Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 628

A ocupação matou ao menos 50 palestinos que buscavam ajuda em Gaza na terça-feira (24), elevando a 516 o número de mortos em filas de auxílio. A ONU condenou a “militarização da ajuda” como crime de guerra.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 628

FPLP: Israel transforma ajuda em Gaza em arma, diz ONU

Em 24 de junho, tanques e drones israelenses abriram fogo contra uma multidão de palestinos que aguardava por ajuda alimentar na Rua Salah al-Din, no centro da Faixa de Gaza, matando pelo menos 50 pessoas no ponto de distribuição, segundo correspondentes da Al Mayadeen e funcionários médicos do Hospital Al-Awda, em Nuseirat. O hospital informou ter recebido 19 mártires e 146 feridos, dos quais 62 em estado crítico.

Em mais um massacre relacionado à distribuição de ajuda, um total de 79 palestinos foram mortos em toda Gaza nas últimas 24 horas, incluindo cinco cujos corpos foram retirados dos escombros, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Pelo menos 289 outras pessoas ficaram feridas em ataques israelenses naquele dia.

Equipes de defesa civil resgataram vários corpos de uma residência no bairro de Al-Sabra, na Cidade de Gaza. Um dia antes, o ministério havia reportado 39 mortos e 317 feridos em bombardeios semelhantes em toda a Faixa.

Entre os mortos no dia 24 de junho, 49 eram pessoas que buscavam ajuda humanitária, de acordo com o ministério. O número total de palestinos mortos enquanto tentavam acessar alimentos – chamados por autoridades de saúde de “mártires da subsistência” – já chega a 516, com mais de 3.799 feridos.

O Bureau de Direitos Humanos da ONU condenou os assassinatos e os vinculou diretamente ao novo sistema de entrega de ajuda, estabelecido com apoio dos EUA e operando em Gaza.

“Pessoas desesperadas e famintas em Gaza continuam enfrentando a escolha desumana entre morrer de fome ou serem mortas tentando conseguir comida”, disse o porta-voz da ONU, Thameen al-Kheetan, em Genebra.

Ele descreveu o sistema como um “mecanismo militarizado de assistência humanitária de Israel”, alertando que “a utilização da comida como arma contra civis, além de restringir ou impedir seu acesso a serviços essenciais à vida, constitui um crime de guerra e, sob certas circunstâncias, pode configurar outros crimes segundo o direito internacional”.

Segundo Kheetan, mais de 410 palestinos já haviam sido mortos tentando acessar ajuda até a semana passada, com base em dados de autoridades de saúde palestinas, ONGs e outras fontes ainda sendo verificadas pela ONU.

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, também condenou a situação em uma coletiva de imprensa em Berlim, chamando o sistema apoiado pelos EUA de “abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas” e “uma armadilha mortal que custa mais vidas do que salva”.

Os assassinatos próximos aos pontos de distribuição de ajuda em Gaza continuam ininterruptos, mesmo com a expansão das campanhas militares de Israel em outras frentes. Enquanto bombardeia países vizinhos e provoca confrontos diretos com o Irã, as forças israelenses mantêm controle total sobre a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, cujos pontos cercados e militarizados de distribuição se tornaram focos de massacres recorrentes.

As acusações da ONU de que a ajuda humanitária foi transformada em arma surgem à medida que esses locais — rotulados por Washington e Tel Aviv como corredores humanitários — continuam gerando vítimas civis em massa sob supervisão armada.

Comunicado do Ministério da Saúde

Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:

Os hospitais da Faixa de Gaza registraram 79 mártires e 289 feridos, como resultado da agressão israelense na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.

Um número considerável de vítimas ainda está sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las.

O total de mártires da agressão israelense subiu para 56.077 e 131.848 feridos desde o 7 de outubro de 2023.

O número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 atingiu 5.759 mártires e 19.807 feridos.