Apesar do Governo Federal, jornalistas da EBC conquistam isonomia salarial
A conquista, fruto de intensa mobilização, foi oficializada em uma reunião realizada na segunda-feira (4) entre a direção da empresa e os sindicatos. A aprovação final poderá levar cerca de quatro meses.
Por Redação
Após uma greve histórica que paralisou o jornalismo da EBC por 12 dias, incluindo o primeiro turno das eleições, os jornalistas da empresa pública conquistaram a isonomia salarial para os cargos de nível superior na proposta para o novo Plano de Cargos e Remunerações (PCR). A conquista, fruto de intensa mobilização, foi oficializada em uma reunião realizada na segunda-feira (4) entre a direção da empresa e os sindicatos.
O governo Lula-Alckmin colocou barreiras na luta dos jornalistas da EBC ao não atender prontamente às solicitações por isonomia salarial e ao ignorar em primeiro momento os pedidos de audiências feitos pelos sindicatos. Além disso, a Secretaria de Comunicação da Presidência e o ministro Paulo Pimenta dificultaram as negociações. Os jornalistas da EBC inclusive realizaram manifestações incluindo um ato em frente ao Palácio do Planalto no dia 4 de setembro para pressionar o Governo Federal, e outro em frente ao Ministério da Gestão e Inovação no dia 25 de setembro, exigindo serem atendidos pelo ministério.
A nova proposta unifica as tabelas salariais das carreiras de nível superior, estabelecendo pisos de R$ 7.200 e tetos de R$ 25 mil, respeitando as jornadas específicas de cada profissão. "A empresa oficializou a unificação das tabelas salariais entre empregados de nível superior", afirmam os sindicatos em nota. A aprovação final, no entanto, ainda depende do processo burocrático na Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST/MGI), que poderá levar cerca de quatro meses. Além disso, o orçamento precisará ser aprovado.
Mesmo com essa vitória, os sindicatos ressaltam que ainda há pendências importantes. Eles se reunirão com a direção da EBC para discutir a correção dos descritivos das carreiras de jornalistas e ajustes nos interstícios de progressão, buscando a eliminação dos degraus que ainda representam barreiras para a categoria. "As entidades ainda vão defender a unificação das carreiras de GCPs com os JCPs, além do respeito à carga horária dos jornalistas do acervo", afirmaram.
Apesar das conquistas, o cenário atual exige uma análise crítica sobre as limitações. A mobilização que uniu a categoria foi fundamental para garantir a isonomia, mas não se pode esquecer que essa luta se deu em meio a uma série de percalços. A greve revelou a força dos trabalhadores, mas também expôs o constante risco de acomodação frente aos interesses burocráticos e governamentais. É essencial que os movimentos sindicais mantenham sua independência e não se limitem a conquistas pontuais, sem questionar os ataques mais profundos aos direitos trabalhistas.
É fundamental que os sindicatos mantenham uma postura combativa e não se acomodem diante de qualquer proposta ou barreira vinda do governo Lula-Alckmin, ainda que este se apresente como um governo dito de esquerda. É necessário se desvencilhar das armadilhas da passividade e do peleguismo que frequentemente caracterizam o sindicalismo alinhado à CUT, que pode abrir espaço para retrocessos e concessões prejudiciais. As lutas sindicais devem priorizar a independência e a defesa intransigente dos direitos trabalhistas, evitando a aceitação passiva de medidas que não atendam às necessidades reais da categoria.
A conquista da isonomia é um marco importante, mas não o ponto final. A defesa de uma comunicação pública forte, independente e valorizada ainda é uma batalha constante que precisa ser travada de forma coletiva e com independência de classe, sem se submeter a interesses que possam enfraquecer as vitórias alcançadas.