'Arte periférica é a arte revolucionária, a inserção no meio dos jovens proletários' (Contribuição anônima)
Até mesmo na busca de uma estética comunista brasileira, precisamos buscar no seio das massas trabalhadores e nas raízes de nossa sociedade, principalmente no jovem negro e periférico.
Contribuição anônima para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Salve rpzd! Escrevo essa tribuna inspirado no ensaio feito pelo fotógrafo: https://www.instagram.com/atemporalboy/ , sobre o verdadeiro “BRAZILCORE” de quebrada. Inspirado também no chavoso da usp e no galo de luta, intelectuais orgânicos de quebrada, e por fim, inspirado também na cena do funk e do hiphop atual. Nesse texto procuro dar uma breve exposição sobre um tema que penso e não vejo muitos comentários sobre, apenas a exposição de algumas ideias prematuras que acho que são de extrema importância serem discutidas no âmbito da comunicação visual do partido e no jeito de dialogar e vivenciar as práticas dos jovens periféricos
*Nesta tribuna vou apenas me ater aos movimentos da cena artística e da cultura das periferias de São Paulo*
De primeira mão, quero comentar sobre a cultura periférica no sentido de: Moda, música, comunicação e estilo de vida. Creio que seja claro para todos que a massa dos jovens proletários brasileiros estão concentrados nas periferias de São Paulo, e não seria nada inusitado olharmos para essa massa e compreendermos suas vivências como maneira de aprendizado para a atuação do Partido nesses espaços. Nesse sentido, comento sobre a atuação do Partido não no sentido de angariar militantes, mas sim saber dialogar com essa cultura, atuando em proximidade e harmonia de ideias. Falo isso pois é nítido o sentimento de revolta e ódio do sistema presente nas músicas de funk e rap/trap, assim como o discurso muito presente contra a polícia e o racismo.
Dessa forma, acho imprescindível os movimentos feitos por alguns organizações revolucionárias de se aproximarem de batalhas de rap ou até mesmo os artistas que fazem um rap ou um funk revolucionário como: Primitivo, THC das ruas, Camarada Janderson, Bigode Roots, Drope Soviético, dentre outros. Porém ainda acho um movimento muito tímido, não vejo nenhum tipo de postagem em redes sociais que conversem com esse tipo de público ou se inspire nas referências de quebrada, entrevistas com artistas sobre a cena, ensaios fotográficos, ou até mesmo organizações de festas com djs de quebrada ou mcs que estão começando agora no corre. Acho esse movimento importante pois é assim que podemos despertar um certo interesses dos jovens de quebrada na organização revolucionária por estarem vendo a sua cultura sendo praticada nesses espaços e assim entender que ali tem pessoas que compartilham das mesmas ideias e vivências que as suas. Falo isso porque o baile é um local onde essa dinâmica acontece, um momento de lazer onde os jovens proletários podem curtir seu final de semana depois de uma longa jornada de trabalho, e encontrar lá seus parceiros que cultivam da mesma cultura que a sua, os mesmo gostos músicas, jeitos de se portar, gírias e as vestimentas
Portanto, acredito que dentro do Partido precise ser cultivada essa estética brasileira de quebrada que representa a maioria do povo pobre brasileiro. Até mesmo na busca de uma estética comunista brasileira, precisamos buscar no seio das massas trabalhadores e nas raízes de nossa sociedade, principalmente no jovem negro e periférico. Algo que também não deve só estar presente na arte do partido e em sua comunicação visual, mas também em suas fileiras. Precisamos de mais intelectuais orgânicos como o Chavoso da Usp e Galo de luta, pessoas que vem de quebrada e trazem as angústias sofridas pelos proletários brasileiros, alguém que saiba conversar com as massas e que inspire elas a cada vez mais se organizarem em prol da luta pela derrubada do capitalismo. Um exemplo que dou é as recentes músicas lançadas pelo Galo de luta e Galf AC “Caminho sem volta / No ventre da besta”, músicas que trazem a revolta do povo oprimido dialogando diretamente com a nossa classe, sem contar da importância de sua figura política. Outro exemplo são as palestras que o Chavoso da Usp dá em escolas públicas falando sobre a importância do ensino e da educação pública. Essas dinâmicas são importantes, pois mostram que esses intelectuais orgânicos vindo diretamente da classe trabalhadora atuam em conjunto com ela buscando a elevação da consciência revolucionária.