Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 760

O YouTube apagou mais de 700 vídeos que documentavam violações de direitos humanos cometidas por Israel, após o governo Donald Trump sancionar três organizações palestinas por seu trabalho com o TPI.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 760
Reprodução: Al Jazeera

YouTube apaga vídeos que documentavam crimes da ocupação

O YouTube, pertencente à Google, apagou mais de 700 vídeos que documentavam violações de direitos humanos cometidas por Israel, alegando estar cumprindo sanções dos Estados Unidos impostas a grupos palestinos de direitos humanos que cooperam com o Tribunal Penal Internacional (TPI), segundo uma investigação publicada pelo Intercept em 5 de novembro.

A investigação revelou que os vídeos foram removidos após o governo Donald Trump sancionar três organizações palestinas por seu trabalho com o TPI em casos de crimes de guerra contra líderes israelenses.

As organizações sancionadas são Al-Haq, Al Mezan Center for Human Rights e o Palestinian Centre for Human Rights.

As exclusões, realizadas no início de outubro, apagaram anos de arquivos que detalhavam atrocidades israelenses em Gaza e na Cisjordânia ocupada, incluindo gravações de demolições de casas, assassinatos de civis e depoimentos de palestinos sobre torturas.

Entre o material excluído estavam investigações sobre o assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh e documentários como The Beach, que relata a morte de crianças atingidas por um bombardeio israelense enquanto brincavam na praia.

O YouTube confirmou que as remoções foram feitas em conformidade com as “leis de comércio e exportação” após as sanções impostas por Trump.

Defensores dos direitos humanos afirmaram que a decisão da empresa ajuda os EUA a suprimir provas das atrocidades israelenses.

“É realmente difícil imaginar qualquer argumento sério de que compartilhar informações dessas organizações palestinas de direitos humanos violaria sanções”, disse Sarah Leah Whitson, da organização Democracy for the Arab World Now.

O Center for Constitutional Rights condenou a decisão como uma tentativa de apagar provas de crimes de guerra, enquanto a Al-Haq descreveu a medida como “um retrocesso alarmante para os direitos humanos e a liberdade de expressão.”

O Palestinian Centre for Human Rights afirmou que a ação do YouTube “protege os perpetradores da responsabilização”, acusando o Google de cumplicidade em silenciar as vítimas da agressão israelense.

A Al Mezan declarou que seu canal foi removido sem aviso prévio. As três organizações alertaram que plataformas sediadas nos EUA que hospedam conteúdo semelhante poderão em breve enfrentar a mesma censura, o que pode apagar ainda mais documentação de crimes de guerra israelenses.

A investigação do Intercept destacou o viés do YouTube, observando que conteúdos pró-Israel permanecem praticamente intocados, enquanto as narrativas palestinas são desproporcionalmente visadas.

O relatório afirmou que a plataforma demonstrou uma “disposição imediata em atender às exigências tanto do governo Trump quanto de Israel.”

A repressão ocorre em meio a novos esforços dos EUA para proteger autoridades israelenses de processos, depois que o TPI emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes de guerra em Gaza.

Desde então, Washington voltou a impor sanções a juízes do TPI e entidades que auxiliam as investigações do tribunal.

Separadamente, o cofundador da Wikipédia, Jimmy Wales, interveio após editores bloquearem a página “Genocídio em Gaza” em 28 de outubro.

Wales chamou a entrada de “particularmente escandalosa” e afirmou que ela “precisa de correção imediata” para refletir uma “abordagem neutra.”

Seus comentários provocaram reação negativa de editores, que o acusaram de ceder à pressão política e de minar conclusões da ONU e de pesquisadores que confirmam que as ações de Israel em Gaza constituem genocídio.

Comunicado do Ministério da Saúde

Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:

Nas últimas 24 horas, chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza 4 mártires (sendo 3 novos mártires e 1 corpo recuperado) e 7 feridos.

Ainda há várias vítimas sob os escombros e nas ruas, pois as equipes de resgate e defesa civil não conseguem alcançá-las até o momento.

Desde o cessar-fogo (11 de outubro de 2025):

• Total de mártires: 240

• Total de feridos: 607

• Total de corpos recuperados: 511

O total de vítimas da agressão israelense aumentou para 68.872 mártires e 170.677 feridos desde 7 de outubro de 2023.