Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 166
O projeto dos EUA para cessar-fogo surge em um momento em que tentam empreender esforços de criação de um cais marítimo na região, a fim de estender o controle sobre a Palestina, contornar a presença das organizações humanitárias e preparar sua incursão terrestre em Rafah.
PROPOSTA DOS EUA DE CESSAR-FOGO IGNORA DEMANDAS PALESTINAS
O governo dos Estados Unidos apresentou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) versando sobre um cessar-fogo imediato “entre Israel e o Hamas”.
Durante sua passagem pela Arábia Saudita, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou ao Al Hadath: “Temos uma resolução que apresentamos agora ao CSNU que pede um cessar-fogo imediato ligado à libertação de reféns, e esperamos muito que os países apoiem isso”. O texto demanda também a suspensão do financiamento externo ao Hamas.
Desde o 7 de outubro, o governo americano já vetou no CSNU três resoluções que apelavam a um cessar-fogo imediato em Gaza. É importante notar que a Resistência Palestina (que inclui o Hamas) reiteradamente declarou que qualquer proposta que não inclua o fim definitivo da agressão em Gaza, libertação de prisioneiros palestinos, retirada das forças israelenses de Gaza, a reconstrução das instalações destruídas e o retorno de pessoas deslocadas para suas casas não seriam consideradas.
Nesse sentido, o projeto americano deve encontrar muitos entraves em Gaza, sobretudo ao focar suas prerrogativas na demanda sionista de desfinanciamento do Hamas, chamando-o de “organização terrorista”, e alegando que ele não representa o povo palestino. Para além disso, também não consegue atender às demandas palestinas afirmadas e reafirmadas durante os desenrolares da guerra genocida.
O projeto de resolução é apresentado em um momento que o governo Biden tenta empreender esforços de criação de um cais marítimo na região, a fim de estender o controle sobre a região, contornar a presença das organizações humanitárias e preparar sua incursão terrestre em Rafah.
RESISTÊNCIA CONTRA FORÇAS ISRAELENSES: OPERAÇÕES DE HOJE
Em uma série coordenada de ações, grupos de resistência continuaram seus ataques contra forças dos Estados Unidos e Israel hoje. As operações envolveram diversas organizações, cada uma executando ações específicas.
Na região de Qarara, ao norte de Khan Yunis, as Brigadas Al-Qassam atacaram um veículo blindado das Forças de Defesa de Israel (IDF) com mísseis Yassin 105, além de destruir a abertura de um túnel durante a entrada de uma força da IDF, resultando em baixas. Também foram atingidos dois tanques Merkava nas proximidades do Hospital Al-Shifa na Cidade de Gaza.
Por sua vez, as Brigadas Al-Quds bombardearam uma concentração de soldados e veículos das IDF na mesma área de Qarara, utilizando morteiros de calibre 60mm.
As Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa lançaram ataques com RPGs contra veículos militares das IDF nas proximidades do Hospital Al-Shifa, e bombardearam concentrações de soldados e veículos militares com foguetes e morteiros em várias áreas.
Já as Brigadas Mujahidin atacaram um veículo militar das IDF com um foguete antitanque perto do Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza.
Além disso, o Hezbollah realizou uma série de ataques com foguetes, visando a fortificação de Hunin e outros locais estratégicos, como as bases de Ruwaisat Al-Alam nas colinas ocupadas de Kfarshuba, de Zebdine nas Fazendas de Shebaa ocupadas, de Al-Marj, bem como o assentamento de Metulla, resultando em danos diretos.
COMUNICADO DO PARTIDO COMUNISTA PALESTINO
A formação do novo governo palestino é um passo na direção errada, e representa uma reviravolta contra a reunião das organizações palestinas em Moscou e seus resultados modestos. Apesar de nosso partido esperar o fracasso desses diálogos sucessivos, a decisão da Autoridade Palestina de compor um novo governo para agradar os americanos e sacrificar a unidade nacional palestina indica a mediocridade de visão dessa autoridade e a prevalência de seus interesses limitados sobre a situação geral de nosso povo palestino. Devido a essa estreiteza de visão de algumas organizações e à prevalência dos interesses privados sobre o interesse comum palestino, qualquer negociação futura estará fadada ao fracasso. O Partido Comunista Palestino condena este passo irresponsável, que veio mais rápido do que o esperado devido à guerra de extermínio travada pelo regime invasor contra nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Como se todas as conspirações contra o povo palestino, incluindo deslocamentos, deportações, destruição, fome e limpeza étnica, não fossem suficientes para unir os palestinos, essa ação vem alinhada com o fascismo sionista. Este governo aproveita a divisão palestina para promover sua visão de que não há uma entidade palestina com quem negociar, visando separar a Faixa de Gaza da Cisjordânia. Essa medida irresponsável facilita ao governo sionista separar a Cisjordânia de Gaza e contribui para aprofundar a divisão palestina.
Nesse contexto, o Partido Comunista renova seu apelo a todas as organizações palestinas para que formem uma ampla frente nacional contra os projetos liquidacionistas da questão palestina e sair do impasse atual em direção à libertação e à construção de um Estado palestino independente em todo o território nacional, um Estado para todos os seus filhos.
Nosso partido também vê com grande preocupação a iniciativa dos EUA de construir um cais marítimo, cujo objetivo declarado é o de “entregar ajuda humanitária aos famintos na Faixa de Gaza”, mas cujos objetivos reais incluem deslocamento, endurecimento do cerco e a preparação para uma operação terrestre em Rafah. Qual é o significado de construir este cais marítimo sob pretexto de fornecer assistência aos necessitados, quando a divisa de Rafah já tem milhares de caminhões carregados com alimentos e remédios que, se permitidos a entrar na Faixa de Gaza, poderiam acabar com a fome de famílias e crianças em nossa população em Gaza?
Isso nos leva ao plano sionista de ocupar a região de Salah al-Din para impedir a entrada de ajuda ou qualquer outra mercadoria através de Rafah, e controlá-la através do cais marítimo proposto, a fim de chantagear o povo palestino no futuro e determinar a entrada de qualquer mercadoria que o regime considere uma ameaça, conforme suas alegações.
Além disso, tal porto ajudará o Estado sionista a formar uma força local para receber assistência e contornar as agências governamentais e organizações humanitárias das Nações Unidas em Gaza.
Esta medida suspeita visa também atingir a UNRWA e liquidá-la, impedindo-a de desempenhar seu papel na distribuição de ajuda para nosso povo, sendo hoje a organização mais capaz de distribuir ajuda porque possui um banco de dados completo sobre nosso povo em Gaza, na Cisjordânia e nos campos de refugiados nos países vizinhos. O porto marítimo proposto carrega conspirações graves, desde a eliminação da UNRWA até o endurecimento do cerco e controle de Gaza, controlando os materiais que entrarão no território, especialmente considerando que todos sabem que esta é uma ideia puramente sionista.
Infelizmente, há alguns regimes que apoiaram esta ideia, e promoveram a ideia do porto marítimo, como o Qatar, Emirados Árabes Unidos e Bahrein e o Egito, o que indica a intensidade do ataque imperialista à região árabe e o papel dos regimes reacionários árabes e agentes do colonialismo em sua execução. No entanto, este duro ataque é enfrentado por uma grande resistência no Iêmen, Líbano, Iraque, Síria e na Palestina ocupada. Nosso partido acredita que a resistência e a rejeição desses projetos diabólicos podem ser alcançadas através da expansão e disseminação da resistência em todos os países árabes contra os regimes subservientes e submissos ao imperialismo, e expandindo a aliança da resistência com os aliados do mundo.
FPLP: HOSPITAL AL-SHIFA TORNA-SE UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO
A Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) afirmou que os terríveis crimes cometidos pelo inimigo sionista na Faixa de Gaza, especialmente no Complexo Médico Al-Shifa, junto da escalada dos bombardeios brutais contra as residências dos civis e a continuação da guerra de fome, ultrapassam qualquer descrição em sua brutalidade e severidade, transcendendo todos os acordos, leis e normas internacionais.
O cerco contínuo ao Hospital Al-Shifa chega ao seu quarto dia consecutivo. A realização de amplas campanhas de prisões e a destruição planejada do que resta das instalações do complexo, especialmente a ala de cirurgia geral, e o cerco de um grande número de mulheres e crianças deslocadas dentro dele, juntamente com execuções sumárias e a queima de apartamentos residenciais nas proximidades do complexo, são crimes de guerra cometidos com aval americano, cumplicidade internacional e um silêncio árabe.
O Complexo Médico Al-Shifa se transformou em um grande campo de concentração que supera a brutalidade de Auschwitz nazista e os crimes do regime hitleriano da Gestapo, confirmando que esses crimes são financiados e protegidos pela administração americana e pelo ocidente sionista em todo o mundo, em um completo vácuo de justiça, no qual domina a lei da selva.
A FPLP concluiu sua declaração convocando as massas do povo palestino para transformar a sexta-feira (22), em um dia de escalada militar maciça e confronto aberto com o inimigo em todas as frentes de batalha em apoio a Gaza e em vitória para o sangue do povo palestino. Convoca-se as massas dos filhos da nação árabe e os aliados do mundo a se reunirem imediatamente nas ruas, capitais, embaixadas de agressores e sedes de instituições internacionais, para pressioná-los a fim de pôr fim ao massacre contínuo no Hospital Al-Shifa e à guerra contínua de extermínio contra nosso povo na Faixa de Gaza, reafirmando a importância de que os Estados árabes assumam suas responsabilidades nacionais, humanitárias e éticas para pôr fim a este holocausto e ameaçar com cartas de pressão que eles possuem.