As eleições de Pelotas (RS) e a posição dos comunistas do PCBR
Entendemos que nenhum dos partidos ou candidatos que participam deste pleito tem uma atuação que esteja alinhada aos interesses da classe trabalhadora. Não consideramos possível oferecer apoio, nem mesmo de forma crítica, a nenhuma das candidaturas em disputa.
Nota política do PCBR em Pelotas (RS)
O pleito deste ano para o executivo e legislativo em Pelotas manterá a classe trabalhadora subjugada e largada à própria sorte. A região vem sofrendo com chuvas torrenciais intermináveis e tempestades severas. Neste catastrófico cenário, ultrapassamos limites de inundação antes inimagináveis. Os pelotenses enfrentaram, no outono, as maiores cheias já registradas no município. E agora, já na alvorada primaveril, ainda chove torrencialmente, causando novos alagamentos e desalojando famílias. No caso de Pelotas as tragédias decorrentes das mudanças climáticas somam-se a igualmente trágica gestão do executivo municipal e de seu fiador estadual. Neste falido processo de democracia ilusória, não há alternativas reais que defendam, de fato, os interesses das trabalhadoras e trabalhadores, sejam urbanos ou rurais. Há quase duas décadas sob a gestão da direita neoliberal, Pelotas tem sido exaurida por sua burguesia, explorada, assim como sua população, até seu último sopro de vida.
Tragicamente, a corrente corrida eleitoral oferece à classe trabalhadora pelotense várias facetas de um mesmo projeto político e econômico neoliberal que luta com todas as suas armas para manter-se no poder. Isto justifica uma aliança inquebrantável da burguesia contra qualquer movimento popular que ameace sua hegemonia. As chapas com chances reais de assumir o executivo continuarão empurrando o povo trabalhador para os esgotos que transbordam a cada chuva intensa. De um lado, a chapa petista/pesolista, liderada por Fernando Marroni, repetirá no âmbito municipal a mesma política reformista de conciliação de classes do governo federal de Lula e Alckmin, tal como fez há vinte anos quando esteve ocupando a cadeira principal do executivo, pautada pelo espantalho do ajuste fiscal - benefício exclusivo dos interesses burgueses - envernizado de trabalhista.
Do outro, o bolsonarismo apresenta como candidato um tal Marciano Perondi, escolhido a dedo com intervenção direta da direção nacional do Partido Liberal, advindo da mais imunda latrina reacionária da Serra Gaúcha. Esse personagem é de tal forma nocivo ao povo trabalhador que se mostra capaz de causar sua morte com as próprias mãos, ou carro, em uma rodovia federal qualquer. O neofascismo à brasileira prolifera-se rapidamente também na política pelotense e a patética passagem recente de Jair Bolsonaro pela cidade provou sua força, baseado pelo que há de pior na pequena-burguesia, expressa o mais abjeto reacionarismo chauvinista da atualidade. Enquanto isso, os tucanos, queimadíssimos pelas bandas de cá, voltam seus esforços para o município vizinho de Capão do Leão como bóia de salvação ao lançar um candidato não menos reacionário que o “extraterrestre liberal”.
O mais recente projeto tucano de Estado mínimo (exceto para eles mesmos) materializado na privatização de serviços públicos essenciais, foi implementado primeiramente em Pelotas, antes de se apoderar do governo estadual. É de amplo conhecimento da população, o uso da prefeitura pelas gestões Mascarenhas-Leite como cabide de empregos. Enquanto os peessedebistas miravam seus esforços para privatizar o saneamento básico (Sanep) e a estação rodoviária municipal (Eterpel) - felizmente frustrados, até o presente momento - através da famigerada estratégia de ‘sucatear para privatizar’. O projeto de poder tucano quase em nada difere do bolsonarista, apenas faz uso da máscara da hipocrisia para, assim, vender uma imagem de aparente civilidade em sua política incivil.
Desta forma, nós do PCBR entendemos que nenhum dos partidos ou candidatos que participam deste pleito tem uma atuação que esteja alinhada aos interesses da classe trabalhadora ou à luta pela superação do sistema capitalista. Além disso, nossa decisão também se fundamenta na incapacidade desses candidatos de apresentarem concordância, mesmo que parcial, com pontos importantes da nossa Plataforma Municipal, que abrange aspectos do Programa mais diretamente relacionados aos problemas locais.
Por essa razão, além dos argumentos já apresentados, não consideramos possível oferecer apoio, nem mesmo de forma crítica, a nenhuma das candidaturas em disputa.