Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 411
Horas após a decisão do TPI de prender Netanyahu, líderes da oposição nos EUA criticaram a decisão, com o senador e aliado de Donald Trump, Lindsey Graham, chamando o TPI de “uma piada perigosa”.
Filme é criticado por cortar atriz egípcio-palestina
A estreia de Gladiador II, sequência do filme de 2000 dirigido por Ridley Scott, está no centro de uma controvérsia geopolítica. Usuários de redes sociais acusam os produtores do longa de remover cenas cruciais da atriz egípcio-palestina, May Calamawy, inicialmente anunciada como coprotagonista, em um movimento que muitos considerampoliticamente motivado.
Com um orçamento robusto de US$ 210 milhões, o filme estreou na semana passada, arrecadando US$ 87 milhões no fim de semana — um desempenho abaixo do esperado. Antes do lançamento, Calamawy foi amplamente promovida como o interesse romântico do protagonista interpretado por Paul Mescal. Trailers e imagens divulgadas no início do ano mostravam cenas do casal, incluindo momentos de intimidade que sugeriam uma relevância narrativa significativa.
O debate tomou dimensão devido à origem palestina de Calamawy e seu apoio direto à causa. Durante toda a agressão israelense ao território palestino, que já dura mais de um ano, a atriz compartilhou ativamente em suas redes sociais denúncias contra violações de direitos humanos e mensagens de solidariedade ao povo de Gaza.
Usuários das redes sociais apontam que a exclusão da atriz pode ter sido uma represália à sua postura política. O contexto é de crescente pressão em Hollywood contra as figuras públicas que demonstram apoio à Palestina. Um exemplo recente foi a demissão de Melissa Barrera, protagonista da franquia Pânico (Scream), também distribuída pela Paramount, após suas declarações pró-Gaza.
A presença de um “novo macartismo” em Hollywood tem sido tema de discussões entre críticos e ativistas, levantando questionamentos sobre a liberdade de expressão na indústria cinematográfica em meio a tensões globais envolvendo Israel e Palestina. O próprio ator que protagoniza o longa, Paul Mescal, participou de iniciativas em solidariedade ao povo palestino em abril deste ano.
A controvérsia levanta questionamentos sobre o papel do lobby sionista na indústria do entretenimento e o impacto disso na representação de minorias e vozes dissidentes. A atriz ainda não comentou publicamente o ocorrido, mas sua ausência nos materiais promocionais e no filme final continua a fomentar debates.
EUA rejeitam decisão do TPI de prisão de Netanyahu e Gallant
Conforme noticiou o The Cradle, a Casa Branca “rejeitou fundamentalmente” a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em 21 de novembro, de emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant.
Horas após a decisão, o Departamento de Estado cancelou sua coletiva de imprensa diária. Líderes da oposição nos EUA também criticaram a decisão, com o senador e aliado de Donald Trump, Lindsey Graham, chamando o TPI de “uma piada perigosa”. “Agora é hora de o Senado dos EUA agir e sancionar este órgão irresponsável”, enfatizou Graham.
De forma semelhante, o senador republicano Tom Cotton invocou o Ato de Proteção dos Membros das Forças Armadas Americanas de 2002, também conhecido como “Ato de Invasão de Haia”, que autoriza o uso de força militar para libertar qualquer cidadão americano ou cidadão de um país aliado dos EUA preso em Haia.
Agora, todos os 124 Estados-membros do TPI são obrigados a deter Netanyahu e Gallant caso entrem em seus territórios. Os EUA – que não são membros do TPI – já haviam aplaudido os mandados de prisão do tribunal contra Vladimir Putin e outros funcionários russos.
“É um passo importante em direção à justiça e pode levar à reparação para as vítimas em geral, mas permanece limitado e simbólico se não for apoiado por todos os meios por todos os países ao redor do mundo”, disse o membro do bureau político do Hamas, Basem Naim, em um comunicado. A Jihad Islâmica Palestina também saudou a decisão, mas chamou-a de um passo “tardio”.
Em Israel, autoridades do governo e da oposição culparam principalmente a decisão pelo que chamaram de “antissemitismo”. Enquanto Washington se prepara para seu próximo movimento para ajudar o genocídio israelense dos palestinos em Gaza, autoridades em Londres disseram que “respeitam a independência do Tribunal Penal Internacional, que é a principal instituição internacional para investigar e processar os crimes mais graves de preocupação internacional.”
À medida que as nações continuam a reagir à decisão histórica, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, anunciou no final do dia que instruiu embaixadores “a agirem contra países em todo o mundo” que optem por honrar a “decisão escandalosa” do TPI.
O principal promotor do TPI, Karim Khan, na quinta-feira, instou os 124 Estados-membros a cumprirem os mandados de prisão emitidos contra Netanyahu, Gallant e o líder das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Deif, supostamente morto no início deste ano em Gaza.