Atualização sobre a Operação Tempestade Al-Aqsa: dia 57
A ocupação sionista segue bombardeando a Faixa de Gaza e promovendo terror na Cisjordânia para eliminar a resistência e o povo palestino. A retirada dos negociadores sionistas de Doha sinaliza ausência de abertura às negociações e a convicção em manter o genocídio em curso.
MAIS DE 700 PALESTINOS FORAM MORTOS PELA OCUPAÇÃO SIONISTA NAS ÚLTIMAS 24H
Mais de 700 palestinos foram assassinados nas últimas 24 horas em Gaza, conforme os ataques israelenses se intensificam. A evacuação foi ordenada em Khan Younis, enquanto a cidade testemunhava intensos bombardeios. Desde o reinício dos ataques após uma trégua de sete dias, mais de 1,5 milhão de pessoas foram deslocadas.
O diretor da Secretaria de Mídia do Governo em Gaza relatou que a situação é desesperadora, com crianças sofrendo queimaduras, ferimentos e lesões graves. Hospitais estão sobrecarregados, e a busca por sobreviventes nos escombros continua.
A ocupação sionista segue bombardeando a Faixa de Gaza e promovendo terror na Cisjordânia para eliminar a resistência e o povo palestino. A retirada dos negociadores sionistas de Doha sinaliza ausência de abertura às negociações e a convicção em manter o genocídio em curso. O total de mortos em Gaza ultrapassa 15.200 desde outubro, segundo as autoridades de saúde locais.
Ordens de evacuação foram ampliadas em Khan Younis, a área que anteriormente era declarada “zona segura” pelas forças armadas israelenses. As forças sionistas despejaram panfletos na região, instruindo a população a se deslocarem para o sul, em direção a Rafah, ou para uma área costeira no sudoeste. Os panfletos alertavam que “a cidade de Khan Younis é uma zona de combate perigosa”.
Halima Abdel-Rahman, palestina, mãe de quatro filhos e viúva, em entrevista à Al Jazeera disse que não pretende mais obedecer às ordens de evacuação. Ela deixou sua residência em Beit Lahia em outubro e refugiou-se em uma área próxima a Khan Younis, onde está atualmente hospedada com parentes e que recentemente recebeu uma ordem de evacuação.
“Não, não vamos sair. A ocupação diz para ir para esta área e depois a bombardeia. A realidade é que nenhum lugar é seguro em Gaza. Eles matam pessoas no norte. Eles matam pessoas no sul.”
Civis em toda Faixa de Gaza relataram que o exército israelense distribuiu panfletos instruindo-os a se deslocarem para o sul, em direção a Rafah, ou para uma área costeira no sudoeste. Os panfletos alertavam que "a cidade de Khan Younis é uma zona de combate perigosa".
Enquanto isso, na Cisjordânia, as tensões persistem e escalam com agilidade. Nas últimas 4h mais um palestino foi morto por forças sionistas em Qalqilya e dezenas de prisões ocorreram durante operações noturnas.
COMUNICADO OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS DO IÊMEN (ANSARULLAH)
“Em cumprimento às diretrizes do nosso Comandante, Abdul Malik Badr Al-Deen Al-Houthi, para apoiar o povo palestino e sua resistência orgulhosa:
Esta manhã, as forças navais do exército iemenita, com a ajuda de Deus Todo-Poderoso, realizaram uma operação de direcionamento contra dois navios israelenses em Bab Al-Mandab, os navios Unity Explorer e Number Nine. O primeiro foi alvo de um míssil antinavio e o segundo, de um drone naval.
A operação de direcionamento ocorreu depois que os dois navios rejeitaram mensagens de aviso das forças navais iemenitas.
As Forças Armadas do Iêmen continuarão a impedir que os navios israelenses naveguem nos mares Vermelho e Árabe, até que a agressão israelense contra nossos irmãos firmes na Faixa de Gaza cesse.
As Forças Armadas do Iêmen renovam seu aviso a todos os navios israelenses ou associados a israelenses de que serão alvos legítimos se violarem nossas condições.”
CORREDOR DA MORTE: A FAMÍLIA AL-SAMOUNI RECORDA O TERROR DO “CORREDOR SEGURO” EM GAZA
Três irmãos pertencentes à família al-Samouni foram sequestrados pelo exército israelense no 'corredor seguro' que leva ao sul da Cidade de Gaza. (Linah Alsaafin e Maram Humaid para a Al Jazeera)
Deir el-Balah, Faixa de Gaza – Já se passaram duas semanas, e os al-Samouni ainda não têm ideia do que aconteceu com seus filhos e irmãos. Eles estão em choque.
As 36 mulheres e crianças, amontoadas em uma tenda para pessoas deslocadas nos terrenos do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, têm quatro cobertores para compartilhar entre si.
Eles costumavam viver em Zeitoun, no sudeste da Cidade de Gaza, onde cultivavam seus 69 dunams (17 acres) em paz, disseram eles.
Mas desde o primeiro dia do ataque de Israel a Gaza, em 7 de outubro, foram forçados a fugir para o sul e decidiram pegar o que o exército israelense chamava de “corredor seguro”: Salah al-Din, a estrada principal que percorre o norte-sul na Faixa de Gaza. Mas o corredor não era tão seguro afinal.
Zahwa al-Samouni, 56 anos, mal conseguia falar ao relatar como os soldados israelenses levaram seus três filhos.
A família estava caminhando pela estrada, tentando não fixar os olhos nos corpos de palestinos mortos no chão, quando chegaram a um posto de controle israelense recém-construído. Antes que a família pudesse passar pelos torniquetes, os soldados ordenaram que Abdullah al-Samouni, 24 anos, se afastasse da estrada, para uma vala escondida da vista. Seu irmão mais novo, Hamam, 16, começou a chamar por Abdullah, visivelmente angustiado. Os soldados ordenaram que Hamam se juntasse ao irmão.
O irmão mais velho, Faraj, um agricultor e pai de seis filhos, gritou com os soldados, perguntando para onde estavam levando Abdullah e Hamam. Seu protesto resultou nos soldados ordenando que ele se juntasse aos irmãos.
O restante da família, atônita, passou pelos torniquetes.
“Quando passamos pelo posto de controle, vi dois homens despidos até a roupa íntima na vala com números marcados nos ombros”, disse Zahwa. “Havia outros homens, e eu reconheci meu filho Faraj.”
Sua co-irmã Zeenat, que é mãe de Abdullah e Hamam, disse que informou à Cruz Vermelha os nomes dos irmãos, números de identidade e números de telefone celular.
“Cada dia que passa parece um ano para nós”, disse ela. “Sento-me na entrada da tenda esperando que alguém tenha notícias deles. Só quero saber o que aconteceu com eles, se estão bem, se estão vivos.”
A mãe de sete filhos havia passado pelo chamado corredor seguro três dias antes de seus filhos e enteados. Ela tinha ficado na casa de um parente, depois tentou ficar em um abrigo escolar, mas os bombardeios se intensificaram demais.
“Tínhamos medo, mas decidimos correr o risco porque sabíamos de outras pessoas que conseguiram chegar ao sul”, disse ela, de 49 anos. “Passamos por nossa terra, e vimos muitos tanques israelenses lá e todas as nossas casas destruídas.”
Zeenat e sua família levantaram bandeiras brancas e seus documentos de identidade na frente dos atiradores de elite israelenses.
“Caminhamos com o coração prestes a pular do peito de tanto medo, desde das nove da manhã”, disse ela. “Quando finalmente chegamos à Deir el-Balah, o sol estava se pondo.”
Ela disse que viu partes desmembradas de crianças entre os corpos na estrada.
Zahwa disse que, quando fez a mesma caminhada três dias depois, os soldados israelenses disseram que qualquer pessoa que parasse de se mexer ou olhasse para trás seria baleada.
“Eles zombaram de nós quando passamos pelo posto de controle”, disse Zahwa. “Eles nos xingaram em árabe, usando palavras sujas, e amaldiçoaram nosso profeta Muhammad e Deus. Chamaram-nos de apoiadores do Hamas e prometeram acabar conosco quando fôssemos para o sul.”
Ela segurou o rosto, lágrimas escorrendo por suas bochechas. Sua neta e homônima, Zahwa, de 10 anos, relembra os eventos daquele dia.
“Estávamos andando, meus pais e dois irmãos e três irmãs, e quando chegamos ao posto de controle, os israelenses pegaram meu pai e tios”, ela disse, falando com uma clareza além de seus anos.
“Meu pai [Faraj] estava segurando minha mão, e os israelenses o levaram de mim”, ela disse, com dor gravada em seu rosto. “Os soldados também pegaram a bolsa que tinha nossas roupas. Apenas roupas, não bombas ou armas”, ela zombou.
A jovem Zahwa disse que os soldados israelenses atiraram em um homem na frente deles e nada fizeram enquanto ele sangrava até a morte.
“O homem tinha deficiências de aprendizado”, ela disse. “Ele estava caminhando em linha reta e olhou para trás. Os soldados mandaram ele olhar para a frente, e quando virou a cabeça, atiraram nele no estômago.”
“Isto não é um corredor seguro, é um corredor da morte. É um corredor de medo”, ela acrescentou. “Eles mataram pessoas, bateram nelas e as fizeram tirar suas roupas.”