Alunos de Artes Visuais no IFCE paralisam aulas para exigir melhorias no curso
A demanda foi pela abertura de grupos de pesquisa e extensão com bolsas, além da adesão aos programas de residência pedagógica e ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID).
Durante a manhã do dia 13 de março (quarta-feira), alunos da licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) organizaram piquetes nos corredores e paralisaram as atividades do curso.
A paralisação foi decidida dias antes em uma reunião do Centro Acadêmico Nice Firmeza (CANF). A demanda foi pela abertura de grupos de pesquisa e extensão com bolsas, além da adesão aos programas de residência pedagógica e ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Dentre as pautas reivindicadas também está a luta pela abertura de concursos públicos para contratação de professores para o IFCE.
A situação do curso e do IFCE para os estudantes
Durante toda a mobilização, estudantes denunciaram diversos problemas enfrentados e descasos que afetam a permanência e formação no instituto.
A cobrança pela adesão ao PIBID vem depois de 4 anos que não é feita no curso. Isso faz com que os estudantes não possam ter acesso a esse programa, restringindo a experiência formativa, e fiquem sem acesso às bolsas que seriam oferecidas.
Apesar de ter cotas de renda, a assistência estudantil no IFCE é insuficiente para atender os estudantes que necessitam de auxílio para permanecer, é a remuneração das bolsas que muitas vezes cumpre esse papel.
Ainda que os auxílios e o valor das bolsas estejam abaixo do necessário para manter integralmente um estudante. Considerando a carestia e pauperização enfrentada pela classe trabalhadora nos últimos anos com as políticas liberais em diversos níveis aplicadas pelos governos.
As e os estudantes do curso de Artes também denunciaram a falta de opções de pesquisa e extensão. Nos últimos anos alguns grupos que existiam deixaram de funcionar, e as iniciativas que ainda existem não comportam o conjunto de necessidades dos alunos. A ausência desses elementos deixam o tripé universitário ensino-pesquisa-extensão desconfigurados.
Mesmo em relação ao ensino, no IFCE já é sentido um déficit de docentes, fazendo que algumas disciplinas atrasem o início e sejam necessárias realocações periódicas. Durante as falas, os estudantes relacionam esse déficit à continuidade da política de corte de investimento público através do arcabouço fiscal do governo Lula-Alckmin.
Para os estudantes do ensino superior do IFCE também não há garantia de almoço, apesar de ter um Restaurante Acadêmico (RA) no campus de Fortaleza, o almoço só é garantido para a modalidade de técnico-integrado. Isso faz que uma grande parcela de estudantes precise diariamente recorrer à comprar essa refeição ou depender de lanches.
Paralisação
A paralisação acontece depois de mobilizações constantes pela pauta e crescente descontentamento dos estudantes.
Os estudantes do curso junto ao Centro Acadêmico ergueram os piquetes que bloquearam as entradas das salas, aglutinando os estudantes que chegavam para a manifestação, e abordaram os que passavam para explicar as reivindicações. Assim ganharam o apoio de trabalhadores e alunos de outros cursos.
A programação também contou com um café da manhã coletivo, oficina de cartazes, falas políticas e outras intervenções. Foram entoadas palavras de ordem como: “Sou estudante, não abro mão de ensino, pesquisa e extensão”.
Próximos passos
Segundo a presidenta do CANF, a paralisação é só um passo de uma longa luta. “Os estudantes seguirão mobilizando a luta por diversos meios, pois essa é a única via para conquistar nossas reivindicações”, afirmou. Também, enfatizou a necessidade de lutar por outras questões que afetam não só o curso, mas todo o IFCE e a educação no Brasil.