Ataque ao STF por ex-candidato do PL acende alerta para possíveis imitadores
Investigação deve examinar a possibilidade de Francisco Wanderley Luiz ter vínculos mais amplos com movimentos radicais de extrema-direita.
Por Redação
Ontem a Praça dos Três Poderes em Brasília foi palco de explosões realizadas por Francisco Wanderley Luiz, um ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) e ativo propagador de teorias conspiratórias. Com um histórico de ameaças e publicações fascistóides nas redes, Francisco até onde se sabe acabou morrendo ao detonar um explosivo próximo ao STF, onde tentou lançar artefatos em direção ao prédio e à estátua da Justiça. O caso, que desperta alertas quanto à possibilidade de inspirar imitadores, que podem repetir ataques semelhantes, reacende preocupações sobre o crescimento de atos violentos no cenário político atual e as táticas utilizadas por movimentos de extrema-direita.
Com paralelos traçados ao ataque de 8 de janeiro de 2023, quando multidões ligadas ao bolsonarismo invadiram os prédios da Praça dos Três Poderes, o episódio sugere que ações como essas podem não ser casos isolados. Técnicas de provocação e intimidação frequentemente empregadas pela extrema-direita brasileira, somadas a uma retórica conspiratória, amplificam o risco de novos atentados. Isso ocorre especialmente em um ambiente onde figuras que promovem desinformação ou sugerem “ameaças” podem mobilizar seguidores em direção a ações cada vez mais violentas.
Francisco, natural de Rio do Sul (SC), era conhecido como "Tiu França" e tinha 59 anos. Em 2020, ele tentou uma vaga como vereador pelo PL, mas obteve apenas 98 votos. Desde então, manteve uma presença ativa nas redes sociais, difundindo teorias conspiratórias repletas de retórica anticomunista e extremismo religioso. As postagens incluíam frases ameaçadoras que frequentemente aludem à violência, além de acusações de que o Brasil passaria por uma "transformação socialista".
Semanas antes do ataque, Francisco sugeriu publicamente uma possível ação violenta. Em uma de suas postagens, deu “72 horas” para que a Polícia Federal “desarmasse” um suposto explosivo “na casa dos comunistas”, e em outra afirmou que o 15 de novembro seria “especial para iniciar uma revolução”. Além disso, compartilhou uma foto no plenário do STF, ironizando a segurança do tribunal ao afirmar: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”.
Ontem Francisco estacionou seu carro próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados, onde ocorreu uma das explosões. Ele tentou, em seguida, se aproximar do STF e lançou explosivos na direção da estátua da Justiça. Vestindo um traje excêntrico com estampas de naipes de cartas e um chapéu, ele segurava um explosivo próximo à cabeça, que acabou sendo detonado, segundo informações resultando em sua morte.
O ataque gerou uma evacuação emergencial no STF, retirando ministros e servidores em segurança. O presidente Lula não estava no Palácio do Planalto no momento e havia deixado o local horas antes. As imagens das explosões foram registradas por câmeras de segurança, e o barulho dos artefatos causou pânico entre os presentes.
Posteriormente, a Polícia Militar do Distrito Federal encontrou explosivos adicionais em uma casa alugada por Francisco em Ceilândia, e o esquadrão antibombas desativou três dispositivos. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso, adotando técnicas de reconstrução de cenário semelhantes às utilizadas após os ataques de 8 de janeiro.