'A disputa de eleições burguesas é uma tática válida?' (Lulis)
Caros camaradas, trago nessa tribuna um tema que vem me intrigando bastante sobre os diversos posicionamentos presentes no nosso partido, a nossa participação ou não nas eleições burguesas.
Por Lulis para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Caros camaradas, trago nessa tribuna um tema que vem me intrigando bastante sobre os diversos posicionamentos presentes no nosso partido, a nossa participação ou não nas eleições burguesas.
Camaradas, acho que esse é um tema que vem sendo subestimado em sua potencialidade de debate, estávamos acostumados com a lógica do PCB-CC de receber e tocar tarefas sem questionar politicamente que avanço essa tarefa traria para nossa linha ou se essa tarefa não acabaria apenas adoecendo camaradas sem um resultado político efetivo.
Falando da minha experiência como militante do Paraná, as Eleições burguesas de 2022 e também com a disputa do CONUNE não nos trouxeram resultados políticos e sim abaixaram nossa linha para “fazer caber” táticas socialdemocratas que tanto criticamos. Nosso resultado com o período eleitoral foi: diversos camaradas quebrados, desligamentos de quadros, e muitos ainda que não conseguem mais emprego no setor privado por conta da exposição pública, além de muitos recrutandes que nem se quer tiveram seu processo iniciado por conta de uma falta de profissionalismo na questão de recrutamento e/ou falta de militantes. Sobre o CONUNE nos foi orientado usar de táticas rebaixadas como coletar nomes a todo custo, essa e outras que tanto criticamos na majoritária. Núcleos/militantes que não quiseram tocar dessa forma ou que não tinham condições de disputar nos locais que estavam inserides foram tidos como indisciplinados pelos dirigentes regionais/nacionais.
Com essa breve contextualização quero trazer materialidade para a posição que apresentarei no restante do texto, trouxe o exemplo do CONUNE, mas focarei na questão eleitoral.
Camaradas a coisa principal que quero trazer aqui é que nossa estratégia é a Revolução, a superação do capitalismo e a instauração do comunismo, para isso formamos quadros, realizamos atividades de finanças, agitação, propaganda, reuniões, formações, o que quero dizer é que é para isso que estamos organizados em um Partido Comunista, se estamos aqui esse é o nosso objetivo. E, portanto, todas as nossas ações devem se caracterizar enquanto um enfrentamento revolucionário contra o Estado burguês, que é o responsável pela manutenção das relações de produção capitalistas.
Ou seja, qualquer tática que nos afaste desse objetivo, é uma tática errada. Uma tática que quebra nossos quadros, que abaixa nossa linha, é uma tática errada!
Mesmo que com o trabalho eleitoral conseguissemos eleger representantes socialistas no Congresso ou no governo, isso não nos traria avanços para a revolução. A ideia de que as formas políticas criadas, desenvolvidas por e para a burguesia, poderiam se tornar armas da classe trabalhadora contra a dominação burguesa é totalmente paradoxal.
“A burguesia assegura muito facilmente através dos órgãos executivos do Estado, seus agentes diretos, a maioria dentro dos órgãos eleitorais e seus mandatários ou os elementos que, para chegar lá, fazem seu jogo e caem sob sua influência, individual ou coletivamente. Além disso, a participação em tais instituições exige o empenho em respeitar as bases jurídicas e políticas da constituição burguesa. O valor de tal acordo é meramente formal, mas é suficiente para livrar a burguesia do leve embaraço de uma acusação de ilegalidade formal, quando recorrer logicamente aos seus reais meios de defesa, antes de permitir a entregar de seu poder e permitir que sua máquina burocrática e militar de dominação seja esmagada.” (Teses da Fração Comunista Abstencionista do Partido Socialista Italiano)
Não devemos nos iludir com a luta eleitoral camaradas, falar que ela traz mais visibilidade para nosso partido pode até ser de certa forma verdade, sei que vão pontuar nessa minha tribuna que nosso objetivo de estar nas eleições não é se eleger mas sim nos apresentar enquanto partido, mas eu defendo que devemos conquistar essa visibilidade com outras táticas, com agitação e propaganda verdadeiramente revolucionários, estando presente nos locais onde nossa classe está, realizando o devido trabalho de base e não chorando no twitter porque a Globo não chamou nosso candidato para o debate.
“Por causa da grande importância que a atividade eleitoral assume na prática não é possível conciliar esta atividade com a afirmação de que esse não é o meio de alcançar o objetivo principal da ação do partido: a conquista do poder. Também não é possível evitar que ela absorva toda sua atividade do movimento, desviando-o da preparação revolucionária.” (Teses da Fração Comunista Abstencionista do Partido Socialista Italiano)
Vamos cair na real camaradas, devemos desviar toda nossa ação para uma tarefa que não nos faz avançar no sentido revolucionário? Para mim a resposta é clara: Não!
Acredito na Reconstrução Revolucionária do Partido de Vanguarda da classe trabalhadora, devemos andar junto com as massas disputando para elevar suas consciências em direção à revolução.
Para finalizar essa tribuna, eu gostaria de diferenciar as disputas das eleições burguesas com as disputas de sindicatos que devem sim ser tarefa prioritária do nosso partido, visto que são órgãos de defesa dos interesses dos trabalhadores frente ao empresariado e ao Estado. Sim esses órgãos tem estado muito desmobilizados por isso devemos disputa-los, adentrá-los para por em prática nossa linhas, nos aproximando das bases dos setores estratégicos.