Agronegócio pernambucano em “campanha” por Bolsonaro

Na última segunda-feira (24), o ex-presidente Jair Bolsonaro passeou pela Zona da Mata de Pernambuco. Mas o que chama atenção é a passagem pela Usina Petribu, pelo longo histórico desse grupo, que é a empresa açucareira mais antiga do Brasil em funcionamento ininterrupto.

Agronegócio pernambucano em “campanha” por Bolsonaro
Bolsonaro e o usineiro Jorge Petribu. Reprodução/Foto: Giro Mata Norte

Por Redação

Na última segunda-feira (24), o ex-presidente Jair Bolsonaro passeou pela Zona da Mata de Pernambuco. Ao desembarcar no Recife, fez visitas em Vitória de Santo Antão, Carpina e Lagoa de Itaenga. Em Vitória, recebeu o título de cidadão do município, concebido pela câmara municipal. Mas o que chama atenção é a passagem pela Usina Petribu, na divisa entre Lagoa de Itaenga e Carpina, pelo longo histórico desse grupo, que é a empresa açucareira mais antiga do Brasil em funcionamento ininterrupto.

A escravidão de populações negras e indígenas foi o modus operandi da economia brasileira durante o período colonial, inicialmente nas zonas costeiras do nordeste, como em 1729, quando da fundação do Engenho Petribu. O sobrenome “Petribu” é oriundo de uma apropriação do dialeto indígena  falado na região onde o engenho de cana se instalou, sendo um termo aportuguesado de Potyraybu, como era chamada essa localidade do Rio Capibaribe antes da colonização.

Essas informações, podem ser retiradas dos próprios veículos de informação da Petribu. É interessante o incrível salto temporal entre o momento da criação do Engenho e a “modernização” industrial, datada no início do século XX.

Reprodução/Fotos: Petribu.

O que teria acontecido nesse meio tempo não destoa do padrão brutal exploratório de trabalho de pessoas em condição de escravidão, que é a marca desse período histórico. Tentar esconder de forma tão descarada o seu passado só deixa claro como sabem que isso não condiz com a imagem vendida em seus outdoors, como uma empresa que se importa com o bem-estar de seus trabalhadores hoje e sempre. O que na realidade não se mostra como verdade, pois com uma alta taxa de acidentes de trabalho (adicionado à jornada 6x1, além de não respeitarem feriados e fins de semana) que, literalmente, acabam moendo o trabalhador junto com o bagaço da cana. Em outros momentos da história, como na ditadura empresarial-militar brasileira, a empresa se torna um braço forte dos interventores nomeados para governar cidades em seus arredores, sendo também agente forte na perseguição da luta sindical e no sufocamento de lutas populares. Sendo uma dinastia que há 8 gerações ocupa e transforma parte considerável da Zona da Mata, tornando-a um grande latifúndio da monocultura de cana.

Jair Bolsonaro conta com apoio incondicional da principal liderança, e também herdeiro, da usina, Jorge Petribu, como também da atual presidente da usina, Daniela Petribu (que recentemente saiu nas manchetes como um exemplo de mulher capitalista do Agro, que supera as dificuldades da vida na empresa que herdou dos avós). Assim como também destaca a “responsabilidade” que sua empresa tem com o meio ambiente e causas sociais.  O que na realidade não passa de proselitismo e filantropia. Tanto é que a influência da usina sufoca pequenos produtores, e também assedia politicamente seus funcionários, chegando ao ponto de distribuir materiais sensacionalistas para seus funcionários sobre a eleição de Lula e sua “ameaça” aos interesses da empresa.

Jorge Petribu, não esconde suas atuações políticas, é atualmente filiado ao Partido Novo e faz alianças com outras forças da direita, lançando candidatos, buscando aliados, ou apenas declarando intenção de votos, para seus funcionários seguirem como forma de assédio político. Como no caso de Bruno Ribeiro (PL), no último pleito municipal em Carpina, que foi cotado como o “candidato de Bolsonaro”, e também da Petribu. Independente do resultado, sua relevância no cenário local não muda, visto que qualquer gestão eleita recebe  seu apoio imediatamente.

Jornais da mídia burguesa pintam a empresa como um exemplo de sustentabilidade, responsabilidade e respeito com seu meio. O que não se configura na prática e na história da empresa. Além de frequentemente sabatinar suas lideranças a cada final de safra ou quando os pleitos eleitorais se aproximam.

Bruno Ribeiro (PL), Anderson Ferreira (PL) e Jorge Petribu (NOVO). Reprodução/Foto: CBN.

É neste contexto que Bolsonaro, juntamente com outras figurinhas carimbadas da direita fascista pernambucana, se juntou na última segunda-feira para a comemoração do fim da safra 2024/2025. Em suas falas, o ex-presidente cita os feitos de seu mandato, denuncia supostos crimes de guerra cometidos pelo Hamas e sua suposta ligação com a “esquerda”. O ex-presidente também falou que pretende voltar à presidência disputando as próximas eleições. Tudo isso acompanhado de aplausos e muitos afagos de apoiadores presentes no evento.