'Às armas camaradas!' (Ventos do Norte)

É necessário que os comunistas busquem não só inserção entre os praças das forças armadas, mas que tenham no seu horizonte estratégico alçar quadros a mais alta hierarquia do comando das FAB e utilizar essa influência como mecanismo de ruptura para a conformação de um exército popular revolucionário

'Às armas camaradas!' (Ventos do Norte)
Fonte: Exército Brasileiro

Por Ventos do Norte para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, quero nesta Tribuna discorrer sobre propostas de inserção dos comunistas no meio militar. Portanto não pretendo neste espaço me ater às questões teóricas nem historiográficas do trabalho dos comunistas no meio militar, mas aprofundar o debate a partir das contribuições que já foram colocadas em outras tribunas por camaradas sobre a necessidade de superar nossos erros e subestimação no que tange a atuação nas forças armadas, entendendo seu desenvolvimento como meio fundamental para o aprofundamento da reconstrução revolucionária do partido e da própria revolução brasileira.

As proposições aqui reunidas dizem respeito sobre a necessidade do partido organizar mecanismos de atuação de camaradas no meio militar já a partir da Juventude. No decorrer do texto mostrarei potencialidades e possibilidades para que isso ocorra, sem esgotar, por óbvio, o debate ou propondo uma solução definitiva para esta questão, abordando desafios para a inserção e os possíveis acúmulos positivos que a mesma, se bem aplicada, pode trazer para o movimento Comunista Brasileiro, abrindo mais um ponto numa discussão fundamental abordada em outras tribunas.

Para isso, explicarei em alguns tópicos as informações que colhi in loco através de atividades da graduação na Academia Militar das Agulhas Negras em 2021 e nos sítios digitais das escolas de formação de oficiais das forças armadas. Sendo eles: I - O Congresso Acadêmico sobre Defesa Nacional; II - As Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas; III - Desafios e perspectivas para a inserção dos comunistas nas FAB.

I - O Congresso Acadêmico sobre Defesa Nacional (CADN)

"O CADN é uma atividade promovida anualmente pela Escola Superior de Defesa (ESD), em parceria com as Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas: Escola Naval (EN), Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e Academia da Força Aérea (AFA).

O evento tem como principais objetivos estimular a interação entre alunos e professores das escolas militares e das Instituições de Ensino Superior (IES) civis, participantes do evento; Despertar nos congressistas civis o interesse por temas relacionados à segurança e à defesa nacional; Estimular os congressistas a refletirem sobre problemas da atualidade, de interesse da Defesa; e Contribuir para a difusão dos assuntos de defesa no âmbito da sociedade brasileira.

Participam do evento equipes, compostas de estudantes e professores, de IES brasileiras credenciadas no Ministério da Educação, das Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e do Instituto Militar de Engenharia (IME).

Anualmente, a ESD publica  edital com as regras de cada edição. A participação de cada IES dar-se-á mediante a formação de uma equipe constituída por 1 (um) professor responsável e 5 (cinco) alunos dos cursos de graduação.

São selecionadas equipes cujos artigos científicos obtiverem as melhores notas, até o limite de vagas estipulado. Como resultado da seleção dos artigos científicos, as equipes classificadas serão premiadas com a participação no Congresso, incluindo a oportunidade de apresentação dos artigos aos demais congressistas, bem como com o transporte de ida e volta, alojamento, alimentação e assistência à saúde no período de realização do evento" [1].

Participei do evento representando a minha IFES no ano de 2021, o mesmo é realizado em uma das três escolas de formação de oficiais das forças armadas que se alternam a cada ano para receber o evento. Neste ano o CADN foi realizado na Academia Militar das Agulhas Negras, escola de formação de oficiais do exército Brasileiro.

Cada delegação dos Estados é acompanhada por um cadete, aluno militar em formação na instituição, responsável por acompanhar as delegações congressistas durante os dias do evento, guiar pelas dependências da instituição, bem como tirar dúvidas e explicar o funcionamento da escola. Esses cadetes recebem durante 4 anos instrução teórica e militar.

Durante o período do evento fizemos uma série de atividades que iam de apresentação de trabalhos acadêmicos a visitas nas dependências da escola. Não pretendo me ater na parte acadêmica do processo e sim na experiência que tive conhecendo o dia a dia dos estudantes e o funcionamento da instituição e a lógica para a qual a mesma é operada.

No evento tive a possibilidade de atestar, o que não é nada surpreendente, que as forças armadas brasileiras possuem um projeto de poder, pois formam os seus oficiais para terem plena capacidade de gerir o estado nas suas mais amplas atividades, que vão desde a administração pública como licitações, economia, até áreas mais amplas como geopolítica, história mundial e relações internacionais.

Além disso, a doutrina dominante nas forças armadas permanece sendo a de enxergar o controle da ameaça externa a partir do enfrentamento ao inimigo interno: o povo brasileiro.

Foi nos apresentado o arsenal bélico e tecnológico da AMAN e todo o equipamento militar que é adaptado para ser utilizado nas chamadas operações de garantia da lei da ordem, em um dos relatos um dos cadetes me explicou apresentando um dos fuzis utilizados em operações que a instituição "havia reduzido a potência do fuzil porque ao entrar na comunidade um tiro dele às vezes matava mais de uma pessoa, alguns casos 5 pessoas eram alvejadas com um único disparo ou por seus fragmentos, porém mesmo após a redução dessa potência um tiro daquele fuzil seria o suficiente para mutilar um membro de um ser humano, arrancando um braço ou uma perna". Diversos materiais bélicos são adaptados para adentrarem nas comunidades do Rio de Janeiro como tanques e blindados como o Guarani [2] produzido pelo exército brasileiro, é comercializado e já opera em países como o Líbano e Gana, principalmente na repressão da classe trabalhadora nesses países.

Também tivemos a possibilidade de perceber que existem diversas nações amigas do estado brasileiro que enviam seus jovens oficiais em formação para estudarem nas escolas de formação de oficiais brasileiras. Na AMAN  encontramos estudantes vietnamitas, moçambicanos, inclusive um jovem estadunidense.

A vida dentro da escola é extremamente hierarquizada tendo espaços exclusivos para oficiais e para cadetes com diferenças até na alimentação. A disciplina e hierarquia são absolutas, nenhum militar está preocupado com a legalidade, seu senso moral e ético é para com a instituição, logo as ordens superiores serão aplicadas sem margem para titubeação.

Como o evento acontece de forma alternada nas escolas, termos camaradas participando desses eventos pode ser um boa forma de colher informações mais profundas sobre essas instituições e utilizá-las para aperfeiçoar nosso próprio planejamento.

II - As Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas (as informações abaixo foram retiradas diretamente do site das respectivas instituições)

Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN

"A AMAN é a instituição de ensino superior responsável pela formação dos oficiais combatentes de carreira do Exército Brasileiro. Sua história tem início em 1810, com a criação da Academia Real Militar pelo Príncipe Regente D. João, sendo, inicialmente, instalada na Casa do Trem, no Rio de Janeiro, hoje Museu Histórico Nacional.

Ao longo dos seus mais de duzentos anos de existência, a Academia Militar ocupou seis sedes. A partir de 1812, ela passou pelo Largo de São Francisco, pela Praia Vermelha, por Porto Alegre e pelo Realengo, até que, em 1944, ela chegou à Resende. Em 23 de abril de 1951, recebeu sua atual denominação: Academia Militar das Agulhas Negras. Há que se ressaltar que a AMAN teve como seu grande idealizador o Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, militar que implementou uma série de mudanças significativas na formação dos oficiais do Exército na década de 1930 e criou o Corpo de Cadetes, com seu estandarte e uniformes históricos.

Herdeira dos ensinamentos e da tradição bicentenária da Academia Real Militar, é na AMAN que se inicia a formação do chefe militar, em um curso de cinco anos de duração, tendo o seu primeiro ano na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), na cidade de Campinas-SP. Ao seu final, o concludente é declarado Aspirante a Oficial e recebe o grau de Bacharel em Ciências Militares, após ter cumprido uma grade curricular que inclui disciplinas ligadas às ciências humanas, exatas, sociais e militares inerentes às diversas especialidades que integram a Linha de Ensino Militar Bélica do Exército (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Intendência, Comunicações e Material Bélico).

A AMAN dedica especial atenção à formação ética e moral dos Cadetes, no intuito de entregar ao Exército oficiais que se destaquem pela integridade, honradez, honestidade, lealdade, senso de justiça, disciplina, patriotismo e camaradagem. A AMAN fundamenta a formação dos futuros oficiais no integral desenvolvimento da pessoa, atuando nos domínios afetivos, psicomotores e cognitivos. Merece atenção especial dos Cadetes a aquisição de competências profissionais e o desenvolvimento de sólidos atributos de liderança.

Hoje, o ensino na Academia Militar é baseado em conceitos metodológicos modernos, buscando o desenvolvimento de competências indispensáveis para os “Líderes da Era do Conhecimento”. As metodologias atividades de aprendizagem e a mobilização e integração de saberes para a resolução de problemas são as realidades pedagógicas da AMAN.

Com conhecimentos, habilidades e atitudes forjados por valores cívicos e morais e pelas raízes históricas e tradições do Exército Brasileiro, é na AMAN que o futuro oficial desenvolve suas virtudes militares, tornando-se um profissional identificado com os mais nobres sentimentos de “servir” à Nação Brasileira, comprometido com o Exército e capaz de participar da defesa da Pátria" [3].

Ingresso

Para ingressar no curso de formação de Oficiais Combatentes da linha de ensino militar bélico do Exército Brasileiro é necessário participar do processo seletivo por meio de um concurso de admissão de âmbito nacional, no qual são oferecidas cerca de 400 vagas para o sexo masculino e 40 vagas para o sexo feminino.

Algumas condições para inscrição:

ser brasileiro nato, ambos os sexos;
possuir idade de, no mínimo, 17 (dezessete) e, no máximo, 22 (vinte e dois) anos, completados até 31 de dezembro do ano da matrícula;

ter concluído ou estar cursando (no ano da inscrição) o 3º ano do Ensino Médio;

As inscrições para o processo seletivo acontecem anualmente nos meses de maio a junho, e são feitas pela internet por intermédio do sítio: www.espcex.eb.mil.br.

O Processo Seletivo é composto por exame intelectual, inspeção de saúde, exame de aptidão física, avaliação psicológica, comprovação de requisitos biográficos e averiguação de idoneidade moral.

As provas do exame intelectual geralmente ocorrem em setembro, e os candidatos classificados dentro do número de vagas são convocados para se apresentar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), em janeiro do ano seguinte, a fim de submeterem-se às demais etapas do processo seletivo citadas acima.

Em caso de aprovação em todas as etapas da seleção, o candidato é matriculado e passa a ser militar da ativa do Exército Brasileiro, na condição de Aluno da EsPCEx. Se concluir o curso com aproveitamento, prosseguirá para a AMAN, em Resende (RJ), onde, após 4 anos, concluirá o Curso de Formação e será declarado Aspirante a Oficial das Armas, do Quadro de Material Bélico ou do Serviço de Intendência do Exército Brasileiro [4].

Colégio Naval

O Colégio Naval é uma instituição militar de nível médio que prepara os jovens, visando ao ingresso no Corpo de Aspirantes da Escola Naval, que é a instituição de ensino superior da Marinha do Brasil, onde são formados Oficiais. No Colégio Naval, busca-se incutir o gosto pelo mar e pelas coisas marinheiras, além de proporcionar uma sólida formação intelectual, moral e militar-naval.

O aluno ingressa mediante concurso público e recebe os conhecimentos do ensino médio e instrução militar-naval especializada, ministrados por um seleto corpo de professores e Oficiais. Alia-se a este aprendizado acadêmico e militar a intensa prática desportiva para aprimorar a condição física dos alunos. O curso do Colégio Naval tem a duração de três anos, em caráter de internato, com uma  rotina militar diária em que os seus alunos se preparam para o futuro curso da Escola Naval.

Ingresso

Requisitos
Ser brasileiro (a) nato (a);
Ter 15 anos completos e menos de 18 anos;
Ter concluído o 9º ano do Ensino Fundamental;
Ambos os sexos;
Atender aos limites de idade, referenciados a 30 de junho do ano correspondente ao início do respectivo curso de formação militar.

Etapas do concurso

Seleção Inicial (SI) composta de:

a) Prova  objetiva  de  Matemática (20 questões)  e Inglês (20 questões), com duração de cinco horas - primeiro dia;

b) Prova objetiva de Português (20 questões), Estudos  Sociais (12 questões) , Ciências (18 questões) e Redação, com duração de cinco horas - segundo dia.

2) Eventos Complementares eliminatórios constituídos de:

- Verificação de Dados Biográficos (VDB) (eliminatória)
- Inspeção de Saúde (IS) (eliminatória)
- Teste de Aptidão Física de Ingresso (TAF-i) (eliminatório)
- Avaliação Psicológica (AP) (eliminatória)
- Verificação de Documentos (VD) (eliminatória)
- Procedimento de Heteroidentificação Complementar à Autodeclaração (PH) (eliminatório)

3) Período de Adaptação (eliminatório).

Após serem aprovados na Prova Objetiva e nos Eventos Complementares, os candidatos entram no Período de Adaptação, em regime de internato, com duração de três semanas, podendo sair para visitar a família após a primeira. Terminada essa etapa, os rapazes se formam e recebem platinas de alunos do Colégio Naval.

Passada a Adaptação, é iniciado o Curso de Preparação de Aspirantes, com duração de três anos. Durante esse tempo, os alunos estudam disciplinas do Ensino Médio e recebem instruções militares.

O regime é o internato, tendo os finais de semana livres, quando não estão de serviço. É preciso que os alunos sejam aprovados para serem aproveitados no primeiro ano da Escola Naval sem a necessidade de fazer concurso externo [5].

Escola Naval - EN

A EN é a mais antiga instituição de ensino de nível superior do Brasil. Foi criada em 1782, em Lisboa, Portugal, por Carta Régia da Rainha D. Maria I sob a denominação de Academia Real de Guardas-Marinha. Com a vinda da Família Real para o Brasil, a Academia desembarcou no Rio de Janeiro em 1808, trazida a bordo da nau "Conde D. Henrique". Instalada primeiramente no Mosteiro de São Bento, lá permaneceu até 1832, e a partir daí sofreu inúmeras mudanças de instalações, tendo funcionado inclusive a bordo de navios. Finalmente, em 1938, a escola naval veio fixar-se nesta Ilha de Villegagnon.

A Escola Naval tem um Ciclo Escolar de 4 anos e um Ciclo Pós Escolar de um ano. Então, como um todo a Escola Naval tem 5 anos na sua formação. Nos quatro primeiros anos, eles são aspirantes da instituição e internos na escola, estudando de segunda à sexta, quando são liberados e passam o final de semana em casa. O regime de internato adotado permite o desenvolvimento de uma personalidade baseada em valores verdadeiros, elevado poder de reflexão, tempo e ambiente favorável para o Aspirante dedicar-se inteiramente à sua formação e alcançar o máximo desempenho de suas potencialidades. Ao final do Ciclo Escolar, prossegue-se a formação dos jovens, com o Ciclo Pós-Escolar, quando os Aspirantes passam à função de guarda-marinha. Nesse Ciclo é ministrado fundamentalmente para o ensino profissional, com destaque para a aprendizagem prática e de instrução, conduzida em várias organizações militares e a bordo do Navio-Escola “BRASIL”. Na viagem de instrução, aplica-se a teoria estudada e, paralelamente, incrementa-se a cultura geral do futuro Oficial, na medida em que os Guardas-Marinha têm a oportunidade de conhecer aspectos peculiares de vários países do mundo. Cabe ao jovem um único dever: inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico profissional, com seriedade, responsabilidade e respeito às tradições da Marinha do Brasil.

Ao início do 3º ano letivo, após o Período de Verão, o Aspirante fará a opção de curso e habilitação, de acordo com sua ordem de classificação obtida no 2º ano letivo. Os seguintes Cursos de Graduação e habilitações serão oferecidos pela EN:

a) Corpo da Armada
• Mecânica
• Eletrônica; ou
• Sistemas de Armas

b) Corpo de Fuzileiros Navais
• Mecânica
• eletrônica; ou
• Sistemas de Armas;

c) Corpo de Intendentes da Marinha
• Administração.

Os Oficiais do Corpo da Armada exercerão cargos relativos à aplicação do Poder Naval e seu preparo. Os Oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais exercerão cargos relativos à aplicação do Poder Naval e seu preparo, em especial nas operações anfíbias. Os Oficiais do Corpo de Intendentes da Marinha exercerão cargos relativos à aplicação e ao preparo do Poder Naval, que visem ao atendimento das atividades logísticas e das relacionadas com a economia, as finanças, o patrimônio, a administração e o controle interno.

A formação da Escola Naval é dividida da seguinte maneira:

Ensino Básico
Ensino Militar-Naval
Ensino Profissional

o Ciclo Escolar, os Aspirantes do primeiro e segundo ano (1º e 2º ano) tem a sua carga horária preenchidas, principalmente, por disciplinas do ensino básico, que formarão a base para as disciplinas do ensino profissional. A parti do terceiro ano (3º ano,) depois da escolha de corpo e habilitação, os Aspirantes passam a ter uma carga horária maior no ensino profissional e menor no ensino básico

Currículo do Ciclo escolar
Ensino Básico (humanístico)

Português
Inglês
Princípios
Formação
Direito
Liderança
História Naval
História do Pensamento Humano
Relações Políticas Contemporâneas
Ensino Básico (científico)

Cálculo
Cálculo Numérico
Estatística
Fundamentos de Informática
Desenho
Física
Eletricidade
Mecânica
Ensino Profissional (Habilitação em Mecânica)

Eletrotécnica
Termodinâmica
Mecânica de Fluidos
Tecnologia e Resistência dos Materiais
Propulsão
Máquinas navais auxiliares
Mecânica do Navio
Viaturas
Ensino Profissional (Habilitação em Eletrônica)

Eletrônica
Eletromagnetismo
Fundamentos de Eletromagnetismo
Telecomunicações
Eletrônica Aplicada
Detecção
Telecomunicações e Eletrônica Digital
Telecomunicações e Técnicas Digitais
Ensino Profissional (Habilitação em Sistema de Armas)

Sistemas de Controle
Fundamentos de Controle e Eletrotécnica
Balística e Fundamentos de Sistemas de Armas
Balística e Sistemas Navais
Fundamentos de Sistemas de Automação
Fundamentos de Automação
Automação de Sistemas de Armas
Fundamentos de Controle de Sistemas
Ensino Profissional (Habilitação em Administração)

Contabilidade
Administração
Economia
Gestão Operacional
Gerência de Sistemas de Intendência
Gestão Estratégica
Licitação
Ensino Militar-Naval

Navegação
Teórica
Prática
Operações Navais
Operações Anfíbias
Operações Terrestres
Instruções Básicas de Combate

Ingresso

Requisitos:
Ser brasileiro (a) nato (a);
Não ser casado(a) ou não ter constituído união estável e não ter filhos, assim permanecendo durante todo o período em que estiver sujeito aos regulamentos da Escola Naval;
Ter 18 anos completos e menos de 23 anos;
Ter concluído o Ensino Médio;
Atender aos limites de idade, referenciados a 30 de junho do ano correspondente ao início do respectivo curso de formação militar.

Fases do concurso:

1) As provas serão realizadas em dois dias subsequentes. No primeiro dia, o candidato terá cinco horas para resolver 40 questões, sendo 22 de Matemática e 18 de Inglês, cada uma valendo 2,5 pontos, totalizando 100 pontos. No segundo dia, com a mesma duração, igual quantidade de questões e mesmo valor de cada uma, serão cobradas 22 questões de Física e 18 de Português e ainda haverá Redação.

2) Eventos Complementares (eliminatórios) constituídos de:
a) Verificação de Dados Biográficos (VDB);
b) Inspeção de Saúde (IS);
c) Teste de Aptidão Física de Ingresso (TAF-i) - Natação e Corrida;
d) Avaliação Psicológica (AP);
e) Verificação de Documentos (VD) e
e) Procedimento de Heteroidentificação Complementar à Autodeclaração (PH).

3) Período de Adaptação (PA) e Curso de Graduação (CG).

O curso tem duração de 5 anos em regime de internato, a escola se localiza no Rio de Janeiro.

Último certame para ingresso: inscrição: 27/02/2023 à 27/03/2023. Aplicação das provas: 24 e 25 de junho de 2023 [6].

Academia da Força Aérea - AFA

A ideia de criar a Força Aérea remonta à I Guerra Mundial, quando coube à Marinha tomar a iniciativa de organizar o primeiro núcleo militar de aviação do Brasil. Estava, pois, dado o primeiro passo. Pelo Decreto no 12.167, de 23 de agosto de 1916, o então Presidente da República Wenceslau Braz, fundava a Escola de Aviação Naval, enquanto o Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino Faria de Alencar, iniciava as negociações para a aquisição dos primeiros aviões Militares Brasileiros, a fim de equipar aquela Escola. Foram três Curtiss, modelo F, adquiridos dos Estados Unidos. O Exército só iria ter sua Escola de Aviação Militar após o término da Guerra. Em 15 de janeiro de 1919, pelo Decreto 13.417, foi aberto um crédito de dois mil contos de réis, para que se organizasse o serviço de Aviação Militar. O serviço foi provido de infra-estrutura, adquirindo-se aviões e outros materiais necessários. Foram contratados, também, professores para a escola, além de operários para a manutenção.

A inauguração oficial da Escola de Aviação Militar ocorreu no dia 10 de julho de 1919, sendo o Tenente Coronel Estanislau Vieira Pamplona, seu primeiro Comandante. Os aviões da Escola, vindos para o Brasil em 1919 e 1920, eram franceses, da I Guerra, da marca Nieuport e Spad 84 "Herbermont” (para ver histórico completo visitar o sítio disponível nas notas) [7].

Ingresso

O último edital de seleção de 23 de fevereiro de 2022 consta ser destinado a cidadãos brasileiros natos, de ambos os sexos, voluntários, que atendam às condições e às normas estabelecidas nestas Instruções, para serem habilitados à matrícula no CPCAR (curso de capacitação de cadetes do ar) 2023, a ser realizado na Escola Preparatória de Cadetes do Ar - EPCAR, em Barbacena/MG [7].

III - Desafios e perspectivas para a inserção dos comunistas nas FAB.

A partir das informações reunidas aqui, retiradas diretamente das fontes oficiais das FAB, aponto algumas proposições e desafios a serem superados para atuação dos comunistas na frente militar para reflexão des camaradas:

a) A inserção de comunistas no meio militar é viável;

É necessário que os comunistas busquem não só inserção entre os praças das forças armadas, mas que tenham no seu horizonte estratégico alçar quadros a mais alta hierarquia do comando das FAB e utilizar essa influência como mecanismo de ruptura para a conformação de um exército popular revolucionário. Não só pelo alistamento regular, que é obrigatório para homens a partir dos 18 anos, mas pelo processo seletivo das escolas de formação de oficiais das forças armadas, o qual representa um meio estratégico de inserção na hierarquia do exército, força aérea e marinha, o objetivo central desta tribuna é destacar que representa um recurso que não pode ser subestimado e seria patético não utilizar essa abertura para a arquitetura de uma ofensiva da classe trabalhadora nessa frente.

Após a conclusão dos quatro anos de formação, no caso da AMAN, o cadete formado é alçado a “aspirante à oficial”, ocupando esse posto durante seis meses, antes de ser promovido automaticamente a segundo tenente. Em outras palavras, o aspirante é como um “estagiário” do quadro de oficiais. Esse militar ocupa a função de comandar um pelotão, sob supervisão dos oficiais superiores, ficando responsável por entre 10 a 40 militares, nem é preciso mencionar o potencial que isso representa se este oficial for um comunista disciplinado e comprometido com a revolução brasileira.

b) Planejamento e Programa Militar;

Formular planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo com metas específicas a serem alcançadas, número de militantes destacados para a tarefa e um período e requisitos necessários para a possibilidade de formação de um comando paralelo às FAB.

Formular um programa para atuação de militantes nas forças armadas que leve em consideração as principais reivindicações de praças e oficiais de baixa patente, que denuncie as práticas abusivas e autoritárias do comando praticamente hereditário nas FAB, o combate às opressões, principalmente às mulheres, que busque formas de articulação internacional com fins agitativos e propagandistas com organizações revolucionárias de nações amigas que enviam seus militares jovens para treinamento no Brasil e que tenha capacidade de disputar ideologicamente mentes para a formação de um exército verdadeiramente do povo e a seu serviço;

c) Instâncias Clandestinas;

Formular meios organizativos específicos para atuação de militantes no meio militar com instâncias próprias, formação e atuação prática exclusivas, levando em consideração a necessidade absoluta da segurança para atuação nessa frente, inclusive alternativas de comunicação aos meios virtuais.

Em congresso, refletir e definir como se dará de fato essa atuação, a relação desses jovens com o partido, a que instâncias deverão corresponder, a criação de uma fração militar ou uma frente de massas como o MUP, submetido ao Comitê Central, são possibilidades que devem ser amadurecidas em debate.

d) Formação Política

Estruturar e padronizar um caderno de formação para militares comunistas de caráter público que sirva para contestar a doutrina dominante das forças armadas, questionar a idoneidade dos heróis e patronos das forças armadas e reivindicar lutadores, heroínas e heróis da classe trabalhadora, suas lutas e experiências revolucionárias como Palmares, a Cabanagem, as FEB e a Coluna Prestes;

e) Recrutamentos

Identificar, destacar e recrutar entre as fileiras da juventude, militantes com perfil para atuação nas FAB, que devem passar desde seu ingresso na organização por formação específica para atuação nessa frente (isso não descarta a necessidade do militante em questão passar pela formação comum a todes militantes do complexo). Esses jovens devem receber apoio teórico, logístico e financeiro do complexo partidário para ingressar nas escolas de formação das FAB como passo essencial para a inserção prática no meio militar.

Esta contribuição é pequena ao debate camaradas e não aponta formas claras o suficiente de avançar nesse trabalho extremamente necessário para a construção do processo revolucionário, de forma alguma está esgotada, são meramente questões para serem consideradas pela militância ao formularmos a política do PCB RR para a tomada do poder de fato, sem medo de dizer que queremos o poder, usando todos os meios necessários ao nosso alcance para tal. A disciplina hierarquizada das forças armadas é absoluta, mas também apresenta fragilidades que podem ser revertidas em força para a revolução brasileira.

Espero ter contribuído minimamente para o amadurecimento de ideias e estimo votos de esperança e firmeza des camaradas no aprofundamento da reconstrução revolucionária.


Notas:

[1] CADN
https://www.gov.br/esd/pt-br/a-esd/pesquisa-e-pos-graduacao/eventos-academicos/congresso-academico-sobre-defesa-nacional-cadn;

[2] VBTP-MR Guarani é uma família de veículos militares blindados de combate, desenvolvida no Brasil pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro, que contratou a filial brasileira da montadora italiana Iveco para sua produção.

Tipo de veículo: transporte de pessoal;

Em serviço desde 2012 até atualmente;

Custo Unitário: aproximadamente 3 milhões e 700 mil reais;

Quantidade produzida: 600 de 1500 unidades a serem entregues até 2033.

[3] Informações Gerais - AMAN https://www.aman.eb.mil.br/informacoes-gerais

[4] Como Ingressar - AMAN
https://www.aman.eb.mil.br/como-ingressar

[5] Colégio Naval https://www.marinha.mil.br/sspm/?q=colegionaval/colegio_princ

[6] Escola Naval https://www.marinha.mil.br/sspm/?q=escola-naval/en_princ.

[7] AFA https://www2.fab.mil.br/afa/index.php/sobre-a-afa.