Atualização sobre a Operação Tempestade Al-Aqsa: dia 39

Tropas sionistas invadiram o Hospital al-Shifa da Cidade de Gaza, o maior da Faixa de Gaza. Segundo médicos no local, houve disparos ocasionais de franco-atiradores. As autoridades sionistas insistem que o hospital esconde um centro de comando do Hamas sem apresentar qualquer prova.

Atualização sobre a Operação Tempestade Al-Aqsa: dia 39
Pai leva seu filho ferido ao Hospital al-Shifa, junto do corpo médico do Crescente Vermelho.

EURO-MED CONDENA OS ATAQUES DE OCUPAÇÃO EM CURSO, CITANDO A DEVASTAÇÃO SOBRE AS CRIANÇAS PALESTINAS EM GAZA

O Monitoramento de Direitos Humanos da Euro-Med emitiu uma declaração contundente, revelando o impacto catastrófico do brutal ataque da ocupação à Faixa de Gaza, especialmente às crianças palestinas. A organização estima que quase meio milhão de crianças foram afetadas pelo conflito que durou 36 dias, enfrentando mortes, ferimentos, deslocamentos e a destruição das suas casas.

De acordo com a Euro-Med:

1. Vítimas e crianças desaparecidas: aproximadamente 6.100 crianças foram mortas ou dadas como desaparecidas sob os escombros de edifícios destruídos por ataques aéreos e de artilharia de ocupação. As chances de sobrevivência dos presos diminuem a cada dia que passa.

2. Ferimentos e condições críticas: Mais de 15.500 crianças ficaram feridas, dezenas delas estão em estado crítico. Algumas crianças sofreram amputações de membros, enquanto centenas sofreram queimaduras graves.

3. Perda dos pais: entre 17.000 e 18.000 crianças palestinas perderam um ou ambos os pais, e estão sem apoio emocional ou financeiro.

4. Perda de moradia: mais de 450.000 crianças tiveram as suas casas danificadas ou destruídas.

5. Dano educacional: 214 escolas na Faixa de Gaza foram danificadas ou destruídas, dificultando o acesso à educação para muitas crianças.

6. Sofrimento psicológico: as crianças são sujeitas a ataques indiscriminados, não têm acesso a alimentos e água potável e são forçadas a fugir, agravando o sofrimento psicológico. Antes do conflito se agravar, quatro em cada cinco crianças em Gaza relataram sofrer de depressão, tristeza ou medo.

7. Crise humanitária e deslocamento: dezenas de milhares de crianças foram forçadas a fugir sem um destino claro, tendo algumas sido mortas enquanto tentavam atravessar “corredores seguros” designados.

8. Instalações superlotadas: mais de 1,5 milhões de habitantes de Gaza, incluindo famílias com crianças, foram removidos de suas casas, residindo em instalações extremamente superlotadas e sem saneamento adequado.

9. Preocupações com saúde e segurança: milhares de crianças enfrentam a propagação de doenças bacterianas e infecciosas devido à escassez de água potável. Hospitais e centros de cuidados básicos fecharam, afetando a saúde e a vacinação das crianças.

10. Insegurança alimentar: a maioria das crianças em Gaza faz apenas uma refeição por dia e há sinais de mecanismos de sobrevivência pouco saudáveis. Alimentos essenciais desapareceram dos mercados locais.

O Monitoramento da Euro-Med apela à comunidade internacional para intervir urgentemente, acusando a ocupação de transformar Gaza num “verdadeiro cemitério para crianças”. A organização exige responsabilização pelas violações do direito humanitário internacional cometidas pela ocupação, enfatizando a urgência de pôr fim aos ataques às crianças palestinas e de resolver suas necessidades críticas por alimentação, abrigo e cuidados médicos.

A OCUPAÇÃO SIONISTA CONTINUA SUA GUERRA CONTRA OS HOSPITAIS EM GAZA

Na quarta-feira, 15 de novembro, tropas sionistas invadiram o Hospital al-Shifa da Cidade de Gaza, o maior da Faixa de Gaza, depois de o cercarem durante vários dias, tendo como alvo os seus complexos e as suas imediações.

Segundo médicos no local, houve disparos ocasionais de franco-atiradores. Na terça-feira, o Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 40 pessoas morreram no hospital.

As autoridades sionistas insistem que o hospital esconde um centro de comando do Hamas sem apresentar qualquer prova. O principal apoiador de “Israel”, os Estados Unidos, repetiu a afirmação também sem apresentar a sua fundamentação.

O ataque de quarta-feira ocorre após um cerco de dias ao complexo hospitalar, no qual atiradores de elite e drones quadricópteros armados abriram fogo contra qualquer um que tentasse sair.

Numa coluna intitulada: ‘A guerra aos hospitais’ de “Israel” versus excessos militares do Hamas’, a Al-Jazeeradisse que a série de incursões terrestres de “Israel” em Gaza pode ser chamada de “guerra aos hospitais”. A maioria das atividades militares de “Israel” nos últimos dias parecem dirigidas às instalações médicas ou em redor delas na Cidade de Gaza.

Durante dias, figuras médicas palestinas apelaram à criação de uma comissão internacional independente de inquérito para verificar os hospitais em Gaza, o que até agora não foi concretizado.

O ataque ao al-Shifa tem o apoio da Casa Branca, que se recusou a condenar a operação, mas disse: “não queremos ver um tiroteio num hospital”.

Desde 7 de outubro, os ataques aéreos e terrestres sionistas a Gaza mataram mais de 11.300 palestinos, incluindo mais de 4.600 crianças.

LE MONDE: A CULPÁVEL IMPOTÊNCIA DOS PAÍSES ÁRABES E MUÇULMANOS ENQUANTO MORTE E DESTRUIÇÃO ACONTECEM EM GAZA

O jornal Le Monde disse na segunda-feira que a divisão entre os países árabes e muçulmanos criam uma culpável impotência, à medida que a morte e a destruição se acumulam em Gaza, numa referência à Cúpula Árabe-Islâmica realizada em Riyadh, no dia 11. “Uma vez passadas as condenações a Israel e as declarações da Turquia e do Irã, os participantes na Cúpula de Riyadh decidiram não fazer nada. Não apresentaram uma única proposta à altura da iniciativa de 2002, nem ofereceram a menor perspectiva para o dia seguinte”, afirmou o diário francês.

O jornal notou que “a unanimidade demonstrada no sábado entre os membros da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica foi acima de tudo uma forma de esconder divisões provavelmente intransponíveis. Esta unidade também mascara a inegável parcela de responsabilidade destes países árabes e muçulmanos na tragédia em curso. Rápidos em denunciar a hipocrisia do Ocidente, como fez o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, eles são muito menos abertos quando se trata dos seus próprios”.

Continua dizendo: “Estes regimes, que prestam pouca atenção à opinião de suas populações sobre a questão palestina, como sobre muitas outras, são, portanto, incapazes de conviver com os Estados intransigentes para com Israel, alguns dos quais são particularmente autoritários. Foi este grupo o mais virulento em Riyadh: seja o Irã, a Turquia, a Argélia ou a Síria.”

Também não se esquece de acenar para o paradoxo da chegada de Bashar Al-Asad à cúpula: “Assad denunciou descaradamente a ofensiva israelense em Gaza. O cerco implacável imposto pelo seu regime durante a guerra civil ao campo de refugiados palestinos de Yarmouk, ao sul de Damasco, dá-lhe uma certa experiência no assunto.”

“Mohammed bin Salman, instado pela administração de Joe Biden, também poderia arriscar a normalização dos laços, após um período de decência. Tal medida privaria definitivamente os países árabes de qualquer influência numa questão à qual muitos deles viraram as costas. Sem o reconhecer, alguns estão certamente ansiosos pela erradicação do Hamas, o objetivo de estado do exército israelense”, acrescentou o Le Monde.

Conclui dizendo: “Paralisados por uma atitude de esperar para ver, particularmente por parte de Bin Salman, os “irmãos” árabes dos palestinos não conseguiram encontrar qualquer resposta”.