Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 768
O poderoso lobby pró-Israel vê sua influência declinar nos EUA, com apoio em queda tanto entre democratas quanto entre republicanos, em meio à mudança da opinião pública americana sobre a ocupação em Gaza.
Lobby pró-Israel perde apoio nos EUA em meio à guerra em Gaza
No mês passado, Seth Moulton, deputado democrata por Massachusetts que concorre para destituir Ed Markey do Senado, anunciou que deixaria de aceitar doações do Comitê americano de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC na sigla original) e devolveria o dinheiro que havia recebido anteriormente do grupo.
A decisão causou espanto, já que Moulton certamente não é um político pacifista. Além de ser um apoiador de longa data de Israel, o ex-fuzileiro naval pressionou para que os houthis fossem considerados uma organização terrorista e se absteve de criticar os ataques da administração Trump ao Irã em junho.
A decisão de Moulton faz dele o quarto membro da Câmara a reverter sua posição sobre as doações do AIPAC, juntando-se aos deputados Morgan McGarvey (D-KY), Valerie Foushee (D-NC) e Deborah Ross (D-NC).
Não está claro se essas decisões marcam uma mudança radical entre os democratas ou uma mera mudança retórica. No caso de Moulton, sua declaração refere-se especificamente às suas divergências com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, deixando efetivamente a porta aberta para retornar ao grupo de lobby se o governo de Israel mudar. Poucas semanas após seu grande anúncio, uma fonte familiarizada com a situação disse ao Jewish Insider que Moulton havia cortejado o AIPAC para obter apoio à sua campanha e só optou por rejeitar publicamente a organização quando ela não pôde garantir tal apoio.
No entanto, é inegável que as críticas ao poderoso grupo de lobby ganharam força na mídia tradicional. Nas últimas semanas, os governadores Josh Shapiro e Gavin Newsom (ambos candidatos democratas à presidência) foram pressionados sobre a organização.
Esses desenvolvimentos não se limitaram a um lado do espectro político. Nos últimos meses, o grupo de lobby foi criticado não apenas por comentaristas populares de direita como Tucker Carlson, mas também por membros republicanos do Congresso como Marjorie Taylor Greene e Thomas Massie.
Recentemente, o AIPAC publicou um pequeno vídeo insistindo que seus esforços de lobby acabam beneficiando os americanos, uma clara refutação às recentes críticas a Israel vindas dos conservadores do movimento “America First”.
“Financiado por americanos. Dirigido por americanos. Fortalecendo uma aliança que beneficia os Estados Unidos!”, diz o tweet fixado da organização, que apresenta o vídeo.
“A base do AIPAC é basicamente a direita agora, e eles também estão perdendo-a”, diz o fundador da Mondoweiss, Phil Weiss, que cobre o lobby de Israel há décadas. “A AIPAC costumava ser capaz de falar tanto com republicanos quanto com democratas, e acho que isso acabou. Eles estão fragmentados.”
Eli Clifton, consultor sênior e jornalista investigativo da Responsible Statecraft, cita o fim dos Acordos de Oslo, a “Guerra ao Terror” pós-11 de setembro e o livro de 2007 The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy, dos cientistas políticos John Mearsheimer e Stephen M. Walt, como momentos decisivos, mas observa que a rápida desaceleração da imagem do AIPAC decorre do genocídio em Gaza.
“Algo definitivamente mudou recentemente, e é claramente por causa de Gaza”, disse Clifton ao Mondoweiss. “A grande mídia não cobriu o assunto como deveria, mas as pessoas veem isso em seus telefones, veem nas redes sociais. Tem sido uma atrocidade após a outra”, acrescentou. “É um genocídio, e os israelenses e os Estados Unidos não conseguiram escondê-lo.”
As pesquisas têm corroborado consistentemente a afirmação de Clifton. Uma pesquisa realizada em setembro pelo The New York Times e pela Universidade de Siena descobriu que apenas 34% dos americanos apoiam Israel, em comparação com 47% que apoiavam o país logo após o dia 7 de outubro. “Quase dois anos após o início da guerra em Gaza, o apoio americano a Israel sofreu uma reviravolta radical”, declarou o Times em um artigo sobre a pesquisa.
Pesquisas sobre o AIPAC e o lobby israelense em geral refletiram essas tendências. Uma pesquisa do Instituto Árabe-Americano (AAI) realizada em agosto revelou que os candidatos que recebem apoio de grupos de lobby pró-Israel têm mais chances de perder o apoio dos eleitores americanos do que de ganhá-lo.
Alguns candidatos já estão começando a se inclinar para essa realidade. O ex-legislador do estado de Nova York Michael Blake fez do grupo de lobby o foco central de sua disputa nas primárias contra o deputado Ritchie Torres.
“Ritchie Torres se preocupa mais com Bibi do que com o Bronx, mais com o AIPAC do que com seus acadêmicos”, declarou ele em seu vídeo de lançamento de campanha.
Blake é um ex-vice-presidente do Comitê Nacional Democrata que tinha uma relação próxima com o AIPAC, mas sua reviravolta na questão, juntamente com a recente vitória de Zohran Mamdani na prefeitura de Nova York, mostra que a opinião pública está mudando.
Comunicado do Ministério da Saúde
Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:
Nas últimas 24 horas, chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza 2 mártires (um novo mártir e um corpo resgatado) e 5 feridos.
Várias vítimas ainda permanecem sob os escombros e nas ruas, pois as equipes de resgate e defesa civil não conseguem alcançá-las até o momento.
Desde o cessar-fogo (11 de outubro de 2025):
· Total de Mártires: 260
· Total de Feridos: 632
· Corpos resgatados: 533
O número total de vítimas da agressão israelense desde 7 de outubro de 2023 chegou a 69.187 mártires e 170.703 feridos.