'A solução virá tão fácil assim? - Ponderações acerca da proposta de dissolução da UJC e incorporação de seus militantes ao PCB-RR' (Edith)

Seria pegar nossos problemas organizativos, transferi-los em sua totalidade para outra organização, porém agora com uma nova sigla e com menos reconhecimento das bases estudantis.

'A solução virá tão fácil assim? - Ponderações acerca da proposta de dissolução da UJC e incorporação de seus militantes ao PCB-RR' (Edith)
"Esse debate sem dúvida dividiria a militância da juventude nacionalmente, em minha visão poderíamos até ter uma nova preocupação em relação a dividir a militância em duas organizações."

Por Edith para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Esta tribuna é uma resposta à tribuna ‘As relações entre a juventude e o partido a partir do XVII Congresso –a necessidade da dissolução da UJC?’ dê camarada P. Ácacio.

Na tribuna em questão, ê camarada sugere que a União da Juventude Comunista seja dissoluta, que seus e suas militantes sejam transferides para o Partido e que futuramente uma nova UJC seja formada, e isso a fim de resolver a diferença quantitativa de militantes entre a Juventude e o Partido. Camaradas, eu peço perdão se minha interpretação me falhou e eu não consegui compreender bem ê camarada, mas eu vejo essa ideia como absolutamente inviável. É fato que atualmente o PCB-RR tem menos militantes que a UJC, porém a solução é dissolver a UJC para que o partido tenha um crescimento em números? Vejo e reconheço o problema acerca dos trabalhos tocados pela juventude, concordo que muitos deles deveriam ser tocados pelo Partido, mas a dissolução da UJC e transferência de seus militantes para o PCB-RR seria um tiro no pé, estamos em um processo imensamente complexo e difícil de reorganização do nosso partido, não podemos nos sujeitar a tomar o caminho mais curto e nos apoiar em “soluções fáceis”, e ao meu ver, a medida proposta é uma “solução fácil”. O que eu compreendi dê camarada foi uma visão de que o Partido *deve* ter trabalhos mais avançados e profissionais que a Juventude, como se a Juventude devesse ocupar uma posição inferior e de completa subalternidade à do Partido na luta de classes, isso é inadmissível na nossa organização. Digo isso, é claro, sem personalizar a crítica à pessoa que escreveu a tribuna.

Milito em um núcleo fracionado, dividido entre 9 cidades, como a dissolução da UJC e transferência para o Partido iriam funcionar na prática? De que serviria essa dissolução ao meu núcleo, senão unicamente para a criação de um novo núcleo do PCB-RR? O núcleo UNESP(por mais que tenha sua imensidão de problemas organizativos) troca acúmulos sobre uma realidade em comum, é inviável que ês militantes do núcleo estejam em instâncias que não permitam ou dificultem a discussão interna sobre a realidade da UNESP, logo, seria impossível que fosse criado um núcleo do PCB-RR em cada cidade(ou a transferência para os núcleos já existentes nas cidades em questão), onde terão militantes que terão de dividir sua atuação na UNESP com outras tarefas do Partido. Assim, a única opção é a criação de um núcleo UNESP do PCB-RR. Seria pegar nossos problemas organizativos, transferi-los em sua totalidade para outra organização, porém agora com uma nova sigla e com menos reconhecimento das bases estudantis, visto que, neste momento, a base provavelmente não saberá que a antiga e dissoluta UJC representa um mesmo projeto que o PCB-RR núcleo UNESP.

Esse debate sem dúvida dividiria a militância da juventude nacionalmente, em minha visão poderíamos até ter uma nova preocupação em relação a dividir a militância em duas organizações. Quantos núcleos ou quadros da UJC não vão concordar com a dissolução e simplesmente continuar seus trabalhos na juventude? A UJC perderá militantes e o PCB-RR ganhará. A UJC tem diversos problemas nacionalmente, resolveremos todos esses problemas simplesmente dissolvendo a UJC e começando do zero? Colocaremos essa juventude pra militar no Partido sem nem um processo de recrutamento?

Camaradas, não me entendam mal, o que estou dizendo não é: “Somos a Juventude, não o Partido, o Partido com seus problemas e nós da Juventude com os nossos”, pois reconheço que somos uma só organização revolucionária, porém penso que essa medida mais serviria pra nos desorganizar enquanto juventude E partido, do que pra resolver um problema de déficit de número de militantes entre a Juventude e o Partido. Ês outres camaradas se sintam livres pra concordar ou discordar de mim.

Os trabalhos da Juventude e do Partido têm de serem realizados sob uma perspectiva de unidade de ação e articulação política entre as instâncias, devemos ser (e trabalharemos para que sejamos) um único sujeito revolucionário, marchando lado a lado na luta de classes, porém não podemos esperar que isso seja feito através da dissolução da nossa juventude.

É impossível acabar com o Partidão!

Ousar lutar, ousar vencer!