Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 383
Enquanto as equipes da Defesa Civil tentavam evacuar a área no norte de Gaza, um drone israelense disparou um míssil diretamente contra elas, ferindo três funcionários.
Sobre o ataque israelense às equipes da Defesa Civil palestina
À medida que a agressão israelense continua e se intensifica em sua brutalidade contra nosso povo indefeso no norte de Gaza, nossas equipes de Defesa Civil na área do conjunto habitacional de Beit Lahiya foram diretamente alvejadas como parte de um plano israelense para esvaziar as áreas do norte de moradores e impedir que qualquer entidade forneça serviços humanitários ou médicos.
Ontem à noite, fomos surpreendidos pela presença de drones “quadricópteros” israelenses sobrevoando a área onde as equipes da Defesa Civil e de serviços médicos estavam estacionadas no conjunto habitacional de Beit Lahiya. Eles receberam ordens, por meio de alto-falantes, para deixar imediatamente seus veículos e se dirigir ao Hospital Indonésio, onde o exército israelense está posicionado e só permite a passagem mediante inspeção e triagem.
Enquanto as equipes tentavam evacuar a área, um drone israelense disparou um míssil diretamente contra elas, ferindo três de nossos membros. Além disso, o único caminhão de bombeiros que prestava serviços de combate a incêndios nas áreas do norte foi alvo de projéteis de artilharia, o que levou à sua destruição e ao incêndio.
Sob a ameaça de ataques contínuos, nossas equipes foram forçadas a evacuar a área e seguir para o Hospital Indonésio, onde foram submetidas a buscas e maus-tratos pelo exército israelense. Cinco de nossos funcionários foram presos e levados para um local desconhecido.
Como resultado, declaramos que as operações da Defesa Civil no norte da Faixa de Gaza foram completamente interrompidas, deixando essas áreas sem nenhum serviço de combate a incêndios, resgate ou atendimento médico de emergência. Isso coloca em risco a vida de milhares de famílias que ainda residem em suas casas em Jabalia, Al-Nazla, campo de refugiados de Jabalia, Beit Lahiya e Beit Hanoun, a despeito das tentativas da ocupação de esvaziar os abrigos à força.
À luz dessa escalada sistemática contra nossas equipes e profissionais médicos, declaramos que milhares de famílias no norte de Gaza estão agora sem serviços de Defesa Civil e alertamos que suas vidas correm grande perigo.
Pedimos à comunidade internacional e às organizações humanitárias que pressionem a ocupação israelense para permitir a retomada da Defesa Civil e dos serviços médicos na província do norte.
Exigimos a intervenção imediata do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para garantir a libertação do nosso pessoal preso pela ocupação israelense e para fornecer proteção às nossas equipes.
Alertamos que a falta de intervenção urgente e o fim das ações da ocupação israelense permitirão que ela continue sua política sistemática de interrupção dos serviços humanitários e médicos em outras áreas da Faixa de Gaza, forçando nosso povo a fugir e confinando-o em áreas específicas sob condições humanitárias terríveis.
Como a mídia latino-americana noticiou a morte de Sinwar?
Na quarta-feira 16 de outubro uma operação das forças sionistas em Gaza conseguiu alcançar a liderança político-militar do Hamas, o mujahid Yahya Sinwar. Antecedido por drones, os soldados do Apartheid entraram no perímetro de defesa da resistência palestina. Fato raro. Na maior parte das operações dos supremacistas, a “guerra de Israel” é feita por aviões financiados pelos EUA (F-15, F-35, F-22) e se dedicam “valentemente” a bombardear escolas e hospitais. Quando operam por terra, o modus operandi é assassinar idosos, mulheres (desarmadas), crianças ou então a violentar prisioneiros. Se não fossem as aeronaves não tripuladas de caça a baixa altitude, jamais teriam atingido Sinwar.
Vejamos na sequência algumas abordagens dos conglomerados econômicos que produzem comunicação em nosso continente, com especial atenção no Mercosul (Brasil, Argentina, uruguai e Paraguai).
O portal G1, das Organizações Globo (ex-sócia no Brasil do grupo estadunidense Time Warner e associado da rede de cassinos MGM Gold no setor de apostas online) publicou as seguintes palavras:
“As Forças Armadas de Israel anunciaram na quinta-feira (17) que mataram Yahya Sinwar, um dos principais alvos dos israelenses. Há um ano, quando começou a guerra contra o Hamas, o primeiro bombardeio de Israel na Faixa de Gaza foi direcionado à casa de Sinwar.
A morte ocorreu durante um confronto com soldados israelenses na quarta-feira (16 de outubro), mas o corpo de Sinwar foi reconhecido por Israel na quinta-feira (17 de outubro).
O terrorista já ficou preso por 23 anos em Israel e teve papel de governante dentro da Faixa Gaza. Ele foi eleito o chefe do Hamas após a morte de Ismail Haniyeh, que foi assassinado por Israel no Irã em julho.”
Na Argentina, surpreendentemente o portal do Grupo Clarín, uma das bases de sustentação do governo pró-sionista e Javier Milei (apoiado por defensores do genocídio palestino como Darío Epstein, Tomás Pener, Axel Wahnish e Eduardo Elsztain), traz uma descrição apropriada do mártir Sinwar e sua trajetória:
“Nascido em 1962 no campo de refugiados de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, Sinwar foi eleito líder do Hamas no enclave em 2017, depois de construir uma reputação de inimigo ferrenho de Israel e implacável com os informantes e desde 6 de novembro passado era o principal líder do grupo, ao qual ingressou aos 19 anos.
Em 1989, ele foi condenado a quatro penas de prisão perpétua em Israel por planejar o sequestro e assassinato de dois soldados israelenses e quatro “colaboradores” palestinos, mas foi libertado em 2011 como parte da troca de 1.047 prisioneiros palestinos pelo retorno do soldado israelense Gilad Shalit.”
No Uruguai, a publicação El Observador, dedicada ao mundo dos negócios (lembrando que o país também opera como praça financeira e paraíso fiscal para os capitais que evadem da Argentina) traz uma definição ofensiva do mártir.
“Ele é conhecido como o ‘açougueiro de Khan Younis’, cidade de Gaza onde nasceu há 61 anos. O seu primeiro passo foi no âmbito das relações externas da organização terrorista onde reforçou os laços com o Irã, o que permitiu ao Hamas adquirir armas mais sofisticadas e a construção de uma verdadeira cidade subterrânea na Faixa de Gaza, de onde começaram os ataques da organização terrorista.
Na manhã de sábado, 7 de outubro, antes da festa da ‘Torá’ (Antigo Testamento) em Israel, ninguém imaginava que seria um ponto de viragem que mudaria completamente o panorama do Médio Oriente. Nesse dia e sob o comando de Sinwar, primeiro, centenas de terroristas do corpo de elite do Hamas, e depois milhares de habitantes de Gaza, entraram em território israelita, assassinando 1.400 pessoas e raptando 212 civis.”
O jornal paraguaio La Nación basicamente reproduziu a linha sionista de celebração, desrespeito e também no ato de tentar plantar discórdia. Vergonhosamente, a publicação do país – que conta com uma considerável e relevante comunidade árabe, incluindo o ex-presidente Mario Abdo Benítez – se contentou com reproduzir a matéria da AFP (Agência France Presse), veículo oficioso deste país imperialista, responsável pela chacina na Argélia (2 milhões de assassinados entre 1956 e 1962) e membro da OTAN. Vejamos.
“Yahya Sinwar foi considerado o mentor do ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que abriu uma espiral sangrenta na região. A sua morte tornou-se um “assunto pessoal” para muitos israelitas, e em particular para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que estabeleceu como objetivo da guerra erradicar o Hamas, destaca Michael Horowitz, especialista da consultora de segurança Le Beck.
‘Sinwar foi considerado um dos principais obstáculos a um acordo, embora não tenha sido o único. A sua morte pode levar a uma mudança na dinâmica’, desde que o governo israelita “aproveite a oportunidade” e Sinwar seja substituído “por alguém com posições diferentes”, estima Horowitz. Os analistas também concordam que a morte de Sinwar aumentará a pressão sobre o governo israelense.”
É possível notar a reprodução do discurso hegemônico estadunidense na cobertura dos grandes veículos de mídia latino-americanos do martírio de Sinwar. Mesmo que o Brasil e outros países não reconheçam oficialmente o Hamas como "grupo terrorista", ao contrário dos EUA, é notável a descrição do dirigente e das lideranças enquanto antagonistas, elemento que se repete em razão da crescente influência do sionismo no continente.