Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 794
Quase metade dos jornalistas mortos no mundo entre 2024 e 2025 foi vítima do exército israelense, aponta a RSF, que classifica 2025 como um dos anos mais letais para os trabalhadores da imprensa.
Repórteres Sem Fronteiras: 'Israel é o pior inimigo dos jornalistas'
Quase metade de todos os jornalistas mortos no mundo entre 1º de dezembro de 2024 e 1º de dezembro de 2025 foi vítima do exército israelense, segundo um novo relatório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
A avaliação anual da RSF descreve 2025 como um dos anos mais mortais para profissionais da mídia, impulsionado pelo que a organização chama de assassinato direcionado de repórteres por exércitos estatais, grupos paramilitares e redes criminosas.
De acordo com o relatório, 67 jornalistas foram mortos nos últimos 12 meses. A RSF afirma que pelo menos 53 desses casos ocorreram em zonas de guerra ou pelas mãos de organizações criminosas.
A organização atribui 43% de todas as mortes às forças armadas israelenses que atuam em Gaza, colocando Israel no centro do balanço global do ano.
A RSF também cita ataques contínuos do exército russo contra jornalistas estrangeiros e ucranianos na Ucrânia, enquanto descreve o Sudão como um ambiente cada vez mais letal para a cobertura jornalística.
A conduta de Israel gerou mais condenações depois que o jornalista israelense Yuval Abraham revelou que a diretoria de inteligência militar criou uma “Célula de Legitimação”, cuja missão era buscar material que pudesse ser usado para justificar o assassinato de jornalistas palestinos em Gaza, retratando-os como operativos do Hamas.
Fora de frentes de guerra ativas, o México continua sendo o segundo país mais perigoso do mundo para jornalistas.
A RSF vincula nove assassinatos no país a grupos do crime organizado, observando que 2025 é o ano mais violento para repórteres mexicanos em pelo menos três anos.
O relatório também observa que a maioria dos jornalistas mortos eram cidadãos dos países onde morreram, com apenas duas vítimas estrangeiras mortas no exterior neste ano.
Um deles foi o fotojornalista francês Antoni Lallican, morto por um ataque de drone russo na Ucrânia, e o outro foi o jornalista salvadorenho Javier Hercules, morto em Honduras após mais de uma década residindo no país.
Israel continua a barrar repórteres estrangeiros de acesso independente a Gaza – mesmo com o cessar-fogo se aproximando de sua segunda fase – como confirmado por uma decisão da alta corte que concedeu ao governo mais um adiamento em um processo aberto há quase dois anos, no início do genocídio em Gaza, que buscava entrada irrestrita para a mídia internacional.
Dados de anos anteriores mostram que, desde o início do genocídio em Gaza, há mais de dois anos, quase 300 jornalistas foram mortos pelas forças israelenses, tornando Israel o país mais letal para repórteres por três anos consecutivos.
O relatório mais recente identifica 503 jornalistas detidos no mundo. A China continua sendo o maior carcereiro, com 121 detidos.
A Rússia vem em seguida, com 48, incluindo 26 ucranianos — o que, segundo a RSF, faz da Rússia o Estado que mantém o maior número de jornalistas estrangeiros sob custódia. Mianmar ocupa o terceiro lugar, com 47.
A Síria permanece como o país com o maior número de jornalistas desaparecidos, já que muitos dos detidos sob o antigo governo sírio ainda não foram localizados um ano após sua queda.
Ao apresentar as conclusões, o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, condenou a hostilidade crescente contra a imprensa.
“É aqui que o ódio aos jornalistas nos leva! Levou à morte de 67 jornalistas este ano – não por acidente, e eles não foram vítimas colaterais. Eles foram mortos, alvos por causa do seu trabalho”, disse ele.
Acrescentou que a crítica à mídia é legítima quando fortalece a imprensa, mas alertou que ela “nunca deve descambar para o ódio aos jornalistas, que nasce – ou é deliberadamente alimentado – pelas táticas de forças armadas e organizações criminosas”.
Deloire relacionou os assassinatos ao que descreveu como falhas políticas globais, dizendo: “É aqui que a impunidade por esses crimes nos leva: a incapacidade das organizações internacionais de garantir o direito dos jornalistas à proteção em conflitos armados é consequência de um declínio global da coragem dos governos, que deveriam implementar políticas públicas de proteção.”
Ele disse que os jornalistas se tornaram “vítimas colaterais, testemunhas incômodas, moedas de troca, peões em jogos diplomáticos, homens e mulheres a serem ‘eliminados’.”
“Devemos ter cuidado com falsas ideias sobre os repórteres”, alertou Deloire. “Ninguém dá a vida pelo jornalismo – ela é tirada deles; jornalistas não apenas morrem – eles são mortos.
Comunicado do Ministério da Saúde
Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:
Nas últimas 24 horas, chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza 8 mártires, 6 novos e 2 recuperados dos escombros, além de 16 feridos.
Ainda há várias vítimas sob os escombros e nas ruas, para as quais as equipes de ambulância e da defesa civil não conseguem chegar até o momento.
Desde o cessar-fogo (11 de outubro de 2025):
• Total de mártires: 366
• Total de feridos: 938
• Total de corpos recuperados: 619
O número total de vítimas da agressão israelense aumentou para 70.125 mártires e 171.015 feridos desde 7 de outubro de 2023.