Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 625

Os EUA e Israel lançaram ataques coordenados contra o Irã, marcando uma perigosa escalada no Oriente Médio. A ofensiva gerou resposta iraniana, que retaliou com mísseis e ameaçou romper com a AIEA.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 625

EUA e Israel atacam o Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deflagrou uma nova e perigosa escalada militar no Oriente Médio ao ordenar, no último domingo (22), ataques aéreos coordenados contra três instalações nucleares iranianas, entre elas o complexo subterrâneo de Fordow. No dia seguinte, sinalizou publicamente a possibilidade de uma mudança de regime em Teerã, ampliando os temores de uma guerra total na região.

As declarações provocaram reações imediatas em Washington. Autoridades de alto escalão do governo norte-americano buscaram minimizar os efeitos políticos das falas presidenciais. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, classificou a operação como cirúrgica e negou qualquer objetivo de mudança de regime. O vice-presidente Vance reforçou que os Estados Unidos não planejam enviar tropas terrestres ao Irã, restringindo a ofensiva ao programa nuclear iraniano.

Segundo o Pentágono, a operação — denominadaMidnight Hammer— mobilizou mais de 125 aeronaves, incluindo bombardeiros furtivos B-2 que voaram por 18 horas até os alvos. Foram utilizadas pelo menos 14 bombas de penetração profunda contra as instalações nucleares. De acordo com o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Dan Caine, os danos causados foram classificados como severos.

Apesar da gravidade dos ataques, fontes iranianas indicam que a maior parte do urânio altamente enriquecido já havia sido transferida para locais seguros. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o complexo de Fordow foi atingido, mas que ainda não é possível avaliar o nível de destruição subterrânea.

Em resposta, o Irã lançou mísseis sobre áreas comerciais em Tel Aviv, deixando dezenas de feridos. Em paralelo, foi iniciada aOperação Boas Novas da Vitória, que atingiu com sucesso a base aérea de Al-Udeid, no Qatar — maior instalação militar dos EUA no Golfo Pérsico. Fontes do Conselho de Segurança Nacional iraniano afirmam que o número de mísseis lançados foi proporcional à quantidade de bombas utilizadas pelos EUA nos ataques aéreos.

A Guarda Revolucionária Iraniana classificou a ação como uma resposta direta a agressões contra a soberania e a segurança nacional do país. O ataque à base americana levou o governo do Qatar a condenar a ação iraniana como violação de sua soberania, prometendo uma resposta conforme os tratados internacionais.

Enquanto isso, Israel intensificou substancialmente sua ofensiva contra o território iraniano, atingindo instalações militares, prédios civis e instituições de ensino e pesquisa em Teerã. Entre os alvos bombardeados estavam a Universidade Shahid Beheshti, a prisão de Evin e a sede da emissora estatal IRIB — esta última atingida pela segunda vez em dois dias. Segundo a imprensa israelense, mais de 100 bombas foram lançadas sobre a capital iraniana em poucas horas, atingindo também infraestruturas estratégicas em Karaj e Shahr-e Rey. Um ataque a uma usina de energia causou apagões que afetaram milhares de residências.

As autoridades israelenses prometeram manter os ataques enquanto o Irã continuar disparando mísseis contra seu território. O Ministério da Saúde do Irã contabiliza oficialmente 430 mortos e mais de 3.500 feridos, enquanto organizações independentes de direitos humanos apontam um número superior a 900 mortos desde o início da ofensiva israelense.

Em meio à crise, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, reuniu-se com o presidente russo Vladimir Putin em Moscou para tratar de desafios comuns. Simultaneamente, o parlamento iraniano passou a discutir a suspensão da cooperação com a AIEA, acusando a agência de parcialidade e colaboração com Israel. A medida se insere em um contexto mais amplo de desgaste entre Teerã e os organismos internacionais.

As tensões remontam ao esforço persistente dos EUA e de Israel em forçar o Irã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio — atividade permitida para fins pacíficos pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), ao qual o país é signatário. A situação agravou-se após denúncias de que a AIEA teria repassado informações sigilosas à inteligência israelense, o que, segundo Teerã, teria contribuído para o assassinato de cientistas iranianos ligados ao setor nuclear.

A ofensiva militar liderada por Estados Unidos e Israel representa um novo patamar na confrontação geopolítica regional e expõe, com nitidez, a lógica intervencionista que rege as potências ocidentais. A atuação norte-americana, sem autorização do Congresso e à margem do direito internacional, evidencia o caráter unilateral da operação, que se apoia em justificativas recorrentes para a imposição de sua hegemonia — neste caso, o suposto risco representado pelo programa nuclear iraniano.

Por sua vez, a resposta militar do Irã expressa o exercício de um direito elementar à autodefesa frente a uma agressão externa. Contudo, é fundamental distinguir o caráter da guerra em curso: trata-se de um conflito defensivo do ponto de vista estratégico, mas conduzido por um regime teocrático e autoritário, que reprime sua própria população e não representa uma alternativa de emancipação popular.

O atual confronto representa, portanto, mais do que um embate entre Estados: é um choque entre um bloco imperialista em declínio e um Estado soberano que resiste à sua submissão. Seu desfecho terá implicações profundas para todo o Oriente Médio. A consolidação da ofensiva sionista e imperialista representaria um retrocesso para os povos da região e um reforço à lógica de guerra permanente que sustenta a dominação capitalista global.

Nesse cenário, a prioridade deve ser conter a escalada belicista, isolar politicamente os agressores e fortalecer a solidariedade internacional com os povos que resistem — sem nutrir ilusões sobre qualquer das burguesias envolvidas. A luta contra a guerra não será travada nos corredores diplomáticos, mas na organização independente da classe trabalhadora internacional contra todas as formas de opressão e dominação.

Comunicado do Ministério da Saúde

Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:

Os hospitais da Faixa de Gaza registraram 144 mártires e 560 feridos, como resultado da agressão israelense na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.

Um número considerável de vítimas ainda está sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las.

O total de mártires da agressão israelense subiu para 55.637 e 129.880 feridos desde o 7 de outubro de 2023.

O número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 atingiu 5.334 mártires e 17.839 feridos.