'Ainda sobre a foice, o martelo e a sigla' (Pepa)
A foice e o martelo nos remetem a um saudosismo e um passado de glórias já distantes - sem o qual não estaríamos aqui.
Por Pepa para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Camaradas, venho através desta tribuna trazer algum tipo de contribuição para essa discussão que julgo de tamanha importância: a estética de nosso Partido - seja ele uma ala, uma nova organização, uma reconstrução.
Sou um militante recém chegado, que está construindo seus acúmulos práticos e teóricos a relativamente pouco tempo. E justamente por isso, acho que é construtivo trazer aqui a percepção de alguém que não muito tempo atrás tinha como principal referência e contato, a estética do Partido. Então peço licença para compartilhar alguns pensamentos.
Antes de iniciar o meu processo de radicalização e recrutamento, o pouco que eu sabia e conseguia identificar na rua, nos atos, nas redes era justamente através dos símbolos. Me via indo aos atos por conta própria e procurava sempre pelas bandeiras vermelhas tremulando com o incrível símbolo criado pelos nossos camaradas tantos anos atrás. A foice e o martelo carregam em si a clareza de uma luta. A luta dos trabalhadores por sua emancipação. É uma simbologia que penetra as mais diversas camadas da população e que acredito que jamais perderá sua imponência e seu impacto visual.
Concordo com os apontamentos des camaradas que contribuíram com tribunas anteriores à essa, de que é uma simbologia eurocêntrica de certa forma e que devemos trazer uma releitura, porém acredito que isso deve ser feito sem perder o impacto e o legado que a simbologia original carrega. A adição da flecha como elemento em primeiro plano representando os povos originários me parece indispensável.
Levando em conta que o PCB-CC continuará a utilizar a simbologia original, considero um risco abandoná-la por completo. Acredito que enquanto houver uma organização bradando tal bandeira, qualquer outra será ofuscada aos olhos dos leigos que possam estar olhando em atos e agitações. Talvez possamos até olhar para o caso PCdoB x PCB, onde para muitos, o partido comunista do nosso país é o PCdoB, seja por seu alinhamento com os governos e número de militantes formais, seja por sua simbologia compartilhada com o PCB (existem pequenas diferenças no detalhamento e proporções do desenho, praticamente imperceptível para os olhos desatentos).
Quando entramos no detalhe sobre qual ferramenta deve ser utilizada para representar os trabalhadores e trabalhadoras do campo, entendo que a foice que hoje está em nosso símbolo não seria o tipo mais adequado para representar a realidade de nosso país. Porém acredito que a troca precisaria ser muito bem medida na balança para entender se existiria um ganho real ou se apenas estaríamos abandonando uma simbologia já consolidada no imaginário global sem muito retorno.
Ao chegar na questão do nome da nossa organização, devo admitir que existe um apego por minha parte - e acredito que mais camaradas devem compartilhar - ao nome original, que já foi disputado uma vez e por isso também acredito que devemos escolher um outro caminho, infelizmente. Porém devemos ser realistas e concordo com a fala trazida pelo camarada Vesúvio em sua tribuna:
“E mais do que isso, como pedir que alguém diferencie entre PCB, PC do B, PCB-RR e tantas outras siglas semelhantes?”
Acredito que nosso nome deve carregar a clareza de nossa luta, para que não haja dúvidas do nosso objetivo e que também deixe muito claro a nossa diferença para com a antiga organização: fazer a revolução brasileira. Então venho fazer coro à sugestão do camarada Silas Adriano que sugere em sua tribuna o nome Partido da Revolução Brasileira (PRB). Acredito que é um nome claro, forte e que coincidentemente (ou não) possui uma sigla que sintetiza de certa forma o nosso nome provisório (PCB-RR), além de nos tirar do emaranhado de “PC…” que temos por aí. Com a banalização do termo ‘comunista’ nos últimos anos, onde qualquer oposição à extrema direita é taxada como tal, a palavra ‘revolução’ se torna o que de fato difere os comunistas do restante da oposição. Apenas nós comunistas ousamos dizer e isso é algo que acredito ter extrema potência.
É em cima desses pontos e desse nome que tomei a liberdade de fazer um rápido estudo que materializasse esses pensamentos e coloco aqui para admiração e crítica e para instigar mais camaradas a contribuir.
Acredito que a criação de um novo símbolo e nome devem sim ser uma tarefa coletiva da militância, assim como foi trazido de forma primorosa na tribuna
'Por uma criação coletiva de um novo nome e identidade visual para o partido' (Bi)
Seria importantíssimo organizarmos esse processo nas instâncias internas, desde a base para que no fim tenhamos um resultado que traga orgulho para os militantes, clareza para os desavisados e sucesso para a nossa luta.
Por uma estética comunista brasileira que relembre os que caíram, pertença aos que lutam e vigore até a revolução!