Atos do Dia da Amazônia marcam a luta contra a destruição ambiental e em defesa dos povos da floresta

No dia 5 de setembro, movimentos sociais de diversos estados saíram às ruas para protestar em defesa da Amazônia, levantando a bandeira contra a exploração dos rios, as queimadas e pela soberania dos povos tradicionais.

Atos do Dia da Amazônia marcam a luta contra a destruição ambiental e em defesa dos povos da floresta
Reprodução/Foto: Hannah Lydia.

Por Redação

No dia 5 de setembro, movimentos sociais de diversos estados saíram às ruas para protestar em defesa da Amazônia, levantando a bandeira contra a exploração dos rios, as queimadas e pela soberania dos povos tradicionais.

A data, marcada como o Dia da Amazônia, foi criada como forma de celebrar a maior floresta tropical do mundo e demarcar sua importância vital para o equilíbrio climático global. Mas os movimentos sociais a alguns anos tem usado essa data para levantar suas pautas apresentando a dominação predatória sobre a floresta e as cidades nessa região.

Neste ano  houveram atos no Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia e Brasília puxados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB) e no Acre organizado pelo o Movimento Jovens do Futuro.

Em Porto Velho, Rondônia, o MAB, Movimento dos Atingidos por Barragens, organizou um ato que reuniu entre 60 e 90 manifestantes, variando ao longo do dia, com o maior número de participantes sendo os próprios atingidos pelas barragens e as comunidades ribeirinhas vindas do rio Madeira. Entre as reivindicações estavam a distribuição de água potável, cestas básicas e a melhoria das cisternas e poços para garantir o abastecimento das famílias afetadas pela seca histórica que assola a região.

O ato também reivindicou um seguro emergencial para pescadores, que haviam recebido apoio em 2023 devido à situação emergencial, mas em Rondônia isso não aconteceu, o único estado a não realizar o pagamento do benefício.

Foto:Gabriel Violato/Acervo PCBR

A Amazônia, rica em biodiversidade e lar de milhões de pessoas, encontra-se em situação de emergência ambiental, enfrentando uma das piores secas de sua história. Junto à seca, as queimadas avançam sem controle, aumentando a devastação e agravando os impactos das mudanças climáticas. A UJC e O PCBR em Rondônia frisou em sua fala no ato, a necessidade de lutar por uma Amazônia viva, ressaltando que “não há planeta B” e que é imperativo construir um projeto que enfrente o capitalismo e garanta a soberania dos povos tradicionais e ribeirinhos. E que a luta pela Amazônia é uma luta pela vida e território. Em Rio Branco (AC) os movimentos sociais destacaram a dificuldade de respirar por causa das queimadas e o grande causador disso: o agronegócio. Os movimentos e partidos presentes eram: Comitê Chico Mendes/movimento jovens do Futuro, PCBR, UJC, CPT, Rede de Mulheres da floresta, UJS, JPT e MNU.

Foto: Hannah Lydia

Em entrevista ao EDC, Célio da Silva, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), denunciou as políticas de economia verde no Estado, que têm como objetivo declarado a redução do aquecimento global, mas que, na prática, acabam expulsando os pequenos trabalhadores do campo e destruindo seus meios de sustento. Projetos de compensação de crédito de carbono, por exemplo, têm beneficiado grandes poluidores, enquanto seringueiros, ribeirinhos e extrativistas são proibidos de plantar e praticar suas atividades de subsistência nas áreas da floresta onde vivem. Célio ressaltou que essas promessas de benefícios acabam se revelando ilusórias, levando essas populações a serem expulsas de seus territórios e perdendo o direito de produzir e viver da terra.

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Vídeo: Tácila Matos/Aervo PCBR

A dinâmica entre a destruição ambiental e a expulsão das comunidades tradicionais é uma manifestação do processo de acumulação capitalista, que continua a expandir-se sobre os territórios da Amazônia, apropriando-se de seus recursos e desconsiderando as formas de vida tradicionais. Em Manaus, a mobilização ocorreu na Praça da Saudade e foi juntamente com o 30º Grito dos Excluídos. Este ano, as queimadas, a seca e a devastação da floresta estiveram no centro das discussões, além de críticas ao governo federal e às suas políticas de austeridade. Houveram algumas tensões entre diferentes setores do movimento por não concordarem com as críticas ao governo Lula e à base governista. PCBR e UJC denunciaram em suas falas a destinação de recursos públicos para comunidades terapêuticas e a manutenção do teto de gastos, políticas que consideram uma continuidade das práticas de austeridade típicas de governos neoliberal. Também foi denunciando nas falas que a infiltração de setores governistas nos movimentos populares tem o objetivo de desmobilizar a classe trabalhadora e impedir a luta por seus direitos.

Foto: Guilherme Rosso/Acervo PCBR

A destruição da Amazônia e a marginalização de seus povos estão ligadas às dinâmicas globais do capitalismo. A busca incessante por lucro leva à devastação da floresta para expandir as fronteiras agrícolas e extrativas, enquanto governos incentivam essas práticas. Esse modelo de desenvolvimento, que coloca o lucro acima da vida, ameaça não só as comunidades amazônicas, mas também o equilíbrio climático global. O bioma amazônico é essencial para regular a temperatura e os ciclos de chuva em várias regiões do mundo, e sua destruição contribui para a crise climática global. Nesse contexto, parte dos movimentos sociais que se levantam no Dia da Amazônia desempenham um papel crucial ao expor as contradições do capitalismo. A mensagem dos manifestantes é clara: é preciso lutar por uma Amazônia viva, onde os povos das águas e das florestas e os trabalhadores das cidades possam viver com dignidade.