrimento das pessoas em lucro sujo por meio de monopólios e manipulações, algo que não pode ser perdoado. Por isso, afirmamos que os direitos não prescrevem e que nosso povo não esquecerá. A brasa desse sofrimento permanecerá acesa, e perseguiremos com toda força nacional aqueles que agravaram a dor do povo durante a guerra e exploraram suas necessidades para enriquecimento ilícito. Não descansaremos até recuperar a dignidade humana e deter os exploradores.
Para aliviar o sofrimento do nosso povo, conclamamos a formação de um comitê nacional comunitário com as prerrogativas necessárias para monitorar e orientar os programas de ajuda executados por instituições internacionais e árabes, garantindo que respondam às necessidades reais do nosso povo e assegurando justiça e transparência na distribuição, até que seja adotado um programa nacional unificado de assistência.
Massas do nosso povo,
Enquanto vivemos o massacre em todas as suas formas — morte, fome e privação nos campos de deslocamento —, somos convocados à ação imediata no terreno para aliviar as feridas das massas, firmar seus pés na terra e fortalecer os fatores de resiliência no caminho da libertação da terra e do ser humano.
Consideramos o aniversário de nossa fundação uma etapa importante desse percurso. Por isso, decidimos colocar nossa militância, nossos apoiadores e amigos, assim como todos os nossos recursos materiais e humanos, a serviço do trabalho voluntário: limpeza, reparos e assistência aos desprivilegiados afetados pelo cerco, mesmo diante das limitações de recursos disponíveis, da ausência de instituições governamentais e das estruturas de cuidado nacional e comunitário, além da falta de justiça na distribuição e da aleatoriedade dos programas de ajuda administrados por instituições internacionais e regionais.
Braço a braço e mão a mão, restauramos as tendas dos deslocados e lutamos ao lado deles para garantir seus direitos humanos e civis, que o inimigo tenta transformar em instrumentos de deslocamento e expulsão. Nosso lema inabalável é o ser humano em primeiro lugar.
Ao final, renovamos nosso compromisso ao nosso grande povo: fidelidade aos mártires que consagraram esta terra com seu sangue e fidelidade ao seu projeto. Exigimos liberdade para nossos heróis prisioneiros, à frente deles o líder da firmeza, o camarada Ahmad Sa’adat, e desejamos pronta recuperação aos nossos feridos dignos.
Viva a valente resistência do nosso povo. E certamente venceremos.
Comunicado do Ministério da Saúde
Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:
Nas últimas 24 horas, chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza 3 mártires, sendo 2 novos e 1 recuperado dos escombros, além de 5 feridos.
Ainda há várias vítimas sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e da defesa civil continuam impossibilitadas de chegar até elas até o momento.
Desde o cessar-fogo (11 de outubro de 2025):
•Total de mártires: 379
•Total de feridos: 992
•Total de corpos recuperados: 627
O número total de vítimas da agressão israelense aumentou para 70.369 mártires e 171.069 feridos desde 7 de outubro de 2023.