As eleições de São Leopoldo (RS) e a posição dos comunistas do PCBR

Ao apoiar a candidatura do PSOL, o PCBR espera que essas pautas sejam não apenas reconhecidas, mas ativamente defendidas e implementadas, visando a melhoria das condições de vida da população de São Leopoldo.

As eleições de São Leopoldo (RS) e a posição dos comunistas do PCBR

Nota política do PCBR em São Leopoldo (RS)

Introdução

O contexto político em São Leopoldo é motivo de grande preocupação para a população leopoldense, polarizada principalmente entre o PT, com o candidato Nelson Spolaor, e o PL, partido de extrema direita que representa os maiores inimigos da classe trabalhadora no Brasil. Vale acrescentar que em São Leopoldo há ainda a figura de Hitler(!) Pederssetti do Podemos e Arthur Schmidt do MDB.

Em São Leopoldo, o PL é representado pelo candidato delegado Heliomar Franco, que conta com o apoio direto de Bolsonaro, presente na cidade meses atrás. Heliomar e a direita leopoldense são herdeiros diretos da péssima gestão de Dr. Moa (PSDB) responsável pelos piores ataques à infraestrutura, serviços básicos e direitos dos servidores públicos do município. Esta eleição tende a ser ainda mais nacionalizada, tanto pela importância estratégica que nossos adversários na esquerda atribuem ao município, quanto pela prioridade que nossos inimigos de classe estão dando ao pleito, que de fato é umas das mais importantes da Região Metropolitana e do Estado, tanto em termos econômicos quanto políticos.

Essa nacionalização, impulsionada tanto pelo bolsonarismo quanto pela esquerda institucional, representa uma tentativa de capturar os votos da classe trabalhadora para projetos que, em última instância, não questionam a raiz dos problemas sociais e econômicos enfrentados. O PCBR compreende que essas candidaturas, embora polarizadas, atuam dentro dos limites do sistema capitalista e, por isso, são incapazes de trazer mudanças profundas.

No entanto, reconhecemos que o processo eleitoral pode ser um espaço importante para barrar, ainda que minimamente, as agressões mais brutais contra a classe trabalhadora. Neste sentido, é fundamental que a classe se organize, não apenas nas ruas e nos locais de trabalho, mas também no campo eleitoral, para resistir aos ataques e construir, paralelamente, um poder popular que vá além das urnas e seja capaz de transformar radicalmente a sociedade.

Análise da situação atual

São Leopoldo, com seus 250 mil habitantes, é conhecida como o berço da imigração alemã no Brasil, completou 200 anos em 2024. No entanto, o município enfrenta uma série de dificuldades que afetam diretamente a classe trabalhadora e expõem as falhas de gestão da atual administração.

Em maio de 2024, São Leopoldo foi gravemente afetada por enchentes que atingiram diretamente 180 mil pessoas e metade do distrito urbano. O sistema de diques e bombas d'água, operado pelo SEMAE, não conseguiu conter o imenso e inédito volume das águas do Rio dos Sinos, revelando também as fragilidades na infraestrutura pública e de décadas de precarização da autarquia de saneamento básico. Embora a resposta do Governo às enchentes tenha sido mais rápida em comparação com outras cidades da Região Metropolitana, devido à recente experiência com enchentes em junho de 2023 e à expectativa de visibilidade pelo bicentenário da cidade, isso não impediu que São Leopoldo fosse uma das cidades mais afetadas pela catástrofe, considerando sua alta densidade populacional. A gestão do prefeito Ary Vanazzi (PT), apesar de contar com o apoio de uma base popular, não conseguiu corresponder às expectativas em relação à infraestrutura e à resposta emergencial.

Além dos problemas com a infraestrutura, a cidade enfrenta desafios em sua gestão pública, especialmente na saúde. O Hospital Centenário, principal referência de atendimento na cidade, é alvo de críticas por sua má gestão e pela falta de recursos. Somado a isso, os índices de criminalidade, intensificou a sensação de insegurança entre a população. Esses problemas desgastaram a imagem da administração petista e minaram a confiança de setores populares, especialmente entre os mais pragmáticos.

A cidade também vive uma polarização política acentuada entre petistas e bolsonaristas, reforçada pela migração da fábrica de armas Taurus SA, de Porto Alegre para > Henrique Suricatto: Alegre para São Leopoldo. A presença da Taurus, herdando a mão de obra da Amadeo Rossi, trouxe empregos industriais e qualificados, mas também fortaleceu a direita local, que encontrou na figura do delegado Heliomar Franco, candidato do PL com apoio de Bolsonaro, seu principal representante. Heliomar, com forte suporte de figuras bolsonaristas como o deputado federal Tenente-Coronel Zucco, configura-se como uma ameaça real, ao representar os interesses da extrema direita no município.

Do outro lado, o PT enfrenta dificuldades internas. O atual prefeito Ary Vanazzi, que tem raízes no trabalhismo, assim como o PDT, aliado político de longa data, conseguiu atrair apoio de setores além do petismo tradicional, mas a disputa interna para definir sua sucessão revelou as contradições do partido. A candidatura de Nelson Spolaor, ex-prefeito de Sapiranga, foi escolhida após uma consulta apertada entre as tendências petistas, mas a aliança local do PT com partidos de centro e direita, como o União Brasil, gerou descontentamento entre setores mais à esquerda. mais ainda, a escolha de seu vice, Dr. Nado (PDT), conhecido oportunista e carreirista, que já esteve em afagos políticos com Dr. Moa, Heliomar franco, Gabriel Dias, etc. onde está o poder, está junto.

Em resposta a essas alianças e nas críticas à gestão Petista-Pedetista, o PSOL lança sua candidatura própria, como faz desde 2016. Essa candidatura busca marcar posição contra as concessões do PT, apresentando uma alternativa à esquerda para a população leopoldense.

Posicionamento do PCBR

As eleições de 2024 ocorrem em um cenário onde as políticas neoliberais do governo federal, oriundas de um partido que se apresenta como de esquerda, têm gerado um clima de descontentamento nas massas populares. Essa insatisfação é aproveitada por forças reacionárias, que ganham espaço em meio à falta de alternativas revolucionárias que efetivamente dialoguem com a classe trabalhadora. O PCBR compreende que a única resposta possível do campo democrático-popular tem sido uma crítica liberal, que não endereça as demandas urgentes da classe trabalhadora e que, na verdade, fortalece a retórica da extrema-direita.

Diante da impossibilidade de lançar candidaturas próprias, o PCBR adota uma tática de apoio a candidaturas que se alinhem com sua Plataforma Municipal. O PSOL, em sua atuação local, tem demonstrado um compromisso com pautas que coincidem com nossos princípios, incluindo a defesa dos direitos trabalhistas dos municipários e dos trabalhadores leopoldenses e que vem a cidade para trabalhar no geral, a proteção dos serviços públicos na saúde, educação, saneamento básico e na infraestrutura necessária para conter futuras enchentes e a luta contra a privatização e as parceiras público-privadas. Neste contexto, nosso apoio se configura como uma ação estratégica para contribuir na construção de um campo de oposição socialista, que se contraponha tanto à extrema-direita quanto ao petismo. Até aqui, nossa escolha se provou acertada ao realmente levar um programa combativo e não conciliador para o trabalhador capilé.

O Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) posiciona-se em apoio orgânico e ativo à candidatura do PSOL nas eleições municipais de São Leopoldo, tanto para o Executivo, com o Candidato Manoel Bandeira (50) a prefeito e Fábio Oliveira a vice, quanto para a Câmara de Vereadores, na candidatura coletiva a vereança “Nossas Vozes” que conta com a presença da Paloma Daudt e Professora Elaine (50500).

Esta decisão se fundamenta em uma análise crítica das condições políticas atuais, que refletem a necessidade urgente de uma alternativa real à política neoliberal e às ameaças da extrema-direita.

Plataforma Municipal do PCBR

A Plataforma Municipal do PCBR destaca pontos cruciais que devem ser abraçados por candidaturas que desejam nosso apoio, adaptadas as demandas centrais do município são:

  • Defesa da redução da jornada de trabalho para 30h semanais e da proibição da escala 6x1.
  • Reestatização dos serviços públicos e combate à privatização e das parcerias público-privadas.
  • Implementação de políticas de moradia digna e um programa de despejo zero.
  • Regularização imediata das ocupações no município.
  • Fortalecimento dos direitos da população indígena e quilombola.
  • Promoção de uma segurança pública desmilitarizada e sob controle popular.
  • Em defesa do SEMAE público, modernização e manutenção dos mecanismos de contenção de enchentes, expansão do saneamento básico para as ocupações.
  • Piso da enfermagem e da educação na cidade.
  • Modernização do Hospital centenário.

Ao apoiar a candidatura do PSOL, o PCBR espera que essas pautas sejam não apenas reconhecidas, mas ativamente defendidas e implementadas, visando a melhoria das condições de vida da população de São Leopoldo.

Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - região do Vale Dos Sinos, Rio Grande Do Sul