'A necessidade de apoio dos militares e dos policiais para a realização da revolução brasileira' (Satierf)

Não só os civis sofrem com a guerra interna brasileira, mas os próprios agentes também. Os militares e policiais precisam ser radicalizados a nosso favor. Eles também têm direito a uma vida justa e digna, assim como qualquer outro trabalhador.

'A necessidade de apoio dos militares e dos policiais para a realização da revolução brasileira' (Satierf)
"Nossa ação em um cenário de revolução, ou até mesmo de greves, seria facilitada se nós tivéssemos o apoio dessa classe. No final, eles são tão vítimas quanto nós."

Por Satierf para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Em toda a história do Brasil, parece que os militares estão sempre opostos à esquerda ou ao progressismo. Entretanto, é de suma importância o apoio dos agentes de segurança pública (civis e militares) para a reconstrução revolucionária do movimento comunista no Brasil.

Em primeiro lugar, nós, comunistas, temos uma visão do militarismo como algo que nós devemos nos opor. Essa visão tem como parâmetro a experiência que a esquerda teve na Ditadura Cívico-Militar de 1964. Todavia, os comunistas brasileiros não podem se esquecer que, assim como no movimento operário ou agrário, não existe total uniformidade no pensamento ideológico da classe. Segundo dados das próprias Forças Armadas Brasileiras, nós temos 235 mil soldados na ativa e o corpo policial brasileiro tem em torno de 480 mil policiais (entre militares e civis). Esperar que todo agente de segurança pública tenha um pensamento facista e/ou de extrema-direita seria ignorar a materialidade.

Além disso, a maior parte do corpo de segurança pública brasileira é de pessoas com baixa patente. A própria estrutura militar faz com que haja um enorme sub-oficialato e um pequeno, e quase hereditário, alto escalão. A hierarquia militar lembra muito a estruturação das fábricas na primeira revolução industrial. Os militares, pelo menos a maioria, são trabalhadores comuns que vêm de famílias comuns e que são impedidos; ou dificultados; de subirem na estrutura por conta das suas origens. Não sendo o bastante, a polícia brasileira é a que mais mata e morre no mundo. Não só os civis sofrem com a guerra interna brasileira, mas os próprios agentes também.  Os militares e policiais precisam ser radicalizados a nosso favor. Eles também têm direito a uma vida justa e digna, assim como qualquer outro trabalhador.

A esquerda comunista precisa, inicialmente, retirar os estigmas do “fantasma comunista” que o Gabinete de Segurança Institucional (braço da CIA no Brasil) colocou nos agentes de segurança pública. Precisamos conversar com eles, explicá-los que eles também são oprimidos, organizar as reivindicações dessa classe ao nosso movimento e nos ajudar mutuamente. Na superfície ideológica, nós somos parecidos com eles. Então mostremos isso a eles. Queremos uma segurança pública eficaz e menos danosa, queremos uma segurança pública que seja baseada em prevenção e investigação e menos confrontos armados, queremos menos mortes de policiais (civis e militares), queremos a verdadeira soberania do nosso país em todos os aspectos; e eles também querem tudo isso.

Se ainda não convenci vocês, camaradas, lembremos que sem ajuda dos militares a Venezuela teria sido dominada pelos interesses da burguesia internacional. Foram os militares - especialmente os de baixa patente - que devolveram o poder ao Chávez quando ele foi preso. Ademais, nossa ação em um cenário de revolução, ou até mesmo de greves, seria facilitada se nós tivéssemos o apoio dessa classe. No final, eles são tão vítimas quanto nós.

Paz entre nós, guerra aos senhores! Venceremos!