'A Construção do Partido das Quebradas!' (Leão do Deserto)

Nesse artigo abordaremos a respeito das condições e necessidades de construirmos um partido das quebradas no estado de Goiás. Mostraremos que o partido que estamos construindo pode unir as quebradas em torno de um projeto de poder.

'A Construção do Partido das Quebradas!' (Leão do Deserto)
Figura 1. Imagem real das casinhas sem muro de um bairro do município de Trindade, chamado Jardim Califórnia.

Por Leão do Deserto para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Nesse artigo abordaremos a respeito das condições e necessidades de construirmos um partido das quebradas no estado de Goiás. Mostraremos que o partido que estamos construindo pode unir as quebradas em torno de um projeto de poder. Espera-se que esta contribuição influencie os camaradas de todo o Brasil, e países afora, a pensar, tanto na estratégia, que no caso do PCB RR será construída e disputada no XVII congresso, quanto nas diversas táticas salutares para o enraizamento do partido nas periferias.

Quando falamos em construção do partido nas periferias, não referimos trazer aos bairros de baixa infraestrutura um pensamento, que, sem nós, o povo  jamais teria tamanha capacidade para formular. De outra forma também, não queremos dizer que o povo está fadado a assumir posicionamentos reacionários, e portanto, desconfiamos de sua autonomia em lutar, desejar, de querer por si mesmo. Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido explica  porque esse comportamento ocorre entre a classe média.

“Acontece, porém, que, ao passarem de explorado-
res ou de espectadores indiferentes ou de herdeiros da
exploração - o que é uma conivência com ela - ao
pólo dos explorados, quase sempre levam consigo, con-
dicionados pela "cultura do silêncio"•, tôda a marca
de sua origem. Seus preconceitos. Suas deformações,
entre estas, a desconfiança do povo. Desconfiança de
que o povo seja capaz de pensar certo. De querer. De
saber.”

Nós somos revolucionários! Crer que o povo é o agente indispensável à mudança revolucionária é o que nos faz sermos o que somos! Só o povo é capaz de se emancipar!

“Dizer-se comprometido com a libertação e não ser
capaz de comungar com o povo, a quem continua con-
siderando absolutamente ignorante, é um doloroso equí-
voco.

Aproximar-se dele, mas sentir, a cada passo, a cada
dúvida, a cada expressão sua, uma espécie de susto, e
pretender impor o seu status, é manter-se nostálgico
de sua origem.

Daí que esta passagem deva ter o sentido profundo
do renascer. Os que passam têm de assumir uma forma
nova de estar sendo; já não podem atuar como atuavam;
ja não podem permanecer como estavam sendo.”

Por outro lado, Mao Tsetung no Livro Vermelho destaca a nossa posição quanto às massas.

“Ao trabalharem nos movimentos de massas, os comunistas devem ser amigos das massas e não patrões situados acima delas, devem ser professores infatigáveis e nunca politiqueiros burocratas”.

Desta forma, Paulo Freire e o camarada Mao nos mostram o papel dos comunistas nas periferias, que é ajudá-la a construir suas formas de luta pelos seus direitos. É certo que cada periferia possui suas carências sociais. As comuns são as injustiças e o abandono do poder público. Dentre as injustiças, cada bairro possui as suas. Problemas envolvendo abandono de animais, falta de remédio no SUS, asfalto, asfalto de qualidade, saneamento básico, etc., são demandas para ontem!  Então não basta dizer que é “preciso lutar pelos seus direitos”. É fundamental dizer como. E a resposta não pode ser a de que o povo deve se submeter aos nossos desígnios. Para esse papel já tem um acervo bom de politiqueiros que saem de suas catacumbas no período das eleições para ganhar votos da população. Estes abjetos, por ter dinheiro, fazem esse papel melhor que nós. E que bom! Sinal que temos que descartar essa postura liberal para crescer nossa revolução.

Em algumas periferias, por exemplo o bairro Jardim Califórnia, periferia de um município circunvizinho de Goiânia, possuem muitos cachorros abandonados e doentes. Dá para conversar com escolas e igrejas, e a quem deseja participar e propor ideias, para construir um movimento autônomo em defesa dos animais. A partir disso, aponta-se que, segundo o IBGE, de 2008 até 2021, as famílias goianas gastam em média, com habitação, segundo, com transporte, terceiro, alimentação. Apesar da obviedade, é importante elencar que o abandono dos animais domésticos está diretamente ligado à questão da habitação,  transporte, que consomem a maior parte da renda familiar. Afora o desemprego, que cuja divulgação não aparece nos canais de televisão.

A questão do analfabetismo nas periferias. Em 2023, os nonos e terceiros anos receberam revistas que tinham como proposta uma formação para as provas SAEGO e SAEB. Devido a característica mercantil de controle de qualidade, na pressa de abordar por completo a revista até o final do mês, têm como consequência o abandono daqueles que possuem dificuldades gravíssimas envolvendo leitura, escrita, interpretação e o domínio das quatro operações matemáticas. Justamente por conta do cumprimento de uma demanda tão apertada. Em 2024 recebemos a informação que as outras séries receberão também. Então temos a chance de bater na porta das escolas e oferecer aulas de reforço voluntárias, com o intuito de aproximar do povo e construir raízes.

Podemos nos aproximar dos organizadores das batalhas de rap que acontecem em Goiânia e Trindade. Fazer falas, expor nossas ideias e chamar as pessoas envolvidas para a luta das futuras frentes da quebrada.

Camaradas, temos a faca e o queijo na mão! Temos um partido novinho para construir, em que, diferente do PCB-GO- CC, saudosistas de um bairro que ninguém da periferia teria condições de morar (Campinas) e alheios às demandas periféricas, podemos enraizar no seio da periferia! Não podemos perder essa oportunidade, se quisermos superar o PCB-CC!