Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 728

A resposta do Hamas à proposta de Trump é vista pela resistência como capaz de abrir caminho para o fim da agressão em Gaza, com apelos à unidade nacional, à reconstrução e à vigilância diante das manobras de Netanyahu.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 728

FPLP organiza festival no primeiro aniversário do martírio de seus companheiros

Em um grande festival central realizado no campo de refugiados de Nahr al-Bared, em 2 de outubro de 2025, a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) celebrou o primeiro aniversário de seus mártires. Em seu discurso político, proferido pelo membro do seu Bureau Político, Marwan Abdel Aal, a Frente reafirmou a firmeza da opção pela resistência e sua legitimidade absoluta diante da ocupação israelense.

O discurso destacou que o martírio dos líderes Nidal Abdel Aal, Imad Awda e Abdel Rahman Abdel Aal ocorreu no tempo e lugar certos, dentro de uma luta que define o destino da Palestina. Observou também que os acontecimentos de 7 de outubro recolocaram em pauta a essência do conflito palestino-israelense: um confronto entre um povo que se recusa a se ajoelhar e resiste em sua terra, e uma força de ocupação que busca o desenraizamento e o extermínio.

O discurso enfatizou que a resistência não é algo estranho à história da nação, mas uma continuação natural das experiências de defesa da terra, desde Izz al-Din al-Qassam e a Revolta de 1936 até Abu Ali Mustafa e Sayyed Hassan Nasrallah, destacando que o valor de uma nação é medido por sua capacidade de enfrentar o colonialismo, o sionismo e o imperialismo.

A Frente considerou que a equação é clara: toda ocupação gera resistência, e a resistência só termina com o fim da ocupação, não com seu próprio desaparecimento. Chamou ainda por uma resposta nacional imediata às propostas norte-americanas e ao plano de Trump, enfatizando que a prioridade suprema é cessar o massacre em Gaza e preservar os direitos palestinos inalienáveis.

O discurso também destacou a importância de proteger os campos de refugiados palestinos no Líbano, considerados modelos de resistência nacional que preservam a identidade e o direito de retorno, e pediu uma estratégia palestino-libanesa conjunta para proteger direitos e deveres.

A Frente sublinhou que a causa palestina voltou a ocupar seu lugar como causa de libertação nacional, após a revelação da verdadeira face da ocupação – uma entidade selvagem e rejeitada –, e que a firmeza do povo palestino diante dos projetos militares e políticos israelenses torna a resistência a única opção para defender a terra e a identidade.

O festival contou com a presença do prisioneiro libertado Georges Ibrahim Abdallah, que passou mais de 41 anos nas prisões francesas, destacando o papel da resistência e da firmeza nacional diante da opressão. Uma mensagem em nome das famílias dos mártires reafirmou o compromisso de continuar trilhando o caminho deles rumo à liberdade e à independência.

Por fim, o evento prestou homenagens ao sangue dos mártires e à resistência palestina, a todas as forças que apoiaram a causa palestina no Líbano e no mundo, aos povos e países que ergueram a bandeira da Palestina, e aos esforços das “frotas da liberdade e da resistência” que enfrentam o bloqueio israelense contra Gaza.

Sobre o plano de Trump e a resposta do Hamas e das facções da resistência

O Dr. Maher Al-Taher, chefe de Relações Internacionais da Frente Popular pela Libertação da Palestina, saudou o grande povo palestino na Faixa de Gaza e na Palestina, afirmando que ali se escreveu “uma página de glória na história da Palestina, da nação árabe e dos povos livres do mundo”. Em tom de homenagem, Al-Taher prestou reverência aos mártires, feridos e prisioneiros, cuja resistência – disse – deixou “um épico imortal” na memória das gerações.

Segundo Al-Taher, a firmeza do povo palestino e sua resiliência legendária forçaram o mundo a reagir contra a guerra de extermínio, a fome e a destruição. Ele acusou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de ter apostado que o Hamas e as demais facções recusariam a proposta americana – uma aposta que, na avaliação do dirigente da FPLP, falhou.

Al-Taher explicou que a proposta exigia, do lado palestino, o desarmamento das facções e a entrega de prisioneiros israelenses. Por outro lado, afirmou, os compromissos exigidos de Israel permanecem vagos e levantam “dezenas de questões” que precisam de acordo: do cessar-fogo abrangente e definitivo a um calendário claro para a retirada das forças de ocupação, passando pela administração futura da Faixa de Gaza. “Falar em forças internacionais sem consultar o povo palestino ignora suas referências – é o povo que tem o direito de gerir seus próprios assuntos”, afirmou.

Após deliberações profundas e responsáveis entre a Frente Popular, o Hamas e a Jihad Islâmica, Al-Taher afirmou que as facções adotaram uma posição unificada que surpreendeu Netanyahu, cujo objetivo – segundo ele – era prosseguir com as matanças. “A resposta do Hamas e das facções, combinada com consultas sérias, transferiu a bola para o campo israelense”, disse, enfatizando que a posição palestina não é fruto de intimidações, mas sim dos interesses supremos do povo em pôr fim à agressão e à campanha de extermínio.

Al-Taher alertou, porém, para a necessidade de cautela: “Netanyahu poderá tentar recuperar terreno por meio de enganos, obstruções ou até deslocar a guerra para outras frentes, em especial o Líbano.” Por isso, defendeu, todas as questões nacionais relativas à causa palestina e ao futuro da Faixa de Gaza só podem ser resolvidas por um consenso nacional amplo que inclua todas as forças palestinas e preserve as constantes da causa — em particular o direito de retorno, a liberdade e a independência.

Por fim, Al-Taher reiterou a importância de manter a mobilização internacional para pressionar Israel e os Estados Unidos a garantirem um cessar-fogo abrangente, a reconstrução e o envio de ajuda sem restrições, “para que os justos objetivos do nosso povo sejam alcançados”.

Comunicado do Ministério da Saúde

Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:

Os hospitais da Faixa de Gaza registraram 42 mártires e 190 feridos, como resultado da agressão israelense na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.

Um número considerável de vítimas ainda está sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las.

O total de mártires da agressão israelense subiu para 66.097 e 168.536 feridos desde o 7 de outubro de 2023.

O número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 atingiu 13.229 mártires e 56.495 feridos.