A Revolução Russa e o Futuro
Por muitas décadas a URSS foi um farol que iluminou as esperanças dos povos do mundo em sua luta por justiça e igualdade, materializando a possibilidade de um novo mundo possível.
Por Redação
Faz 107 anos que os comunistas do mundo inteiro comemoram, no dia 7 de novembro, o aniversário da Revolução de Outubro de 1917. A data certamente chama a atenção para um fato curioso: antes da Revolução, a Rússia adotava o calendário juliano, e não o gregoriano. O atraso social na Rússia se manifestava até mesmo na suas datas, sempre "treze dias no passado" em relação ao calendário ocidental. Quando os proletários e camponeses russos tomaram em suas mãos os grandes meios de produção e o poder político, lutando para reconstruir a sociedade à imagem e semelhança dos interesses da maioria trabalhadora do povo, uma das primeiras mudanças foi a substituição do velho calendário. O resultado dessa rebeldia cronológica é que, todo ano, há comunistas que "queimam a largada", celebrando em 25 de outubro a primeira revolução socialista bem-sucedida da história.
Inspirada pelo sonho de uma sociedade internacional unida por laços de solidariedade entre os explorados e oprimidos, a Revolução Russa arrancou sua poesia do futuro, aspirando ir muito além da luta pelo pão e pela paz que movia seus interesses imediatos. Derrubando o velho aparelho de Estado, a Revolução reconstruiu a estrutura do poder político a partir de conselhos populares democráticos, inserindo na vida política soviética grupos sociais tradicionalmente excluídos, como as mulheres e as minorias étnicas, para as quais a Revolução Socialista conquistou a igualdade e a autodeterminação sobre seus destinos, seus territórios e seus corpos.
Em poucas décadas, colocando a economia nas mãos dos trabalhadores, a Revolução transformou um dos países mais agrários e retrógrados da Europa em uma das maiores potências tecnológicas do planeta, elevando a qualidade de vida da população. Isso foi possível porque o Estado soviético, concentrando o poder político da maioria trabalhadora da sociedade, confiscou todos os grandes meios de produção (os bancos, as terras, as fábricas etc.) e ergueu sobre eles uma economia planejada e unificada, substituindo o caos da especulação de mercado capitalista por uma gestão racional dos recursos sociais e naturais em favor do bem-estar popular. Na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não havia pessoas sem empregos ou sem moradias. Isso porque, mesmo sendo sabotada por todas potências capitalistas, mesmo nos seus momentos de maiores provações e privações, a URSS conseguiu sustentar uma sociedade sem parasitas burgueses. Não havia patrões capazes de se utilizar da miséria e da fome para reduzir as massas trabalhadoras à condição de uma mercadoria contratada a seu serviço.
Era por isso, e não por suas imperfeições e insuficiência, que o socialismo soviético era tão inaceitável para os grandes poderes capitalistas. Quando o impulso inicial da Revolução já havia passado há muitas décadas, a sociedade soviética ainda era uma das mais igualitárias do mundo — mas, dia após dia, o canto da sereia das ilusões de enriquecimento privado conquistaram traidores para a causa da restauração capitalista. Com o fim da economia planejada, a pobreza e o desemprego aumentaram vertiginosamente nas antigas Repúblicas Soviéticas, apesar da resistência da população, que votou massivamente contra o fim do regime socialista em um referendo realizado em 1991. Hoje, sob o controle das suas burguesias, os países da antiga URSS mergulham em guerras fratricidas entre aqueles que um dia formaram um mesmo povo soviético, como a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Por muitas décadas a URSS foi um farol que iluminou as esperanças dos povos do mundo em sua luta por justiça e igualdade, materializando a possibilidade de um novo mundo possível. Hoje, estamos mais do que nunca em uma situação semelhante à daqueles revolucionários russos que, diante dos horrores da guerra mundial galopante e da exploração capitalista, não têm nenhuma outra alternativa a não ser lutar para tomar nas próprias mãos o seu destino. Façamos hoje como os revolucionários do passado, nos inspirando em suas esperanças de um futuro socialista.